Imprensa

Nove meses de cinco anos que
transformariam o Diário (37)

DANIEL LIMA - 30/06/2020

Chegamos à original 53ª edição da newsletter CapitalSocial, que ganhou novo formato nesta série inédita e também numeração diferente. Estamos nos estertores do período de nove meses à frente da redação do Diário do Grande ABC. O Planejamento Estratégico Editorial cumpria a missão de não só plantar, mas também de já recolher frutos de uma grande transformação interrompida. E cujos resultados ficam a critério dos leitores.  Leiam o que foi mais uma vez direcionado à diretoria, aos acionistas e aos colaboradores da Redação. E que somente agora está sendo levado ao público, porque é de interesse social.  

 Edição 53, segunda-feira, 11 de abril de 2005 

 DANIEL LIMA 

Pergunta: Quais foram, em função das mudanças, os principais temários que pontuaram o noticiário do jornal nos últimos oito meses? 

Resposta: A decisão de regionalizar de verdade o Diário do Grande ABC levou a equipe de Redação a se concentrar no manancial de temáticas locais. Isso significa que todas as editorias, como são chamados os departamentos em que se subdivide a Redação, passaram a dar absoluta prioridade aos valores econômicos e sociais mais próximos. Dessa forma, não faltaram oportunidades em que a equipe foi submetida ao que chamaria de prova de comprometimento com a regionalidade, porque uma megacidade de 2,5 milhões de habitantes reúne diversidade fascinante. 

É verdade, também, que a cobertura regional do Diário do Grande ABC tem, exatamente pela subdivisão territorial, um componente complicador. Não faltam exemplos de pauta em que é indispensável ouvir fontes de todos os municípios. Diferentemente, portanto, de uma Capital, por exemplo, onde se ouve apenas um secretário de Finanças, apenas um secretário de Saúde, e assim por diante. A fragmentação territorial do Grande ABC implica esforços múltiplos porque o integracionismo obriga a elasticidade de informações por municípios aparentemente deslocados da pauta original. 

Um exemplo desse expansionismo está na cobertura das novas unidades da Febem projetadas para São Bernardo e Diadema. O assunto é obrigatoriamente regional. É impossível informar qualificadamente o leitor se não houver vasculhamento factual e muitas vezes histórico no tratamento dispensado aos menores infratores na região, entre outros pontos relevantes. Os leigos em jornalismo provavelmente não imaginam o que essa especificidade do Diário do Grande ABC exige de empenho e determinação dos profissionais da empresa.  

Sem exagero algum, face os percalços econômicos dos anos 90, com reflexos diretos sobre o genoma social, o Grande ABC é o maior laboratório socioeconômico do Brasil. Já fundamentei essa convicção em diferentes locais, sempre com o espírito de repassar à audiência o testemunho de quem jamais se furtou a mensurar os acontecimentos que aqui se registraram em velocidade incompatível com o mínimo de capacidade assimilativa. Lamentavelmente, durante largo período desse verdadeiro turbilhão que estiolou a geografia regional, o Diário do Grande ABC não conseguiu capturar as múltiplas faces dos acontecimentos. Mas essa é uma outra história. 

Isso mesmo, uma outra história, mas tem tudo a ver com os conceitos do Planejamento Estratégico Editorial que preparei para o jornal. Foi por essas e outras que alçamos às manchetes de primeira página do jornal, com nossa equipe, de forma frequente, assuntos como Rodoanel, produção industrial das montadoras e de outros setores de relevância econômica na região, elevação da capacidade do Polo Petroquímico de Capuava, crise política em Mauá, sequência histórica do anúncio ao desfecho da morte de Luiz Tortorello, implacabilidade no acompanhamento das eleições municipais, descalabros da Febem, percalços dos administradores públicos locais em áreas vitais como enchentes e saúde, crise do sistema de segurança pública, Consórcio de Prefeitos e sua nova realidade, além de série de estudos que mediram desde a autoestima regional até novos hábitos de consumo dos moradores dos sete municípios.  

Anteriormente ao período da regionalidade explícita, o jornal tratava esses e outros assuntos sem a mesma impetuosidade doutrinária. Produziam-se irreversíveis vazios na sequência dos acontecimentos às vezes anunciados com estardalhaço. A flacidez de acompanhamento de alguma forma contribuía para o arrefecimento de soluções. A missão do jornal como mobilizador de decisões estará consumada na exata medida em que se portar como cão incansável farejador. Os consumidores de informação jornalística, principalmente em situação geocultural como a que vivemos, têm relação com o jornal semelhante à dos telespectadores com os folhetins novelescos: estão sempre na expectativa de que o desenlace dos acontecimentos seja detalhadamente esmiuçado. Abandonar o campo informativo sem que todos os pontos em questão sejam explicados gera frustração e quebra de confiança. 



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