Finalmente saiu o PIB dos Municípios Brasileiros de 2018. Os números anunciados ontem pelo IBGE apontam resultado positivo para o Grande ABC, que cresceu em termos reais, descontada a inflação, 2,85% em comparação ao resultado de 2017, quando avançou esquálidos 0,99%.
No ano anterior, em 2016, a região perdeu 4,06% da riqueza produzida no ano antecedente. Bem menos que os números de 2015, quando a queda chegou a 16,02%. Ou seja: o que estamos promovendo é uma recuperação parcial do descarrilamento do governo Dilma Rousseff.
São Bernardo lidera o ranking de crescimento real do PIB de 2018. A Doença Holandesa Automotiva prevaleceu mais uma vez. Aonde o setor automotivo vai, São Bernardo vai atrás. E carrega expressiva ou residualmente os demais municípios da região.
Mas não se pode afirmar que São Bernardo salva o PIB do Grande ABC quando os motores de veículos roncam. Há condicionalidades macroeconômicas e microrregionais. Tanto que São Caetano da General Motors não acompanhou nem mesmo o ritmo da inflação e perdeu em termos reais no PIB Geral quando se compara 2018 com 2017. Também Mauá fortemente influenciada por outra Doença Holandesa da região, o setor químico/petroquímico, acusou golpes e registrou perda elevada do PIB em 2018.
Economia sobrerrodas
O peso da indústria automotiva, que representa a maior fatia da riqueza produzida na região, foi decisivo. Mas o crescimento do PIB Regional de 2,85%, acima do 1,8% de avanço do PIB do Brasil em 2018, não é motivo a comemorações desmedidas ou mesmo comedidas.
Os números deste século são cada vez mais inquietantes, com perdas acumuladas e reposicionamentos negativos no ranking do Estado de São Paulo, sobremodo no G-22, grupo dos maiores municípios paulistas, exceto a capital.
Um respiro circunstancial e localizado não quer dizer muita coisa quando se vislumbram expectativas para a nova década que vai começar em janeiro. O Grande ABC contava com 4,52% de participação no PIB Nacional em 1970. Com os números de 2018, a fatia relativa não passa de 1,8%. Uma queda de 60,18% no período. O Grande ABC é cada vez menos importante economicamente para o País. Não será um avanço real do PIB num determinado ano, que não compensa perdas anteriores, que comportaria qualquer iniciativa triunfalista.
Crescimento e crescimento
Há duas fórmulas ao entendimento da situação econômica do Grande ABC quando se tem o PIB (Produto Interno Bruto) como referencial.
A primeira dá conta do crescimento ou da queda percentual em relação ao ano imediatamente anterior ou, principalmente, em série alongada. A segunda é confrontar a participação relativa no bolo nacional.
Pode ocorrer, como já ocorreu, de o Grande ABC apontar crescimento percentual do PIB, mas no confronto nacional sofrer revés. Tudo porque o País como um todo avançou relativamente mais. Em 2018 deu-se o contrário: o PIB do Grande ABC ganhou a corrida de crescimento ante o PIB Nacional: 2,85% a 1,80%.
Também na participação relativa, o Grande ABC apontou número positivo na temporada de 2018. O PIB de 2017, anunciado em dezembro do ano passado (há estrutural defasagem técnico-apurativa de dois anos) registrou participação relativa no País de 1,69%. Foram R$ 118.614.452 bilhões para um total nacional de R$ 7.004.000 trilhões. O PIB Nacional sofreu revisão em relação ao anúncio do IBGE no início de 2019. Em setembro, com a correção, o crescimento de 1,1% em relação a 2017 passou para 1,8%.
Oscilação automotiva
O que determina mesmo as oscilações do comportamento do PIB dos Municípios do Grande ABC, com maior influência de São Bernardo e Diadema, é a produção automotiva. Isso significa que quando se toma o pulso da economia do Grande ABC é indispensável verificar qual foi o comportamento da indústria automotiva no País. Por menor que seja a fatia do Grande ABC no setor (calcula-se que não passaria de 18% de tudo que é produzido no País) há sempre uma influência local expressiva. Tudo porque internamente a indústria automotiva representaria mais da metade do PIB Industrial, com influência incisiva no PIB Geral.
A máquina automotiva faz girar a economia do Grande ABC em outras áreas. Uma debandada da Ford, como se deu no ano passado, afeta o conjunto dos indicadores econômicos e sociais.
Ou seja: quando surge nas planilhas a constatação de que o PIB Industrial do Grande ABC reagiu em relação à temporada imediatamente anterior, o melhor a fazer é acautelar-se porque a armadilha da Doença Holandesa pode estar presente. Como está na temporada de 2018, expressa no PIB Geral de crescimento. PIB Geral é o conjunto de atividades de um Município. Além do PIB Industrial, incorpora as atividades de serviços públicos e privados, agropecuária, mercado imobiliário, comercio e outros.
Em 2018, segundo dados da Anfavea (Clube das Montadoras de Veículos) o total de licenciamento de veículos registrou 2,56 milhões de unidades, com aumento de 14,6% frente às 2,24 milhões de unidades vendidas em 2017. Em todo 2018 foram comercializados 2,47 milhões de veículos leves, aumento de 13,8% sobre 2017. Foram 2,09 milhões de automóveis (subida de 13,1% em relação a 2017) e 375 mil comerciais leves (acréscimo de 17,5%). A Anfavea registrou em 2018 o total de 2,89 milhões de unidades produzidas, 6,7% superior às 2,69 milhões de unidades do ano anterior.
Os resultados do PIB Geral do Grande ABC (e dos sete municípios locais) foram metabolizados porque levaram a inflação de 3,75% de 2018 em consideração. O resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é essencial à calibragem de dados.
Para chegar à constatação de crescimento de 2,85% do PIB Geral do Grande ABC em 2018 em relação a 2017, levou-se em conta a inflação do período de 12 meses. O PIB Geral do Grande ABC de 2017 registrou R$ 118.614.542 bilhões. A atualização do valor a dezembro de 2018 eleva o PIB de 2017 para R$ 123.062.587 bilhões. O PIB Geral de 2018 anunciado ontem pelo IBGE é de R$ 126.573.330 bilhões. Feitas as contas, dá-se o crescimento real de 2,85%. Qualquer iniciativa estatística que desconsidere a inflação do período não passaria de manobra equivocada.
São Bernardo cresce mais
Vejam o comportamento dos sete municípios do Grande ABC no PIB Geral de 2018:
Santo André registrou em 2017 PIB Geral de R$ 27.470.680 bilhões, ante R$ 28.994.686 bilhões no ano seguinte. Crescimento nominal de 5,54% -- acima da inflação do período.
São Bernardo registrou em 2017 PIB Geral de R$ 44.680.389 bilhões, ante R$ 50.568.693 em 2018. Crescimento nominal de 13,18% -- acima da inflação do período.
São Caetano registrou em 2017 PIB Geral de R$ 13.106.958 bilhões, ante R$ 13.440.728 de 2017. Crescimento nominal de 2,54% -- levemente abaixo da inflação do período.
Diadema registrou em 2017 PIB Geral de R$ 13.412.702 bilhões, ante R$ 14.671.971 bilhões em 2018. Crescimento nominal de 9,39% -- razoavelmente acima da inflação do período.
Mauá registrou em 2017 PIB Geral de R$ 16.286.408 bilhões, ante R$ 15.287.483 bilhões em 2018. Queda nominal de 6,53% -- bastante acima da inflação.
Ribeirão Pires registrou em 2017 PIB Geral de R$ 3.046.465 bilhões, ante R$ 3.042.930 bilhões em 2018. Houve queda nominal inexpressiva no período.
Rio Grande da Serra registrou em 2017 PIB Geral de R$ 610.937 milhões, ante R$ 566.839 milhões em 2018. Queda nominal de 7,77% no período.
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