Vamos enviar ainda hoje as perguntas (que se seguem logo abaixo) à advogada Gabriela Souza. Ela representa as denunciantes do Caso Saul Klein, escândalo que desde dezembro está na mídia. Saul Klein foi acusado pelo Ministério Público Estadual, especificamente pela promotora criminal Gabriela Manssur, de estupros e violência contra inicialmente 14 mulheres. Em seguida, semelhante número de mulheres saíram em defesa do chamado namorador de Alphaville, agora já no âmbito da Delegacia de Polícia da Mulher, em Barueri.
Gabriela Souza é militante da causa feminina. CapitalSocial não poderia deixar de ouvir uma mulher que é preferida da mídia paulistana quando se trata de reforçar os ataques a Saul Klein. O advogado André Boiani, que defende o empresário, é esquecido, quando não supostamente ouvido.
A unilateralidade da mídia não é novidade num País dividido. Nesse caso, a divisão é a multiplicação de baterias contra um homem branco e rico. E que teve o pai, Samuel Klein, exumado publicamente após morrer há sete anos. Tudo está no mesmo enquadramento feroz de destruição de reputação a qualquer custo. São assassinatos sociais deliberados.
Sete dias de prazo
As perguntas que se seguem têm o prazo de sete dias às respostas. Nos contatos iniciais, Gabriela Souza não pareceu disposta a assentir à entrevista. Como anunciou previamente a entrevista às listas de leitores que constam de um aplicativo de celular, CapitalSocial decidiu manter a proposta. Caberá a Gabriela Souza responder ou não. O livre arbítrio é dela. Tanto quanto a liberdade de expressão de CapitalSocial noticiar, eventualmente na próxima semana, o que não foi respondido.
Por essa razão decidimos (e não é a primeira vez que isso ocorre na história editorial de CapitalSocial) revelar as questões formuladas. Reconhecemos que não são perguntas confortáveis. Nem devem ser. O endereço de perguntas confortáveis no Caso Saul Klein ou de qualquer outro temário são as publicações que compraram uma denúncia que até agora não ofereceu consistência material à Polícia e ao Judiciário.
Quem entende um mínimo de materialidade de provas sabe que um vídeo em que Saul Klein aparece dançando com uma das supostas denunciantes não serve a outra coisa senão à confirmação da fama de namorador de Alphaville.
Transparência
Juntamente com as questões a serem enviadas a Gabriela Souza segue espécie de micromanual sobre a melhor maneira de atender a quesitos editoriais com ampla liberdade de declarações. Entre os pontos abordados está a produção de um título absolutamente fiel às respostas e uma abertura de matéria sem juízo de valor.
CapitalSocial assumiu desde o início posição de garantismo, por assim dizer, na avaliação do Caso Saul Klein. Isso significa que, como em outras situações editoriais, posiciona-se com dúvidas sobre a veracidade das narrativas condenatórias – até que tanto o Judiciário como a Polícia Civil ofereçam respostas nesse sentido.
Lamentavelmente, não é isso que se prática na mídia em geral, especialmente no portal UOL. CapitalSocial assume posição com o respaldo de autoridades legais. Gabriela Souza é uma das lideranças que atuam à execração pública de Saul Klein. Mas não apresenta nada que lhe dê respaldo jurídico. Seguem as perguntas:
CAPITALSOCIAL – A senhora parece encontrar dificuldades num ponto visceral na empreitada que pretende criminalizar o senhor Saul Klein. É incômodo o fato de a principal agente das acusações do Ministério Público Estadual integrar quadrilha que extorquia o denunciado? Trata-se da ex-namorada e desafeta de Saul Klein, Ana Paula Banana. A senhora entende que ela é descartável à acusação, já que jamais a mencionou? É possível acreditar que Ana Banana não esteja entre suas representadas? Seria ela um estorvo à narrativa de estupro?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – Há documentos (audiovisual) que colocam Ana Paula Banana, a principal informante e acusadora do caso Saul Klein, na condição de organizadora do grupo de mulheres contratadas pela empresária de entretenimento sexual (em linguagem popular, cafetina) Marta Gomes da Silva para atuar nas residências do denunciado. Numa das provas, Ana Paula afirma categoricamente que conta com mais de 50 mulheres -- segundo expressão dela -- para trabalhos na área. Há informações suplementares de que essa lista foi utilizada à exaustão por Ana Banana no chamamento denunciatório contra Saul Klein. A senhora sabe quantas das supostas violentadas por Saul Klein constavam da lista de Ana Paula Banana?
Gabriela Souza --
CAPITALSOCIAL – Temos informações de que a promotora criminal Gabriela Manssur está lhe dando assessoria informal para obter resultados incriminatórios contra o senhor Saul Klein. Gabriela Manssur, como a senhora sabe, conduziu os trabalhos iniciais do Ministério Público Estadual e conta com ação específica de apoio a mulheres violentadas. Ana Banana foi a âncora das acusações formuladas por Gabriela Manssur e, também, âncora escondida da reportagem do Fantástico em dezembro do ano passado. Quais são os próximos passos que terá em companhia de Gabriela Manssur?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – A senhora apresentou ao Judiciário uma informação em forma de denúncia de que teria partido de Saul Klein uma tentativa de cooptar mulheres que constam da lista de denunciantes, em Barueri. Tudo teria sido por meio de telefonema. O portal UOL deu ampla matéria sobre o assunto, reproduzindo o telefonema supostamente a mando de Saul Klein. Sabe-se que o juiz do Caso Saul Klein sugeriu que a denúncia fosse levada à Delegacia de Polícia da Mulher em Barueri. Há informações de que a senhora não deu sequência porque poderia se chegar à origem do que é visto como delito processual. Ou seja: o grupo que acusa Saul Klein estaria por trás da iniciativa. Qual sua posição a respeito?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – Várias das denunciantes sob sua guarda jurídica teriam repensado participação no Caso Saul Klein e, individualmente, teriam se mostrado preocupadas com os desdobramentos jurídicos. O temor delas é que teriam sido enganadas por terceiros – sobretudo Ana Banana – e viessem ao fim da disputa judicial passar à condição de denunciação caluniosa. Como lidou com o problema?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL -- A senhora escreveu recentemente algo que segue o seguinte conceito: filho de peixe, peixinho é, ao se referir às denúncias póstumas que atingiram a memória do empresário Samuel Klein, morto há sete anos, e o caso do filho Saul Klein, do qual a senhora é protagonista nas acusações. Há base cientifica nas declarações da senhora, ao avocar o vetor intergeracional para transportar um comportamento ao outro, ou o que se pretende mesmo é o efeito-contaminação, para gerar suposta credibilidade a uma denúncia do MP que não teria encontrado respaldo policial e tampouco judicial? Se a senhora for uma profissional medíocre seria previsível que no futuro eventual herdeiro consanguíneo e profissional seja visto também assim?
Gabriela Souza --
CAPITALSOCIAL – A senhora é considerada peça-chave na ampla reportagem da Agência Pública sobre a vida de Samuel Klein, pai de Saul Klein, e que teria se empenhado tanto porque entenderia que o vínculo supostamente hereditário entre eles seria uma medida que daria robustez ao inquérito policial em Barueri. Qual sua participação naquele trabalho de denúncia necrológica?
Gabriela Souza --
CAPITALSOCIAL – Qual é a avaliação que a senhora faz do conflito de declarações envolvendo grupos de mulheres que dizem ser Saul Klein um violentador e violador enquanto o outro afirma que se trata de um cavalheiro, preocupado inclusive com o bem-estar social e cultural delas?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – A senhora tinha pleno conhecimento dos fatos antecedentes às denúncias de Ana Paula Banana ao Ministério Público Estadual? O que quero dizer é o seguinte: o desempenho funcional de Ana Banana como representante de uma cafetina disfarçada de empresária nos interiores das casas de Saul Klein, contratada pela mesma cafetina, eram de seu conhecimento?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – Há dualidade desafiadora sempre que se coloca na mesa de discussões questões de supostos abusos de ordem sexual de origem no passado remoto ou mesmo recente. Argumenta-se por um lado que as mulheres são vítimas e por outro que usufruíram de situações que as favoreceram e só decidiram tornar abusos porque as circunstâncias as beneficiaram, quer por ordem moral, quer por motivação financeira. A senhora consegue distinguir uma coisa da outra no Caso Saul Klein? Ou seja: as mulheres denunciantes foram vítimas mesmo? Até que ponto as mulheres que se apresentaram favoráveis a Saul Klein são diferentes das mulheres denunciantes? Teríamos um caso de bipolaridade sexual do denunciado ou há mesmo uma bipolaridade de conveniências?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – Qual é a recomendação que a senhora transmite às mulheres em caso de violência sexual comprovada? Qual é o conceito da senhora sobre violência sexual comprovada? Provas materiais são indispensáveis?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – O portal UOL editou no último domingo uma matéria em que Saul Klein aparece dançando com uma das supostas denunciantes. A senhora vê nesse tipo de flagrante algo criminalizável?
Gabriela Souza --
CAPITALSOCIAL – Independentemente de juízo de valor sobre a vida sexual de Samuel Klein, na versão da Agência Pública e uma rede de publicações virtuais e impressas, a senhora entende que o compartilhamento de piscina com jovens mulheres, numa festa de aniversário no Guarujá, compõe o tabuleiro de sustentação denunciatória daquela reportagem? E mesmo fotos de Samuel Klein com mulheres, em ambientes públicos, convertem-se em lastros probatórios?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – A pergunta pode parecer fora do eixo principal de que tratamos, o Caso Saul Klein, mas é colocada justamente para saber se a senhora tem alguma prova material recolhida de suas representadas que dê alguma sustentação real às denúncias?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – Os dois médicos que atenderam por vários anos as mulheres das casas de Saul Klein declararam à Polícia que jamais houve qualquer ocorrência que relacionasse o comportamento do anfitrião àquilo que as denunciantes disseram ao Ministério Público. Ou seja: diferentemente do que foi relatado, os médicos declararam que havia um feixe de cuidados com a saúde das mulheres e que sempre atuaram inclusive para minimizar os problemas que muitas apresentavam antes de participarem do encontro em Barueri e Boituva. Os médicos estão mentindo?
Gabriela Souza --
CAPITALSOCIAL – A senhora tem feito trabalho intenso para levar o Caso Saul Klein às mais diferentes instâncias sociais, não somente à mídia. Está evidente que a senhora pretende criar um ecossistema integrado por personalidades de diversas áreas que acreditam na versão unilateral da mídia paulistana. Como avalia os resultados até agora?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – Convocou-se uma manifestação diante do prédio da Casas Bahia como forma de suporte à matéria da Agência Pública no caso Samuel Klein. A repercussão foi pífia. Tanto na mídia como, principalmente, entre o público supostamente indignado. Havia literalmente uma meia dúzia de militantes em causas femininas. A senhora ficou decepcionada?
Gabriela Souza –
CAPITALSOCIAL – Ainda sobre o Caso Samuel Klein: é legitima, inviolável, respeitosa, a questão ética de denunciar alguém que não poderia se defender, contando-se também que nenhuma decisão judicial o considerou em algum momento violador de padrões legais nas relações com mulheres? Esse revisionismo pós-morte seria um novo padrão de conduta das feministas?
Gabriela Souza --
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