O prefeito Paulinho Serra vai receber nos próximos dias série de perguntas de uma Entrevista Especial que CapitalSocial está preparando para mostrar vários vetores da gestão municipal e regional daquele que dirige tanto a Prefeitura de Santo André como o Clube dos Prefeitos.
Reeleito prefeito com 48% dos votos disponíveis e temporariamente à frente da instituição regional, Paulinho Serra conta com entorno político, midiático e social que pretende torná-lo líder regional. Esse é o mote que mantém CapitalSocial no jogo crítico e analítico de sempre. Quem sai na chuva da notoriedade forçada corre o risco de se molhar de compulsoriedades.
Vamos preparar no fim de semana uma bateria de questionamentos mais que providenciais para que, sempre embalado pelo entorno, desvendem-se as qualificações e as incorreções da gestão de Paulinho Serra antes mesmo de assumir a Prefeitura de Santo André.
Afinal, o antes decorre de ter ocupado secretaria municipal durante a Administração petista de Carlos Grana. Foi um percurso preparatório ao lançamento vitorioso da campanha à Prefeitura em 2016, repetido no ano passado.
Liderança custa caro
Um dos ônus que pesam sobre Paulinho Serra, segundo avaliações inclusive de assessores próximos, é que ele se deixou encantar com os números da vitória do ano passado. Transforma-os em carro-chefe de suposta infalibilidade. Paulinho Serra confunde urnas com gestão. E também as vantagens implícitas dos incumbentes nas eleições de 2020 por causa da pandemia do Coronavírus. Quase 70% foram reeleitos.
Para antecipar o tom com que CapitalSocial pretende inquerir o titular do Executivo de Santo André, diferenciando-se de parcela do jornalismo regional incrementador de vaidades públicas em detrimento do futuro que sempre chega, eis uma questão que será apresentada a Paulinho Serra. É uma espécie de degustação aos leitores. Aliás, os leitores que, num aplicativo de celular, cobraram desta publicação exatamente o que estamos preparando, ou seja, uma entrevista com o escolhido para liderar a região. Vejam a pergunta:
CapitalSocial – Como o senhor avalia a disputa pela Central de Convênios da Fundação do ABC, território onde seu grupo pretende controle total e em desacordo com o estatuto daquela instituição, que reserva à presidência a definição de ocupantes de cargos de diretoria? Todos sabem que a Central de Convênios é o mapa da mina dos recursos financeiros da Fundação do ABC. Foi exatamente sob a gestão de um dirigente indicado pela Prefeitura de Santo André, durante sua gestão, que se deram escândalos de compras de produtos e serviços durante a pandemia sem fim do vírus (geograficamente) chinês.
Crateras gerenciais
A produção de Entrevista Especial como extensão da prática mais comum no jornalismo destes tempos, de preenchimento de egos e objetivos nem sempre republicanos, está fora do escopo de CapitalSocial. Sobretudo quando envolve lideranças políticas com o perfil de Paulinho Serra – ambicioso, pouco transparente, escravo do marketing e adepto do jornalismo de relações públicas. Um Paulinho Serra, portanto, pouco diferente da grande maioria dos homens públicos.
Há 50 meses na gestão da Prefeitura de Santo André, o diagnóstico de CapitalSocial à atuação de Paulinho Serra é contundente: está longe, como todos os antecessores, de representar uma porção significativa ao preenchimento de crateras de políticas públicas, sobremodo no principal quesito: capacidade de iniciar uma reação que congele o processo de empobrecimento econômico e promova com especialistas uma ampla reformulação do planejamento da cidade do futuro. A Santo André de 2020, projetada por Celso Daniel no fim dos anos 1990, praticamente desapareceu da agenda municipal desde o assassinato daquele que seria um dos cinco dirigentes de ouro do governo federal sob a chefia de Lula da Silva.
Antagonismo republicano
Mais que uma série de questões que serão preparadas e endereçada ao prefeito Paulinho Serra, a ação de CapitalSocial será um conjunto de interrogações sinérgicas que demandam respostas igualmente entrecruzadas. Isso significa que o objetivo da Entrevista Especial não é acreditar que perguntas dispersas tematicamente e sem entranhamento mútuo serão suficientes para atender à demanda da sociedade. O que será remetido a Paulinho Serra em forma de questionamentos é um mapa de obrigatoriedades que todos os gestores públicos assumem a partir da tomada de posse do cargo ao qual foi eleito.
A recusa em atender à Entrevista Especial está no horizonte de CapitalSocial porque há no Grande ABC uma preocupação dos políticos em geral em afastarem-se da mídia independente. Isso quer dizer que questões que exigem grau de conteúdo dos respondentes são vistas como a expressão de antagonismo no sentido mais provinciano do termo. O antagonismo de CapitalSocial é transparente e exigente, porque é exatamente isso que os leitores sem rabo preso com a Administração Municipal esperam do jornalismo.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)