Economia

Vírus tira mais de R$ 5 bi da
economia da região em 2020

DANIEL LIMA - 30/06/2021

Os números não são definitivos, porque o PIB (Produto Interno Bruto) que vai demorar para aparecer é mais que a soma do Valor Adicionado e de Receita Tributária Própria dos municípios agora revelada. Entretanto, a vereda na floresta que vai decifrar o comportamento da economia do Grande ABC em 2020, no primeiro ano da pandemia do Coronavírus, está aberta: perdemos mais de R$ 5 bilhões: exatamente R$ 5.070.593 bilhões quando se comparam os resultados do ano passado com o ano anterior.

Um prejuízo que representa a metade dos números de Diadema e um pouco abaixo disso de Santo André. Uma queda de 5,60% ante o ano anterior nos valores reais do Valor Adicionado e de Receita Tributária Própria.

A grande questão é saber que, quando aparecer oficialmente o comportamento do PIB do Grande ABC no radar do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) teremos uma queda semelhante a apontada pelo Valor Adicionado e a Receita Tributária Própria ou haverá variação mais elevada ou menos elevada. A tendência é que de incremento negativo.

Sobrerrodas pesa

O Grande ABC sobrerrodas sempre sofre mais em relação à média nacional quando o setor automotivo vai mal das pernas. E no ano passado o setor foi abalroado pelo errático girar da economia a cada nova medida de distanciamento social para enfrentar a Pandemia.

A indústria automotivas perdeu 31,6% de produção no ano passado em relação a 2019. Foram 2,01 milhões de veículos montados, o mais baixo desempenho em 17 anos. Os números englobam carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.  Embora predominante na economia regional, a indústria automotiva do Grande ABC não passa de 10% do total nacional. A mais baixa participação relativa na história.

Os números do Valor Adicionado e de Receita Tributária Própria de que os leitores disporão nesta edição estão no portal da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Foram colocados à avaliação geral esta semana. É sempre assim a cada temporada.

PIB Provisório

Essa espécie de prévia do PIB Geral dos Municípios só poderá ser confrontada com o PIB Geral para valer em dezembro do ano que vem, quando o IBGE oficializar os dados. São dois anos de defasagem à divulgação do indicador. O PIB Nacional é anunciado com mais agilidade. Os resultados do primeiro trimestre desta temporada já são conhecidos.

A queda do PIB Provisório do Grande ABC no ano passado (vamos tratar assim o Valor Adicionado somado à Receita Tributária Própria) teria sido quase imperceptível se não houvesse o que muita gente esquece ou finge esquecer quando se trata de avaliar a economia regional.

O fator inflacionário muitas vezes é desprezado para amenizar as perdas constantes e já históricas. E de vez em quando também é jogado às traças em manchetes ufanistas que supostamente assegurariam crescimento econômico.   Na temporada passada, o PIB Provisório Geral do Grande ABC registrou R$ 110.688.810 bilhões. No ano anterior, em 2019, foram R$ 112.181.278 bilhões. A diferença ínfima aumenta com a aplicação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE, que chegou a 4,52% em 2020. Atualizando-se os valores de 2019, chega-se a R$ 117.251.871 bilhões. A diferença de R$ 4.224.989 bilhões entre o projetado inflacionariamente e o registrado monetariamente significou queda de 5,60%.

VA pesa mais

Como o Valor Adicionado é a maior parcela do PIB Provisório Geral dos Municípios do Grande ABC, é claro que o peso da quebra do dinamismo econômico em forma de produção de riqueza influenciou de forma mais negativa o resultado final. O Valor Adicionado da região chegou a R$ 82.145.830 bilhões no ano passado. Deveria ser R$ 86.370.819 bilhões se repetisse a temporada de 2019 acrescida da atualização da moeda. Em 2019 o Valor Adicionado registrou R$ 82.635.686 bilhões.

Já a Receita Tributária Própria do PIB Provisório do Grande ABC sofreu queda maior na temporada passada em relação ao Valor Adicionado. Foram 7,57% de recursos a menos às prefeituras. Para que não houvesse perda, a RTP deveria ser de R$ 30.881.105 bilhões no ano passado. Maior portanto que os R$ 28.542.980 bilhões oficiais. A Receita Tributária Própria dos sete municípios da região no ano passado foi inferior à do ano anterior, que registrou R$ 29.545.592 bilhões.

A diferença entre Valor Adicionado e Receita Tributária Própria é que o primeiro indicador tem relação direta com o dinamismo econômico, porque abarcada fundamentalmente a diferença monetária entre matéria-prima e produto acabado. Já no caso de RTP, trata-se do chamado PIB Público. O DNA do PIB Público tanto se relaciona com a geração suplementar de riqueza na forma de relações comerciais, como também a gulodice tributária em forma de impostos como o IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana).

Numa próxima edição vamos avaliar mais dados da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

 



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