A coleção de indicadores originais ou atualizados do desastre econômico do Grande ABC neste século, como se as duas últimas décadas do século passado não fossem suficientes, está marcada também no comportamento do PIB do Consumo.
Os novos dados da Consultoria IPC reforçam a derrocada regional que parece não ter fim entre outras razões porque não há lideranças com olhem o território como deve ser olhado – a multiplicação de sinergias ao invés da divisão de poderes municipalistas.
Quando este século começou, o Grande ABC como um todo (ou seja, os sete municípios tratados como megacidade) ocupava a quarta posição no PIB do Consumo do G-16. Explica-se: o G-22 (com sete representantes da região e os 15 principais municípios do Estado, exceto a Capital) vira G-16 quando se elimina o G-7 regional e se acrescenta o Grande ABC propriamente dito ao G-15.
MUITAS ULTRAPASSAGENS
Quando o século começou, a soma dos sete municípios da região ocupava o quarto lugar no PIB do Consumo por habitante. Já nesta temporada de 2022, que expressa os dados consolidados do ano passado, o Grande ABC ocupa a décima-primeira posição.
Trocando em miúdos: no começo do século havia 11 municípios atrás da megacidade do Grande ABC no ranking do PIB do Consumo, enquanto neste 2022 o Grande ABC só supera cinco concorrentes.
O Grande ABC estava atrás apenas de Santos, Ribeirão Preto e Campinas no ano de 1999, e ao longo deste século, a partir de 2000, caiu pelas tabelas. Foi ultrapassado por Piracicaba, São José do Rio Preto, Jundiaí, Paulínia, Taubaté, São José dos Campos e Sorocaba.
As próximas temporadas deverão provocar mais estragos porque o carro-chefe da região, a indústria automotiva, deverá viver grandes transformações além das já anunciadas no campo da tecnologia.
O tabuleiro de localização da indústria de suprimentos eletrônicos vai se reconfigurar por conta de vetores geopolíticos.
A guerra na Ucrânia e a pandemia do Coronavírus deram um cavalo de pau no conceito de globalização. Agora a ordem ocidental é desglobalização, ou regionalização continental.
JOGO ALTERADO
As duas tabelas abaixo vão dar detalhes de mais um capítulo estatístico do quanto o Grande ABC perde terreno.
A situação é mais grave do que sugeriria o mais aflito dos regionalistas.
A queda gradativa e inexorável revela um dos pontos mais preocupantes do Desenvolvimento Econômico Regional.
Perder participação no PIB Tradicional (geração de riqueza em produtos e serviços) já é indicador extraordinariamente inquietante. Quando se soma a isso, até mesmo como consequência, a queda do PIB do Consumo, que é riqueza acumulada ao longo dos tempos, o alarme é muito mais atordoante.
Os resultados refletem claramente um dos fenômenos gerados pela desindustrialização negada até recentemente e que ainda encontra aqui e acolá algum acadêmico que vive no mundo da lua: a quebra da mobilidade social. Há cada vez menos ricos, menos classe média, mais pobres e a precária Classe C na região.
O inchaço populacional do Grande ABC, com quase um milhão de moradores em relação ao último ano do século passado, torna os números do PIB do Consumo per capita ainda mais desastrosos.
A demografia em alta e a economia em baixo formam uma dupla infernal em diversos indicadores. Os investimentos públicos, por exemplo, afrouxam o ritmo.
Sem contar que de maneira geral prefeituras intensificam o aperto arrecadatório da carga tributária própria para tentar contornar perdas fiscais geradas pela indústria, comércio e serviços.
Veja o ranking per capita do PIB do Consumo do G-16 em 2022:
1. Santos – R$ 44.090,12.
2. Ribeirão Preto – R$ 41.094,61
3. Campinas – R$ 40.301,72.
4. Piracicaba – R$ 39.291,15.
5. São José do Rio Preto – R$ 38.603,87.
6. Jundiaí – R$ 37.676,28.
7. Paulínia – R$ 36.686,01.
8. Taubaté – R$ 35.802,76.
9. São José dos Campos – R$ 35.713,44.
10. Sorocaba – R$ 35.585,02.
11. GRANDE ABC – r$ 34.799,78.
12. Sumaré – R$ 32.918,73.
13. Osasco – R$ 31.847,55.
14. Barueri – R$ 31.748,00.
15. Mogi das Cruzes – R$ 31.295,36.
16. Guarulhos – 26.318,26.
Veja o ranking do PIB do Consumo de 1999:
1. Santos – R$ 7.766,25.
2. Campinas – R$ 6.97663.
3. Ribeirão Preto – R$ 6.402,21.
4. GRANDE ABC – r$ 5.936,91
5. Jundiaí – R$ 5.873,33.
6. São José do Rio Preto – R$ 5.835,79.
7. São José dos Campos – R$ 5.638,62.
8. Piracicaba – R$ 5.631,32.
9. Sorocaba – R$ 5.576,55.
10. Osasco – R$ 5.379,70.
11. Paulínia – R$ 5.123,83
12. Barueri – R$ 5.083,49.
13. Taubaté – R$ 5.038,09.
14. Guarulhos – R$ 4.991,43.
15. Mogi das Cruzes – R$ 4.634,79.
16. Sumaré – R$ 4.195,18.
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