Faz alguns meses que me encontrei pela última vez com o prefeito Paulinho Serra. Avoquei Tim Maia como testemunho de um compromisso que jamais deixei de praticar: “me dê motivos” para falar bem de você. Paulinho Serra prefere brincar de jogo de futebol de botão eleitoral na Praça do Carmo a comandar o Clube dos Prefeitos e a Prefeitura de Santo André.
Políticas varejistas de Paulinho Serra não vão deixar nada para o futuro. Falar bem de Paulinho Serra é um atestado de óbito jornalístico.
O flagrante de Paulinho Serra na Praça do Carmo está estampado na primeira página do Diário do Grande ABC de hoje.
Embora pareça o personagem principal da foto, de fato quem está subliminarmente como protagonista é dona Carolina, mulher de Paulinho, candidata a deputada estadual.
Ou seja: o crime de lesa-sensibilidade é cumulativo, desumanamente cumulativo.
CAROLINA É CHAVE
Há em torno de Carolina Serra marketing para consagrá-la em outubro próximo. Querem-na como símbolo da recuperação política de Santo André, imensidão de mais de 500 mil eleitores sem representante na Assembleia Legislativa –e também na Câmara Federal.
Um exército de candidatos proforma que não passam de inocentes úteis ou malandros carreiristas domina o mercado de votos em Santo André -- e também em coalizões municipais -- para levar Carolina além da janela de expectativas vitoriosas, mas muito mais.
Pretende-se, mesmo, alçá-la como vencedora do pleito aparentemente menos problemático nesta temporada (vou explicar esse ponto em outra análise), mas também à frente de uma inimiga dissimulada, Carla Morando, mulher do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, já deputada e concorrente à reeleição.
APÓS A MORTE
Paulinho Serra e Orlando Morando se amam tanto que se morrerem no mesmo dia não faltarão asseclas a pressionar a mídia para separar uma coisa da outra, ou seja, o desempenho político de um e de outro. A suposta dupla morte os manteria à distância de qualquer equiparação. Até seriam sepultados em horários diferentes.
Para quem ainda não entendeu o que tudo isso significa: a batalha que se trava para ver quem terá mais votos é levada a ferro e fogo pelo prefeito Paulinho Serra. Orlando Morando parece desprezar essa contenda.
Anunciei em alguns canais de redes sociais, notadamente do aplicativo WhatsApp, que publicaria hoje num contexto do jogo de futebol de botão eleitoral ordinariamente insensível o placar do PIB Industrial do Grande ABC neste século.
Pegaria carona, com novo voo panorâmico, no voo rasante e setorial do Dossiê/Fiesp, que analisei semana passada nesta revista digital. Mudei de encaminhamento.
MUDANÇA DE PAUTA
Deixo para a edição de amanhã os detalhes desse novo estudo que realizo sobre o PIB Industrial, retroalimentando histórico de mais de 32 anos desta publicação, antes LivreMercado. Só antecipo um dado aterrorizador: perdemos participação de 66% no PIB Industrial do Estado de São Paulo em 20 anos. Somos dois terços menos importantes no Estado. Desindustrialização crua e nua, ou nua e crua.
Mudei a pauta do dia porque não posso fazer passagem burocrática pelo futebol de botão eleitoral do prefeito Paulinho Serra, destacado na primeira página do Diário do Grande ABC.
BOLSONARO E LULA
É preciso dizer mais. Paulinho Serra age equivalentemente à imperícia sensorial do presidente da República ao desprezar os riscos do Coronavírus. E não fica a dever nada à cara de pau de Lula da Silva ao se autodeclarar a alma mais honesta deste País -- como se a Operação Lava Jato fosse estupidez imaginativa dos maledicentes.
Paulinho Serra jogador de futebol de botão eleitoral tendo cumulativamente dois cargos altamente vulneráveis à crítica, no caso a chefia de uma das prefeituras mais importantes do Estado e o comando do Clube dos Prefeitos, hão de convir os leitores, não é um acontecimento qualquer.
MEDIOCRIDADE HISTÓRICA
Não só não é qualquer acontecimento como também é a pá de cal numa biografia que pode fazer sucesso de bilheteria com o clientelismo político do qual lança mão utilizando-se de alquimias eleitorais, mas é um fracasso de crítica.
Paulinho Serra e seus marqueteiros de meia tigela, além do entorno que o controla com rigores dos escravocratas, não entendeu até agora e provavelmente jamais entenderá uma premissa dilaceradora: vai passar para a história de Santo André como um prefeito qualquer, como tantos outros. Daí para pior.
Os formadores de opinião sem rabo preso com a Administração Municipal jamais vão lhe dar um anel sequer de respeitabilidade como gerenciador reformista. Será mais provável que lhe cortem os dedos de prestidigitações marqueteiras da pior qualidade.
DUPLO DESPERDÍCIO
Comandar Santo André e o Grande ABC (a primeira chefia por delegação popular, e a segunda por delegação institucional estritamente política, dado o caráter de revezamento entre os titulares dos paços municipais) deveria guiar os passos e a imaginação de Paulinho Serra rumo a uma revolução.
Conta o político com todas as condições nesse sentido. Os antecessores nos dois cargos foram fracassos retumbantes. Há, portanto, um portfólio de barbeiragens que poderiam ser descartadas de imediato.
Qual nada: Paulinho Serra aperfeiçoou a arte do desperdício, da insensatez administrativa, da velharia política a serviço de grupos de pressão.
QUEM EM CAMPO?
Não sei quais eram os times do futebol de botão eleitoral com que o casal Serra se deliciou ontem na Praça do Carmo.
Tomara que não tenha sido nenhum dos três que formam o grupo dos favoritos ao título da Série A do Campeonato Brasileiro desta temporada (Palmeiras, Atlético Mineiro e Flamengo, pela ordem de importância técnico-tática) nem mesmo os demais, que formam o G-17 (todos os demais da Série A que disputam vagas à próxima Libertadores da América). Seria uma agressão à tradição das equipes.
Nem mesmo o mais obscuro representante da Série D do Campeonato Brasileiro mereceria estar simbolizados no jogo de futebol de botão eleitoral do casal Serra ontem na Praça do Carmo. Aquilo que se viu e se fotografou ganhou a forma de deboche, e profissionais da vida real do futebol não podem se misturar a desumanidades com descarado objetivo eleitoral.
SERIA O QUE PARECE?
Vou mais longe nesse exercício futebolístico do casal Paulinho e Carolina Serra: se por acaso ou abuso um dos times em questão em forma de futebol de botão tiver o Santo André como referência (olhando bem para a foto de primeira página, parece que temos Santo André versus São Paulo no tablado), aí, então, se constataria um caso de bullying que precisaria ser apurado por forças de bom-senso.
Perseguir o Santo André e, mais que isso, impedir que a agremiação deixe de ser o primo-pobre do futebol da região, na luta que empreende para virar clube-empresa, já é demais. Debochar numa performance de futebol de brincadeirinha com intuito eleitoral ainda mais despudorado, seria o fim da picada.
MÃO ARMADA
O flagrante do casal Serra na primeira página do Diário do Grande ABC num começo de terceira década de um século em que a Economia da região segue desabando e industrializando pobres e miseráveis, com reflexos numa anestesiada mobilidade social que casa muito bem com a embaralhada mobilidade urbana, isso e muito mais se configuram como pano de fundo de um assalto a mão armada no sentimento de cidadania.
Até quando Paulinho Serra e abusadores sociais de Santo André vão continuar a desfilar impropriedades que envergonham e bombardeiam a maioria de uma sociedade que pode não ser mobilizadora, mas ainda não perdeu o bom-senso a ponto de naturalizar tamanha sandice?
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21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?