O prefeito Orlando Morando tem tido desempenho econômico bem melhor que o antecessor Luiz Marinho, mas muito abaixo de William Dib, que o antecedeu e governou São Bernardo durante seis anos. Também supera Maurício Soares, que tomou posse em 1996. Eis o resumo de novo balanço dos gestores públicos da região com base no comportamento do Valor Adicionado de 2021.
Valor Adicionado é indicador econômico muito próximo do conceito de PIB. É utilizado entre outras razões porque antecipa em dois anos os dados oficiais do IBGE.
O PIB dos Municípios de 2021 só será conhecido em dezembro de 2023. Em dezembro próximo, sairão os dados do PIB de 2020. É para dar um nó nesse atraso cronológico que CapitalSocial procura traduzir os dados de Valor Adicionado.
VA E PIB
Entretanto, quando chegar dezembro deste ano e o PIB dos Municípios do período 2017-2020 definir os quatro anos de mandatos dos atuais ou ex-prefeitos na região, será possível ter um indicador mais robusto, mas não muito diferente do Valor Adicionado.
O saldo de Orlando Morando após cinco anos de gestão (2017-2021) é de crescimento ponta a ponta de 2,76% do Valor Adicionado, o que significa média anual de 0,55%. Orlando Morando pegou um período nacional de recuperação econômica pífia. E de desastre automotivo. Adicione-se a isso a crise de suprimentos das fábricas, resultado principalmente da pandemia que embolou o jogo mundial de negócios, chega-se ao fundo do poço.
Luiz Marinho sofreu as dores de pegar um PIB Nacional ainda anabolizado pelo governo Lula da Silva. Entregou o governo oito anos depois com os rescaldos de Dilma Rousseff: o saldo negativo de 62,69% se converteu em queda anual de 7,83% entre 2009-2016. O setor automotivo durante a gestão de Luiz Marinho foi uma associação de desastre e desalento.
ALTA E BAIXA
Nada pior para a medição de desempenho de um prefeito do que assumir na alta e deixar a titularidade do cargo na baixa em relação ao comportamento do PIB ou do Valor Adicionado.
Especificidades municipais influenciam os resultados. Por exemplo: Santo André e Mauá não sofrem fortemente com a queda automotiva e ganham muito com o setor químico/petroquímico.
No caso de Orlando Morando, nenhum prefeito fez tantas intervenções estruturais na logística interna do Município e do Grande ABC como um todo.
São Bernardo está se reorganizando para dar fluidez ao transporte de produtos tendo Imigrantes, Anchieta e Rodoanel como redes de comunicação. São obras que procuram encurtar distâncias seguindo conceitos de logística que consideram, além de percurso propriamente dito, principalmente o tempo consumido.
Os resultados mais consistentes deverão aparecer no horizonte em alguns anos. Trata-se de um contragolpe à baixa competitividade logística de São Bernardo após a chegada principalmente do Rodoanel.
PERDENDO FEIO
O Grande ABC como um todo, mas principalmente São Bernardo, perdeu a competitividade para a Baixada Santista e o Oeste da Região Metropolitana de São Paulo.
Guarulhos, Barueri, Osasco e vizinhança aumentaram sobremaneira o poder de fogo de investimentos privados, com reflexos no PIB Geral e no Valor Adicionado. Tudo medido e comprovado neste século por análises e dados de CapitalSocial.
MARINHO SACRIFICADO
Luiz Marinho assumiu a Prefeitura de São Bernardo em 2009, sucedendo a William Dib, que tomou posse em março de 2003 após renúncia do titular Mauricio Soares por alegados problemas de saúde. Dib obteve ganho real de Valor Adicionado de 39,90% no período de seis anos, média de crescimento anual de 6,65%.
O desempenho de Maurício Soares à frente da Prefeitura de São Bernardo a partir de janeiro de 1997 até março de 2003 registrou perda de 11,89% no Valor Adicionado, média anual de 1,98%.
Como se percebe (e temos apontado a situação persistentemente para diferenciar a economia de São Bernardo como um caso à parte dos demais municípios locais) há solavancos persistentes na geração de riqueza em forma de Valor Adicionado.
UM CONTRASTE
Willian Dib e Luiz Marinho são os maiores contrastes, com ganhos e perdas exponenciais. Orlando Morando vem conseguindo manter equilíbrio em meio a situação muito abaixo de quando William Dib deixou a Prefeitura, em dezembro de 2008.
São Bernardo entrou em parafuso econômico a partir de janeiro de 2009, quando Luiz Marinho assumiu a Prefeitura e o quadro nacional era bastante positivo. Tanto que foram produzidos 3,21 milhões de veículos em 2008. Já na ponta de 2021, com Orlando Morando, a produção caiu para 2,24 milhões. O equivalente à queda de 43,30%.
A produção automotiva de São Bernardo no universo nacional é imprecisa. Nem os especialistas do setor conseguem aferir o quanto os veículos de passeios, utilitários e pesados, em unidades, incidem na produção nacional.
PERDENDO DUPLAMENTE
Certo mesmo é que o Grande ABC como um todo (e aí se inclui São Caetano da General Motors), caiu para menos de 10% do bolo nacional. Há quatro dezenas de unidades fabris de automóveis no País. São Bernardo e o Grande ABC como um todo sofrem duplamente: as perdas internas em forma de desindustrialização e as perdas externas, em forma de descentralização. Há quem analise a situação da economia regional sem considerar essa duplicidade nociva.
A tradução do quadro municipal versus nacional é que São Bernardo vive o pior dos mundos econômicos. Há uma combinação demolidora a projetar novos mergulhos inquietantes no futuro.
FATOR ESTRUTURANTE
Ou seja: o setor automotivo é o fator estruturante e condicionante do comportamento da economia local, com amplas injunções sociais, mas é cada vez menos representativo no âmbito nacional. Quanto mais perde internamente com evasões e desativações, mais São Bernardo desaba no ranking nacional. Uma coisa combinada à outra significa persistente vocação ao esvaziamento.
Tanto é preocupante a situação econômica de São Bernardo da Doença Holandesa que, ao comparar o Valor Adicionado de dezembro de 2012 com o Valor Adicionado do ano passado (quarto ano do segundo mandato de Luiz Marinho e quinto ano de Orlando Morando de dois mandatos), a queda chegou a 60,04%.
Se fosse apenas corrigido monetariamente o Valor Adicionado de São Bernardo nos noves anos seguintes a 2012, chegaria a R$ 57.115.830 bilhões. Como São Bernardo desabou ao sabor da recessão do governo Dilma Rousseff, o Valor Adicionado real, registrado no ano passado, não ultrapassou a R$ 35.688,090. Uma perda de R$ 21.4276.740 bilhões. Uma vez e meia o Valor Adicionado de Santo André no ano passado.
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