O prefeito (Paulinho Serra) de Santo André e o prefeito (Marcelo Oliveira) de Mauá acabaram de colocar o ovo de pé. Eles enxergaram o óbvio que ninguém enxergou. O que parecia difícil é a coisa mais fácil do mundo. Isso não significa, entretanto, que podem se acomodar.
O tucano Paulinho Serra e o petista Marcelo Oliveira precisam enxergar muito mais para que o que enxergaram agora seja ainda muito mais visível e produtivo.
Estou me referindo à constituição da Cidade Capuava, que tem o princípio, o meio e o infinito fundamentado no Polo Petroquímico.
UM GRANDE ACHADO
Quem pensa que enxergar o óbvio ululante é uma tarefa fácil não sabe nada de história. O chamado Polo Petroquímico de Capuava está aí, plantado e metamorfoseado há 50 anos. E ninguém teve a ideia administrativa de juntar as áreas territoriais que banham Santo André e Mauá. Agora todos têm o que chamo de Cidade Capuava.
Não acho que haja expressão melhor, mas não vou poder esgotar o assunto numa única análise. Cidade Capuava é o que chamaria de oitavo Município do Grande ABC. Administrado por Santo André e Mauá. São extensões administrativas dos dois territórios físicos.
Até agora ninguém tinha pensado nisso, ou seja, que a Cidade Capuava estava ali, na cara do gol de uma gestão dupla, que pode se expandir regionalmente porque tem influência no destino regional. O plástico, subproduto básico da Cidade Capuava, é economicamente uma matéria-prima de excelência.
PASSADO DE PASSIVOS
Há um passado de cobertura jornalística que vai entrar em campo também porque a Cidade Capuava formalizada agora pode ser muito maior, abrangente e transformadora do que se apresenta numa proposta levada a sério e que se torna lei.
Santo André e Mauá resolveram dar vida a uma área equivalente à metade de São Caetano, com 6,5 milhões de metros quadrados. E que, repito, não tem limites de influência porque o potentado petroquímico é elástico em inserção econômica e social.
A Cidade Capuava é o menor pedaço do território regional de 840 quilômetros quadrados. Portanto, menos de 10% do total. Mas tem um poderio econômico inestimável.
Traduzindo todas as informações técnicas a que tive acesso hoje de manhã, o resumo da ópera é que a Cidade Capuava será gerida como uma espécie de subprefeitura das duas cidades. Sugeriria que fosse mais que isso.
A Cidade Capuava terá a comandá-la sob o ponto de vista de políticas públicas e ações privadas das empresas-chave um comitê dirigente integrado pelo Poder Público e por instâncias econômicas e sociais dos dois municípios.
A formação desse time é a chave-mestra do sucesso ou do fracasso. O viés de capitalismo com responsabilidade social determinará o sucesso. Embaralhamentos de socialismo rastaquera serão ruinosos.
MAIS QUE CORAÇÃO
A Cidade Capuava é o coração e as pernas econômicas de Santo André e de Mauá. Por conta disso, e isso faz tempo, jamais poderia ter sido relegada à gestão separatista da livre-iniciativa representada pelas equipes do Polo Petroquímico, por mais que as lideranças daqueles conglomerados tenham sido positivas.
Houve no passado ensaios de junção com o Poder Público e representantes da sociedade, mas nesse formato de legalidade formal, vamos dizer assim, jamais se deu tamanho passo. O Poder Público não teve jamais a sacada que Paulinho Serra e Marcelo Oliveira oferecem em resposta pragmática à compulsoriedade de gestão compartilhada.
Faltam dados que não deixem dúvidas, mas agora que a Cidade Capuava virou realidade, agora que os dois prefeitos e assessores se reuniram para anunciar o gol de placa, inúmeros indicadores devem ser agregados e revelados.
GRANDE MOTIVAÇÃO
Gol de placa não significa conquista de título. Mas é motivacionalmente emulador a grandes conquistas.
Sabe-se por alto que perto de 60% da arrecadação de Mauá e 40% da arrecadação de Santo André derivam da indústria químico-petroquímica relacionada à Cidade Capuava. É dinheiro para dar com pau. O emprego formal é comedido no setor. Não passariam de 10 mil. Um bom planejamento resolve a equação com empresas de segundo e terceiro escalão na cadeia de produção.
Chamo há muito tempo a agora Cidade Capuava de Doença Holandesa de Santo André e de Mauá. Comparo-a com a Doença Holandesa Automotiva de São Bernardo. A diferença é que a primeira está menos suscetível à sacolejadas macroeconômicas. A segunda é de elevadíssima competitividade e se espalhou por mais de quatro dezenas de fábricas no País.
DOENÇAS HOLANDESAS
O Grande ABC sofre um bocado com a Doença Holandesa Automotiva. Os dados deste século provam isso. Estamos individualmente e no conjunto dos sete municípios muito abaixo do rendimento dos concorrentes do G-22, o Clube dos Maiores Municípios do Estado. Depender da vaca leiteira automotiva é um enorme risco, como se sabe.
A Doença Holandesa Petroquímica tem sido a salvação dos orçamentos de Santo André e de Mauá, mas também ajuda muito São Caetano, endereço de terminais petroquímicos que geram muita receita. Os demais municípios são beneficiados por tabela.
Acho que os leitores já entenderam o tamanho do sucesso que se desenha à empreitada de Paulinho Serra e Marcelo Oliveira com a conversão do Polo Petroquímico de Capuava em Cidade Capuava.
GESTÃO DECISIVA
A gestão desse potentado é questão-chave. E não pode jamais se limitar ao que está aí disponível em formato de cooperação entre as empresas do conglomerado explicitamente interligado numa planta de tamanho descomunal, mas também invadir a grande área que se expande inclusive pelo território de São Paulo, como prevê o decreto assinado pelos prefeitos.
Diria que Santo André e Mauá precisam sistematizar de tal forma as ações da Cidade Capuava que o que se tem agora nesse momento como grande novidade na gestão bilateral de políticas econômicas do Grande ABC é café pequeno perto do que poderá se acrescentar.
Ou seja: estamos apenas no começo de um jogo que não tem hora marcada para terminar. Os 90 minutos regulamentares não existem. O tempo é infinito para se extrair tudo o que potencialmente os dois municípios contam em disponibilidade de recursos materiais.
Chegou a hora de se testar uma grande transformação reunindo público e privado, além de representantes qualificados de instâncias sociais e econômicas.
A Cidade Capuava criada agora pode jogar para escanteio os ônus com que tem sido duramente criticada, como agente poluidora e contaminadora de um ambiente que coloca em risco os moradores locais.
O enfrentamento desse problema não foi ignorado pelos agentes responsáveis pela criação da Cidade Capuava. Tanto que não faltará representante dos moradores no chamado Grupo Gestor de Governança. Despolitizar a Cidade Capuava é essencial. Retirar o peso de questões paralelas é iniciar um processo mais profundo e abrangente. Os valores positivos intrínsecos da atividade devem ser a razão de ser da Cidade Capuava.
VOLTANDO AO PASSADO
A novidade do ovo de pé de Paulinho Serra e Marcelo Oliveira ao formalizarem o território da Cidade Capuava que está plantada entre os dois municípios há 50 anos deve ser comemorada. Mas não pode se perder em devaneios.
Entre muitas análises que fiz e que fizeram os jornalistas que comandei na revista LivreMercado, antecessora de CapitalSocial, sugiro aos leitores que acompanhem o texto abaixo. A expressão Cidade Capuava não existia no léxico deste jornalista, mas a preocupação com o futuro da região está bem caracterizado. “Nosso futuro é de plástico” é uma incursão incisiva no então somente Polo Petroquímico de Capuava.
Nosso futuro é de plástico
DANIEL LIMA - 15/05/2003
Quando o Grande ABC de metal será capaz de dar vez ao Grande ABC de plástico e, com isso, contribuir para quebrar o ritmo da desindustrialização e do desemprego? A modernização e a adaptação da economia da região aos novos tempos de mercado automotivo descentralizado — e de substituição gradual de matérias-primas que obedecem a rigidez de metais e ganham a versatilidade dos insumos petroquímicos em forma de plástico — continuam sendo jogo de improvisação que estimula o desperdício e a irracionalidade. Em busca de alternativas econômicas que possam contrabalançar o desastre do novo desenho do parque automotivo nacional movido a financiamentos generosos, guerra fiscal e rebaixamento salarial, o Grande ABC ainda não se deu conta de que está na indústria de transformação de plástico oportunidade de ouro de juntar a fome com a vontade de comer de novos postos de trabalho reconhecidamente agregadores de valor.
MAIS 2003
A cadeia produtiva da transformação do plástico é responsável por 218 mil empregos diretos no País e pode ser considerada termômetro do comportamento econômico da sociedade brasileira. A reação do consumidor tem reflexo direto no segmento de plástico presente em praticamente todos os setores de bens duráveis e de consumo imediato, como na alimentação, na construção civil, nas indústrias automotiva e aeronáutica, nos laboratórios farmacêuticos, na informática, no setor moveleiro, no eletroeletrônico e no segmento têxtil. É difícil encontrar um ramo de atividade econômica onde o plástico não significa participação.
MAIS 2003
A insistência com que lideranças políticas e mesmo empresariais batem na tecla da cadeia automotiva como incrementadora do setor industrial no Grande ABC é tão equivocada quanto o descuido de desconsiderar a indústria transformadora de plástico como chute de resultados certeiros. Afinal, a cadeia automotiva que também se utiliza cada vez mais de plástico é apenas uma das frondosas árvores que potencializam o uso do material. Quanto menor for a participação relativa do setor automotivo regional na cadeia de transformação de plástico, mais se emitirão sinais de novas matrizes industriais de uma região que se tornou refém da atividade sobrerrodas.
MAIS 2003
Se o adensamento do uso de derivados petroquímicos na cadeia transformadora de plástico dentro da produção industrial no Brasil segue na trilha da tendência internacional de substituição de materiais metálicos nas mais diferentes atividades econômicas, não é menos importante o fato de que o Grande ABC é um grande palco para a disseminação da matéria-prima saída dos polos petroquímicos. Em abril de 2001 a empresa gaúcha MaxiQuim encerrou pesquisa encomendada pela Câmara Regional para aprofundar estudo do Sebrae sobre a cadeia petroquímica na região. Uma das conclusões que explicitavam o tamanho das possibilidades e também dos problemas: 326 unidades transformadoras de plástico ocupavam o território regional, com geração de 16.803 empregos e consumo de 200 mil toneladas de resinas.
MAIS 2003
Com menos de 2% de participação no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e perto de 8,5% no PIB estadual, a importância do Grande ABC plástico no território nacional está cristalizada nos 10% de mercado. Diadema (49% das empresas e 41,2% da produção) e São Bernardo (21,4% e 36,4% respectivamente) lideravam os quesitos de universo de empresas e valor de produção de produtos plásticos. Santo André (11,7% e 5,4%), São Caetano (10,5% e 9,4%), Mauá (5,4% e 6,7%) e a dupla Ribeirão Pires-Rio Grande da Serra (2% e 0,9%) completavam a grade dos estudos da MaxiQuim.
MAIS 2003
A construção do Grande ABC de plástico que se sobreporia em importância econômica e social ao esgotado Grande ABC automotivo não ganhou o ritmo esperado depois da pesquisa da empresa gaúcha. A frágil institucionalidade regional derrete-se sob o peso de idiossincrasias político-partidárias. A expectativa de que a Câmara Regional pudesse harmonizar interesses municipais, regional e estadual rolou água abaixo depois da morte do governador Mário Covas e, na sequência, do prefeito Celso Daniel.
MAIS 2003
É verdade que mesmo com Covas e Celso Daniel o trem da regionalidade já descarrilava. A multiface da Câmara Regional — congregação de agentes públicos, privados e sociais do Grande ABC, além do governador e secretários de Estado — é um mosaico de difícil conciliação. O esvaziamento institucional e operacional da Câmara Regional, cujos encontros são tão episódicos quanto improdutivos, erodiu o pouco de entrelaçamento de interesses que o Grande ABC de plástico ensaiou nos primeiros tempos.
MAIS 2003
Tanto é verdade que a formatação do Grande ABC de plástico virou página quase morta que há muito tempo o grupo formado pela Câmara Regional sequer se reúne. Nada mais estúpido e insensível quando se sabe que investimentos de US$ 700 milhões foram anunciados para o Polo Petroquímico de Capuava nos próximos cinco anos. As empresas do polo petroquímico fabricam matérias-primas como etileno, propileno e benzeno, utilizadas nas indústrias químicas, além de polietileno, PVA, poliestireno, polipropileno e náilon aplicados nas indústrias de transformação.
MAIS 2003
Isoladamente, o Polo Petroquímico de Capuava é um maná de felicidade especialmente para Mauá e Santo André. Embora conte com apenas 4,2 mil trabalhadores, o faturamento conjunto das empresas do polo está entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões e responde por 66% da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em Mauá e 36% em Santo André. Não há estatísticas possíveis de ser levantadas sobre o espraiamento econômico e tributário relacionado ao Polo Petroquímico de Capuava nos municípios da região. Entretanto, o aumento da capacidade de produção a partir da empresa-mãe, a Petroquímica União, vai alargar o acesso às matérias-primas para industrialização nas empresas transformadoras da região.
MAIS 2003
Esquecido por lideranças políticas e econômicas locais, o Grande ABC de plástico também não sensibilizou o conglomerado Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), que anunciou no mês passado o programa Arranjos Produtivos Locais (APL) contemplando quatro cidades-regiões paulistas para o aumento de competitividade de micro e pequenas indústrias: Limeira (bijuterias), Mirassol (mobiliário), Vargem Grande do Sul (cerâmica) e Ibitinga (cama, bordado, mesa e banho).
MAIS 2003
Iniciativa do Decontec (Departamento de Competitividade e Tecnologia), o programa é uma parceria com Sebrae-SP e Bradesco. O objetivo estaria plenamente conectado com o quadro de fragilização da indústria de transformação de plástico do Grande ABC: contribuir para o fortalecimento de pequenas empresas instaladas em aglomerados industriais de uma mesma cadeia produtiva, através do aumento da produtividade e da criação de processos que permitam a autossustentação dos ganhos de competitividade das empresas.
MAIS 2003
Em entrevista ao Notícias Fiesp/Ciesp, veículo oficial da entidade, Renato Corona, coordenador do projeto, explica que do número inicial de 15 mil arranjos produtivos no Estado, chegou-se a 533 concentrações, reduzidas em seguida a 212 com a exclusão das regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas: “Num primeiro momento, resolvemos eliminar estas duas localidades diante da complexidade inerente às grandes cidades. O que não impede que, no futuro, possamos desenvolver o trabalho nesses municípios” – garante.
MAIS 2003
Contasse o Grande ABC com maior representatividade político-institucional, provavelmente não teria ficado fora do mapa de ações da Fiesp/Ciesp. De qualquer forma, não pode ser desconsiderado o fato de o presidente Horácio Lafer Piva ser integrante da Câmara Regional e de Fausto Cestari, com negócios em Mauá e trabalhos em São Caetano, ocupar a vice-presidência do conglomerado Fiesp/Ciesp. Fausto Cestari é também um dos fundadores do moribundo Fórum da Cidadania e fez carreira corporativa na principal representação industrial estadual do País a partir do comando do Ciesp de Santo André.
MAIS 2003
Não serve de atenuante ao esquecimento da região nem mesmo a informação de que o programa foi idealizado com objetivo inicial de priorizar o fortalecimento de concentrações num estágio preliminar de maturação, onde a dinâmica de cooperação ainda não estivesse completamente estabelecida. Afinal, no universo de indústrias de plásticos do Grande ABC há diferentes realidades. Bastaria selecionar o agrupamento de empresas com o perfil do projeto Fiesp/Ciesp.
MAIS 2003
A ausência do Grande ABC no programa Arranjos Produtivos Locais é inexplicável também na medida em que já existe histórico de pesquisa que contempla o setor, tanto do Sebrae-SP, parceiro da Fiesp/Ciesp, como da gaúcha MaxiQuim. Ou seja: já há um banco de dados que, mesmo parcialmente defasado, poderia facilitar o encaminhamento de propostas. Já estão reservados os recursos destinados ao programa da Fiesp/Ciesp, segundo a publicação oficial das duas entidades. As empresas que participam da iniciativa, cerca de 20 em cada um dos quatro polos industriais escolhidos, irão arcar com um custo de mensalidade, como contrapartida financeira que visa sinalizar o comprometimento com o projeto. Em troca, receberão assessoria permanente para aumentar a participação no mercado, melhoria de gestão, capacitação profissional, acesso a inovações tecnológicas, além de treinamento e capacitação empresarial.
MAIS 2003
Mario Bernardini, diretor do Decontec da Fiesp/Ciesp e proprietário da MGM Maquinas e Equipamentos de São Bernardo, explica a experiência com entusiasmo: “Procuramos estudar as experiências e alternativas colocadas em prática no Brasil e em outros países do mundo, para que pudéssemos ter uma intervenção mais consistente” – explica. A força-tarefa do programa financiado por Fiesp/Ciesp, Sebrae-SP e Bradesco conta ainda com especialistas do Senai, Núcleo de Economia Industrial e de Tecnologia da Unicamp, Fundação Carlos Alberto Vanzolini (ligada à engenharia da USP), Instituto de Pesquisas Tecnologias, Fundação Seade e do próprio Sebrae-SP que, além de financiar parcialmente o projeto, prestará serviços especializados de consultoria e treinamento.
MAIS 2003
Para o superintendente do Sebrae em São Paulo, José Luiz Ricca, também entrevistado pela revista da Fiesp/Ciesp, o incentivo ao desenvolvimento de empresas de aglomerações industriais marca nova etapa dinâmica da economia do País. “Os Arranjos Produtivos Locais são, na verdade, uma nova forma de abordagem de questões como o empreendedorismo e o emprego. A descoberta de vocações empresariais dentro de um mesmo espaço e o incentivo a programas que contribuam para que as pessoas se sintam dentro de um grande sistema, como parceiros, devem ser responsáveis pelo fortalecimento de uma nova cultura empresarial no País, muito diferente do individualismo a que estamos acostumados” – afirma.
MAIS 2003
O deputado estadual Donizete Braga (PT) e o secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Paulo Eugênio Pereira, têm motivos complementares para creditar que vai repercutir junto aos tomadores de decisão a iniciativa de defender a conversão da economia do Grande ABC em direção à indústria transformadora de plástico cada vez menos dependente do setor automotivo.
Donisete Braga tem o crédito da autoria do projeto de lei que no ano passado alterou a lei 1.817 de 27 de outubro de 1978, que impedia a expansão de várias atividades produtivas na Região Metropolitana de São Paulo. O Polo Petroquímico de Capuava foi diretamente beneficiado com a mudança, já que tornou viável a ampliação de produção, mas o conjunto de medidas abriu as portas para novos investimentos também de diferentes atividades industriais. Chegou-se a estimar à época da aprovação, em julho do ano passado, que pelo menos 30 mil novos empregos industriais seriam criados na Região Metropolitana como consequência da iniciativa de Donisete Braga, equivocadamente atribuída à Bancada do ABC.
MAIS 2003
O deputado, com base eleitoral em Mauá, lembra que na década de 70 não havia tecnologias eficientes associadas aos processos produtivos industriais, legislação especifica sobre emissões gasosas e afluentes líquidos, emissões de ruídos e outros aspectos ambientais que, por força de demandas por qualidade de vida, determinaram as amarras da legislação na Região Metropolitana. “A desindustrialização nas últimas décadas provocou grandes perdas do poder econômico da população, por isso, e considerando-se as novas tecnologias de processo industrial, entendemos que já estava na hora de liberalizar os espaços com os cuidados ambientais indispensáveis” — explica o deputado.
MAIS 2003
Com a flexibilização da legislação, o Grande ABC dispõe de condições amplamente favoráveis para recarregar as baterias da indústria de transformação de plástico. A iniciativa do deputado estadual acrescenta novos condimentos na preparação econômica do Grande ABC para o futuro e aumenta a responsabilidade dos agentes públicos e privados na formulação de propostas e planos de ação que visem a usufruir da ação parlamentar.
MAIS 2003
É isso que promete o secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Paulo Eugênio Pereira sabe o quanto pode ser decisiva à recomposição econômica da região a aplicação de projetos destinados a organizar a cadeia transformadora de plástico. Como ex-secretário de Desenvolvimento Econômico de Mauá, responsável por um planejamento que levou algumas dezenas de indústrias de vários segmentos ao Polo de Sertãozinho, Paulo Eugênio espera atrair para o foco da Agência todas as questões relativas à estrutura econômica que estão presas no embaralhado e inócuo cronograma da Câmara Regional, ficção institucional que deveria reunir governo do Estado e agentes políticos, econômicos e sociais do Grande ABC.
MAIS 2003
“Estou reivindicando, juntamente com Jorge Rosa, diretor titular da Agência, que todo o temário econômico do Grande ABC seja centralizado na Agência” — afirma Paulo Eugênio. Não é por outra razão, inclusive, que no mês passado os dois dirigentes da Agência receberam de presente o resultado de um grupo de agentes econômicos e políticos da região, inclusive eles próprios, coordenados desde dezembro do ano passado pelo sindicalista Luiz Marinho. Sob a condição de enquadrarem a economia do Grande ABC num contexto de competitividade, o grupo se desfez com um legado de propostas entregues à direção da Agência. Não se trata, entretanto, de um lavar de mãos: a Agência passa por reestruturação estatutária e é possível que os membros do grupo informal sejam instalados numa espécie de Conselho Consultivo da entidade, criada pela liderança do então prefeito Celso Daniel como braço executivo da Câmara Regional.
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