Economia

São Caetano salva (?) região
no Brasileiro de Economia

DANIEL LIMA - 20/09/2022

Somente São Caetano salva formalmente o Grande ABC no Campeonato Brasileiro de Competitividade Econômica. A interrogação da manchetíssima é um alerta. Não se deve comemorar o resultado como se São Caetano fosse um farol a iluminar o Grande ABC. Muito distante disso. O Grande ABC Econômico não tem farol nem farolete. Tem muitos ilusionistas. É uma nau sem rumo e prumo.   

Os estudos que começaremos a destrinchar nesta edição têm a marca do CLP (Centro de Liderança Pública). O ranking é detalhadíssimo e envolve 19 indicadores econômicos de um total de 69 que abrangem também o Social e o Administrativo. 

A ação do CLP espelha muito mais a infraestrutura física e de recursos humanos da atividade econômica do que propriamente competitividade no sentido de disputa para valer.  

VANTAGENS POTENCIAIS  

Trocando em miúdos: tem-se um conjunto de vantagens comparativas, mas não necessariamente São Caetano as potencializa de forma prática. Fatores não dimensionados nos estudos agem de forma contrária.  

A logística é um caos em São Caetano, assim como o é também em Santo André desde que a Avenida dos Estados virou um trambolho de tráfego pesadíssimo: não existe alternativa para transformar tempo em dinheiro e em qualidade de vida. 

Além disso, também falta a São Caetano um projeto definidor a dar o norte econômico a um cidade fortemente desindustrializada. 

Aliás, não é à toa que São Caetano vem despencando em inúmeros indicadores econômicos neste século, após as duas últimas décadas também terem sido ruinosas.  

OCUPAÇÃO HIERÁRQUICA  

No Campeonato Brasileiro de Competitividade Econômica,  São Caetano ocupa o sétimo lugar e, portanto, integra a Série A, ou Primeira Divisão. É um resultado esplendoroso que não se reproduz no cotidiano de constante contabilidade de tom avermelhado ante vários dos maiores municípios do Estado de São Paulo. Temos mostrado tudo isso ao longo dos anos.  

São Bernardo dinamitada pela Doença Holandesa Automotiva está na Série C do Campeonato Brasileiro de Economia. Ocupa a 53ª posição no ranking. Santo André, de desindustrialização alucinante no século passado,  é Município de Série G (Sétima Divisão), colocada que está na posição 124. Mauá está na 224ª posição, na Série K, de 11ª Divisão. Diadema está na Série M, de 13ª Divisão, na 262ª posição, enquanto Mauá está um pouco abaixo, na 224 posição.  

DIVIDINDO POR 20 

Dividimos o estudo que envolve 415 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes em várias divisões. Como se fosse o Campeonato Brasileiro de Futebol. Cada divisão conta com 20 municípios. 

 Já fizemos essa separação em outros rankings. O Campeonato Brasileiro de Gestão Fiscal, produzido pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) é um exemplo. Não existe fórmula mais adequada para distinguir os concorrentes.  

Os estudos valiosos vão ser dissecados por CapitalSocial a partir de hoje e em datas aleatórias. Vamos analisar as três dimensões do que é oficialmente chamado Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros.  

ECONOMIA EM PRIMEIRO 

O Campeonato Brasileiro de Competitividade Econômica é prioridade de CapitalSocial porque atividades da área dão o ritmo às demais. Sem Economia, tudo se perde.  

Nesta temporada, CapitalSocial está destrinchando o Ranking de Competitividade dos 20 Maiores Municípios Paulistas. Temos cinco cidades representativas. A prioridade é o Desenvolvimento Econômico. Mas também virão áreas Administrativa e Social. Os indicadores são diferentes dos utilizados no Ranking de Competividade do Centro de Política Pública. 

VEJA OS INDICADORES 

Veja os indicadores do Ranking de Competitividade do CLP no setor econômico, envolvendo estudos de “Inserção Econômica”, Inovação e dinamismo econômico”, Capital humano” e “Telecomunicações”: 

1. População vulnerável. 

2. Formalidade do mercado de trabalho. 

3. Crescimento de empregos formais. 

4. Recursos para pesquisa e desenvolvimento científico. 

5. Empregos no setor criativo. 

6. Crédito per capita. 

7. PIB per capita. 

8. Crescimento do PIB per capita. 

9. Complexidade econômica. 

10. Renda média do trabalho formal. 

11. Crescimento da renda média do trabalho formal. 

12. Taxa bruta de matrícula – Ensino Técnico e Profissionalizante. 

13. Qualificação dos trabalhos em emprego formal. 

14. Acessos de telefonia móvel. 

15. Acessos de telefonia móvel – 4G. 

16. Acessos de banda larga. 

17. Acessos de banda larga – fibra ótica. 

18. Acessos de banda larga – alta velocidade.  

TRABALHO PROFUNDO 

Não há a menor dúvida de que o ranking do CLP é um trabalho excepcionalmente profundo. Diferentemente de organizações diversas que industrializam premiações oportunistas que não levam a nada, exceto à glorificação circunstancial sem resistência ao contraditório de qualificação, o ranking (que também tem abrangência nacional ao identificar a situação dos Estados) é um conjunto de avaliações técnicas sustentáveis. 

Aperfeiçoar o projeto seria uma missão praticamente impossível porque há condicionantes locais, especificas, que exigiriam estrutura robusta formada por especialistas que não sejam seduzidos por interesses diversos. 

Um exemplo claro que dá a ideia do quanto se tornaria um emaranhado o desdobramento dos dados oferecidos está no Grande ABC. As peculiaridades de cada Município e da região como um todo fogem da grade de indicadores da Agência. Como expomos de passagem nesta análise. O elemento chamado logística é  metástase que impacta todo o Grande ABC, mas particularmente Santo André e São Caetano sofrem mais. E esse ponto ultrapassa todas as fronteiras de equilíbrio na distribuição de forças comparativas com outras localidades.  

ATENÃO AO PAÍS 

O CLP (Centro de Liderança Pública ) é apresentado como uma organização suprapartidária que busca engajar a sociedade e desenvolver líderes públicos para enfrentar os problemas mais urgentes do Brasil. Há 13 anos, trabalha por um Estado Democrático de Direito de fato, que seja mais eficiente no uso de seus recursos e com respeito à coisa pública.  

Desde 2008, a organização já ultrapassou a marca de 1.000 cidades impactadas por projetos ou cursos; e tem mais de 300 pessoas na rede de líderes, que já alcançou 24 Estados, diferentes partidos políticos e setores da administração pública. O trabalho já conquistou mudanças importantes para o desenvolvimento do País, como o fim da cláusula de barreira no sistema eleitoral e a aprovação da reforma da Previdência. A partir de suas iniciativas online, o CLP já impactou mais de 3,5 milhões de pessoas com conteúdo.  

O Ranking de Competitividade dos Estados (outra vertente dos estudos) é uma ferramenta que reúne dados para auxiliar gestores públicos a diagnosticar problemas e elencar prioridades.  Já é utilizado por mais de 20 Estados. Todo esse impacto é resultado de uma estratégia em que o CLP identifica os problemas mais urgentes do Brasil e os principais atores e líderes públicos em posição de resolvê-los, desenvolvendo soluções em conjunto através de cursos, eventos, seminários e abordagens individuais para que por meio de indivíduos engajados e bem preparados seja possível a construção de um Estado melhor.  

“O Brasil é uma jovem democracia que hoje tem um setor público corporativista e caro. Isso se traduz na qualidade dos serviços públicos entregues à população e nos índices de educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e saneamento básico. Acreditamos que os problemas centrais que levam a isso são a falta de foco do setor público em atender a população e a baixa eficiência no uso dos recursos disponíveis, e que a sociedade e melhores líderes públicos têm o poder de mudar essa realidade” – afirma o site da entidade. Que explica: 

“Para mudar essa realidade, o CLP desenvolve e mobiliza redes, reunindo a sociedade civil, gestores públicos e instituições para que juntos possam fortalecer o trabalho de tornar o Estado mais justo, eficiente e capaz de entregar melhores serviços públicos para a população de forma sustentável. Criamos campanhas para que a sociedade seja ativa na transformação do Estado; fazemos estudos, criamos ferramentas e levantamos dados de estímulo para o setor público tomar melhores decisões; e desenvolvemos gestores públicos para serem líderes responsáveis e parte ativa da construção de um Brasil melhor”. 



Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000