O mercado imobiliário do Grande ABC ainda não reagiu consistentemente ao desastre provocado pelos anos de Dilma Rousseff à frente do governo federal. Qualquer informação em contrário é embromação. Ou desrespeito à sociedade. Um abuso, por assim dizer.
Quando esta temporada terminar, o resultado será inferior ao registrado em plena recessão de 2016, última temporada de Dilma em Brasília.
Se houver recuo no tempo, a 2013, terceiro ano de dois mandatos da presidente afastada do cargo, a queda seria mais estrondosa.
Atualizar os dados e as projeções do comportamento do mercado imobiliário no Grande ABC é obrigação moral e ética.
MUITA PROPAGANDA
Há sempre à solta propagandistas de mentiras e meias-verdades que contaminam o ambiente regional.
Dados manipulados ou transformados em propaganda disfarçada de jornalismo induzem a erros.
Quem paga o pato são os adquirentes e também as empresas do setor que atuam com seriedade e empenho para superar a etapa mais nefasta da economia regional.
Vender ilusão é condenação à mediocridade. Cria-se a ideia de que quem passa aperto é incompetente. Quando se fracassa ou se luta bravamente num ambiente hostil vendido como um paraíso, enfermidades pessoais e sociais aumentam.
UM JOGO SUJO
Esconder que o Grande ABC ainda vive em recessão, ou no mínimo em paralisia econômica, é um dos piores métodos motivacionais, porque carrega armadilhas que transformam sonhos em decepções.
Os dados que envolvem o mercado imobiliário são relevantes na medida que indicam horizontes de realismo, otimismo ou pessimismo.
Transformar em paradisíaco um território que requer cuidados no tratamento de informação não é recomendação respeitosa.
O Direito do Consumidor não é apenas uma formalidade contratual. É também o que cerca um negócio, qualquer negócio. Quando se trata de casa própria, então, o crime é muito mais grave.
2.500 UNIDADES
A venda de imóveis novos é um indicador importante. Por isso mesmo que, num passado não muito distante, manipulou-se descaradamente a realidade regional.
O Clube dos Construtores (Acigabc) sob o comando quase eterno da família Bigucci, esmerou-se em dados falsos denunciados por CapitalSocial.
Com base nas vendas de imóveis verticais no primeiro trimestre deste ano, apuradas pelo Secovi, Sindicato da Construção, o Grande ABC chegará a dezembro com algo em torno de 2.500 unidades negociadas.
O resultado estará mais uma vez abaixo das 2.962 unidades vendidas na temporada de 2016. Uma sincronia danosa.
VOLTAR É PIORAR
Voltar ainda mais no tempo e comparar a projeção para esta temporada com o que foi registrado em 2013, também sob Dilma Rousseff, o estrago seria espantoso.
Naquele ano foram vendidos 10.054 apartamentos. Ou seja: as transações desta temporada não chegariam a 25% daquele ano.
Por questão de coerência editorial, não vamos recuar até 2013. Naquele período, Milton Bigucci mandava no Clube dos Construtores e fabricava estatísticas que edulcoravam o Grande ABC.
SANTAGUITA MORALIZADOR
Com a chegada de Marcus Santaguita à entidade, a seriedade foi estabelecida com a divulgação oficial de dados rastreados pela mesma empresa que atende ao conglomerado Secovi no Estado de São Paulo. As estatísticas passaram a ter correlação com os fatos.
No ritmo do primeiro trimestre, Santo André somará em dezembro algo em torno de 1.016 unidades vendidas, ante 928 de São Bernardo, 224 em São Caetano, 212 em Diadema e 60 em Mauá. Esses números são resultados da multiplicação por quatro das vendas efetivadas em janeiro, fevereiro e março desta temporada.
PRIMEIRO TRIMESTRE
O total chegaria a 2.440 unidades. Não se deve esquecer que isso é projeção. Três meses de 12 meses podem ser contrariados com assimetrias do mercado imobiliário. Mas não existe probabilidade de guinada expressiva. Nem para baixo, nem para cima.
Em 2016, ano que antecedeu a chegada dos atuais prefeitos de Santo André, São Bernardo e São Caetano, a Embraesp (a empresa que faz a pesquisa pelo Secovi e pelo Clube dos Construtores) registrou 2.962 unidades vendidas.
Em todos os anos subsequentes a 2016, apenas em 2019 o Grande ABC superou a barreira da recessão do último ano de Dilma Rousseff: foram vendidas 3.727 unidades nos quatro municípios pesquisados.
Antes disso, e depois disso, só decepções: foram 2.435 em 2017, 2.645 em 2018, e 2.712 em 2020.
PERDENDO E PERDENDO
No ano passado o Grande ABC vendeu menos 9,1% em relação ao ano anterior. Quando se tem como base o ano de 2019 e na outra ponta o ano de 2021, os números são mais preocupantes: 3.727 ante 2.466 significa uma diferença negativa de 33,83% somente nesse período.
Ou seja: em dois anos o Grande ABC perdeu terço de vendas imobiliárias. Temos, portanto, uma recessão no interior da recessão.
Muito diferente se deu o comportamento comercial na vizinha Capital, dona do maior mercado imobiliário do País.
Foram 29% de crescimento no ano passado, ante 2020. São Paulo negociou no ano passado 66,1 mil unidades residenciais verticais.
BALANÇO CRUEL
O balanço dos últimos seis anos já apurados (2016-2021) registra que o total de imóveis novos de 16.893 unidades no Grande ABC não passou de 25,55% do que a Capital comercializou numa única temporada, ou seja, em 2021.
Nesse ritmo, o Grande ABC precisaria de 24 anos para alcançar a venda de unidades imobiliárias verticais de apenas um único ano da Capital do Estado.
Nos tempos de Milton Bigucci à frente do Clube dos Construtores a manipulação chegou ao ponto de se anunciar que o Grande ABC registrava até 30% de participação na venda anual de imóveis quando comparado à Capital.
Ou seja: em menos de quatro anos o Grande ABC teria o tamanho de vendas de uma temporada de São Paulo.
BAIXA PARTICIPAÇÃO
No ano passado, a participação relativa da região no conjunto do mercado formado por Capital e pelos municípios locais (68.566 unidades) não passou de 3,60%, ou seja, 2.466 unidades frente a 66,1 mil da cidade de São Paulo.
Tradução: de cada 100 imóveis vendidos no mapa específico que envolve São Paulo e os municípios da região, apenas 2,5% constaram dos negócios na região.
Resumo da ópera? Manchetes de jornais que colocam o Grande ABC ou especificamente um Município como o dono da bola, da arquibancada, da arbitragem e do VAR, não passam de indução a erros que atrapalham qualquer tentativa de mobilizar a sociedade.
Trata-se de uma cantilena incorrigível. E despudoramente negacionista, com roupagem de um otimismo fabricado por interesses que passam longe da cidadania.
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