Imprensa

Quem pariu Lula da Silva que
o embale. Não é mesmo, Folha?

DANIEL LIMA - 16/12/2022

Como ombudsman não autorizado da Folha de S. Paulo, do Datafolha, do Diário do Grande ABC e do escambau, adianto ao venerável e vulnerável público leitor que não vou dar moleza,  principalmente ao jornal paulistano.  

O editorial de ontem da Folha de S. Paulo me inspirou a produzir o título acima. Que vou analisar suscintamente em seguida. 

Antes de dizer que a Folha de S. Paulo está num mato de complicações editorais sem cachorro argumentativo que a salve de novas camadas de soterramento da credibilidade, quero afirmar ao distinto público o seguinte: sou um ombudsman não autorizado comedido.  

BOBAGENS DEMAIS  

E explico: a Folha de S. Paulo e a Velha Imprensa de maneira geral (inclusive a Velha Imprensa de médio e pequeno porte, que também é arrogante embora viva o tempo todo a depender de recursos públicos) me tomariam muitas horas do dia já recheadíssimo de atividades caso decidisse aprofundar análises que faço diariamente, enquanto a consumo. 

Trocando em miúdos: não tenho tempo disponível para levar aos leitores tudo que vejo de inconformidades da Velha Imprensa que se acha acima do bem e do mal, mas não se dá conta que já foi atropelada pelas redes sociais.  

A disputa entre imprensa tradicional e redes sociais é apenas para saber quem exagera ou manipula mais.  

AMADORISMO E MANIPULAÇÃO 

A diferença é que as redes sociais, portentosamente feitas por amadores, carrega uma sinceridade e uma transparência mesmo que involuntárias que a Velha Imprensa transforma em manipulação e desdém. 

Quem sabe ler como eu acho que sei ler, porque seria burro demais se não soubesse ler depois de 300 anos de jornalismo, sabe que, noves-fora, as redes sociais no sentido mais amplo da definição, e de fontes de informação, são bem melhores como produtos digeríveis que a  Velha Imprensa.  

É lógico que quem não tem a experiencia que tenho vai achar a definição uma loucura de insanidade. O que se pode fazer? 

MUITO PIOR  

Feitos esses reparos, acho mesmo é que vou me divertir com a Folha de S. Paulo, um dos principais tentáculos da mídia tradicional e suas ramificações digitais a impermeabilizar o passado sombrio do candidato e ex-presidente que se tornou vencedor nas últimas eleições. É claro que tudo isso precisaria ser combinado com o argentino Fernando Cerimedo que, tecnicamente, desmascarou vários itens supostamente invioláveis. Mas isso é outra história. 

O título do Editorial da Folha de S. Paulo de ontem (“O pior do PT”) é uma confissão atordoada da ingenuidade com que a Velha Imprensa tratou o PT no período eleitoral.  

Mas, além disso, é impreciso e confessadamente estúpido. “O pior do PT” não está no artigo que supostamente daria o tom de avaliação do jornal aos acontecimentos mais importantes. “O pior do PT” é muito mais do que está ali.  

DIADEMA EMBLEMÁTICA  

O pior do PT pode ser visto com pragmatismo aqui no Grande ABC. As heranças malditas começam com o sindicalismo que se empavonou todo e extrapolou as medidas e esticou desatinos em direção a Diadema, a obra mais-mal-acabada do modelo de gestão pública que atravessou quatro décadas.  

Diadema é a consagração dolorosa de uma quase igualdade social tão defendida pelos acéfalos socialistas.  

Uma quase homogeneidade social porque praticamente não há classe rica e tampouco classe média tradicional.  

PERNA ÚNICA  

O melhor do PT, que depende muito da capacidade de gerenciar o que seria potencialmente o melhor do PT,  não se sustenta por uma única razão: o veio social petista, que sempre admirei independentemente de ser profundamente sincero ou não, não se mantém de pé ante imprudências e incapacidades de o PT, historicamente, lidar com a geração de riqueza. 

O PT é um partido fossilizado congenitamente.  Chegou tarde na avaliação de um socialismo democrático apenas de fachada e fez parceria de Teatro das Tesouras com os tucanos metidos a desfiles retóricos de modernidade que não passam de fachadas de autoritarismo mais suave.  

Foram anos de felicidade gêmea, de mistificações que a Velha Imprensa, acomodada e beneficiária, sempre fez vistas grossas.  

POLARIDADE BENÉFICA  

Há quem lamente e lamente muito que o  Brasil tenha entrado no que chamaria de precipício da polaridade entre direita e esquerda. Bobagem.  

Pior que a intolerância de extremistas era a aproximação entre supostos diferentes que fizeram tabelinhas durante todos os jogos eleitorais em prejuízo com conjunto da população, menos, claro, dos apaniguados resguardados pelas burras do Estado-Todo-Poderoso.  

É claro que ninguém deseja a perpetuidade de extremismos ideológicos, mas isso é questão de tempo. O mundo todo passa por esse processo de excessos de cá e de lá. 

PARTIDO ÚNICO  

Ajustes graduais virão até que se chegue à maturidade político-institucional e seus derivativos. Do jeito que estava é que não poderia ficar. Muito menos descambar para uma guerra fratricida patrocinada por alguém que não faz parte do ambiente político, mas age como se fosse imperador. 

Escrevo isso com a mesma tranquilidade de quem, nesta mesma revista digital, lamenta que, num caso interno, mais propriamente de Santo André, tenha se estabelecido um regime de Partido Único, controlado por agrupamentos ligados ao prefeito Paulinho Serra. Um conglomerado de uma diversidade e de excessos sem tamanho. 

Agrupamentos tão diversificados que até incorporam lideranças e oportunistas petistas, capturados pelo poder.  

CONTO DO VIGÁRIO  

Essa falsa democracia não me seduz mas faz a cabeça e outras coisas mais de gente que participa do seleto grupo de formadores de opinião e tomadores de decisões – sempre em prejuízo da sociedade como um todo.  

É nesse contexto -- que vai além do jornalismo propriamente dito -- que o editorial da Folha de S. Paulo deve ser analisado.  

A decepção com a gulodice do PT é risível. Quem conhece o PT sabe que o PT não é de compartilhar,  exceto quando não tem o poder de controlar o próprio destino.  

O PT em desvantagem no poder em qualquer esfera de poder será sempre um PT por natureza ideológica sedutor, mas que jamais se desgarrará da gênese da picada do escorpião.  

INGENUIDADE CONFESSA  

A Folha de S. Paulo caiu do andaime da burrice ao achar que, formiguinha, controlava o destino do tronco de madeira de interesses perversos que cercaram a corrida eleitoral.  

A Folha prevaricou durante o processo eleitoral, em sintonia com a Velha Imprensa intolerante com a quebra das regras de conveniências dos mandachuvas políticos, acadêmicos, econômicos, culturais e sociais que dominaram a cena nacional durante quase quatro décadas.  

A reprodução de alguns trechos do Editoral da Folha de S. Paulo é suficiente para conectar a destruição da credibilidade durante o processo eleitoral e a aparente tentativa, agora, de safar-se da desgraça rediviva. Leiam: 

a) Os sinais até aqui apresentados pelo presidente eleito, Luiz Ignácio Lula da Silva, para a gestão da economia e das finanças públicas se limitam ao que de pior se conhece das administrações petistas. 

b) O partido correu a apossar dos cargos mais importantes já distribuídos. Apresentou uma proposta de aumento desmesurado de despesas que, tudo indica, não passou pelo escrutínio de especialistas de outras correntes de pensamento. Ao se manifestar, Lula assume um tom de desafio arrogante ante a má repercussão das decisões. 

c) Ao que já era temerário acrescentou-se a desfaçatez com a investida contra a Lei das Estatais, na calada da noite desta terça-feira (13), a fim de facilitar a nomeação de um companheiro de campanha eleitoral para o comando do BNDES -0 banco oficial de fomento que protagonizou desastres intervencionistas nos governos do PT.  

JOGO SUJO 

Mais não é preciso reproduzir, porque mais não é preciso acrescentar. 

Tudo isso, ou quase tudo isso, e muito mais, tanto a Folha de S. Paulo quanto a Velha Imprensa, de maneira geral, sonegaram dos leitores e eleitores durante o processo eleitoral. Um jogo sujo e ofensivo à memória e a ética do eleitores e do leitorado.  



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