Os sete municípios do Grande ABC perderam, no conjunto, o equivalente ao dobro da baixa geral do PIB Industrial dos vizinhos mais poderosos da Região Metropolitana de São Paulo, reunidos no que chamo de G-3M, o G-3 Metropolitano, formado por Guarulhos, Osasco e Barueri. A Capital não entra na contabilidade.
Essa constatação vale para o período mais tenebroso da economia nacional, os anos de chumbo do governo Dilma Rousseff.
A base de comparação é a temporada de 2014, com fita de chegada em 2020.
O Coronavírus de 2020 foi muito menos nocivo relativamente ao período Dilma Rousseff para a economia do Grande ABC. Com Dilma Rousseff, nos dois anos específicos, o PIB Geral (que comporta todas as atividades) caiu 20,75% no Grande ABC.
DESCARRILAMENTO
Os dados dos dois últimos anos (temporadas de 2021 e 2022) só serão revelados pelo IBGE também em dois anos. Mas nada se alterará significativamente em termos relativos tanto no PIB Geral quanto no PIB Industrial do Grande ABC e da vizinhança.
O descarrilamento industrial do Grande ABC vem do passado e não encontra paradeiro, embora tenha se acelerado demais com a presidente cassada.
A contabilidade do PIB Industrial inclui sim o primeiro ano do ataque do Coronavírus no País, mas nada se compara à crise contratada pelo governo do PT durante o segundo mandato de Lula da Silva, disfarçado de crescimento econômico insustentável. Como se provou.
POPULISMO
Quem faz populismo econômico sempre provoca muitos estragos. O Estado brasileiro é especialista no assunto. Vende ilusão aos incautos e aos fundamentalistas ideológicos.
No período em que se desgarrou das políticas macroeconômicas herdadas do governo Fernando Henrique Cardoso, ao qual foi obediente nos primeiros quatro anos de mandato, o governo Lula da Silva promoveu gastança sem fim. Dilma Rousseff completou o serviço de desarrumação geral da economia.
Do total de perdas do PIB Industrial do Grande ABC e também de Guarulhos, Osasco e Barueri, perto de 90% estão indexadas aos dois anos de recessão de Dilma Rousseff.
O Coronavírus, portanto, foi menos impactante, principalmente à estrutura econômica do Grande ABC.
METADE, APENAS
Tanto é verdade que o Coronavírus foi menos impactante no Grande ABC que durante os anos de recessão de Dilma Rousseff 20% dos 22,75% do PIB Geral (que considera todas as atividades) no período de seis anos analisados, se registram no setor produtivo.
Enquanto o PIB Industrial do Grande ABC, movido principalmente à indústria automotiva, caiu 27,00% em seis anos (2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020) o PIB Industrial de Guarulhos, Osasco e Barueri tropeçou num volume bastante inferior. Foram 13,55% de queda.
A economia industrial de Guarulhos, Osasco e Barueri é mais diversificada e, portanto, menos sujeita a grandes rupturas.
SOBE E DESCE
Por outro lado, e dramaticamente, a economia industrial do Grande ABC só não desaba ainda mais quando as constantes crises nacionais aparecem nos indicadores porque conta com atenuante do Polo Petroquímico de Capuava.
Exatamente por isso os 27,00% de queda do PIB Industrial do Grande ABC não se aprofundaram ainda mais.
Tanto que Mauá contabiliza PIB Industrial positivo no período de seis anos e Santo André, que participa do bolo de produção de Capuava, caiu menos que São Bernardo e São Caetano, além de Diadema, reféns do setor automotivo.
MAIS DE R$ 13 BILHÕES
Em valores monetários atualizados a dezembro de 2020, a soma de perdas do PIB Industrial do Grande ABC e dos três municípios vizinhos na metrópole alcança R$ 13.164.927 bilhões. Esse montante corresponde a um pouco mais que o PIB Industrial de São Bernardo em 2020 (R$ 12.500.578 bilhões).
Quando se separam os dados de perdas do Grande ABC e do G-3M, o total correspondente aos sete municípios da região registra R$ 9.682.269 bilhões, enquanto R$ 3.482.658 são o extrato negativo de Osasco, Barueri e Guarulhos.
Para que se chegue à compreensão mais didática do quanto o Grande ABC perdeu da força industrial em seis anos basta somar os números de 2020 de Santo André (R$ 7.130.409) e São Caetano (R$ 2.949.167 bilhões).
MENOS PERDA
No caso de Osasco, Barueri e Guarulhos, a queda do PIB Industrial entre 2015 e 2020, tendo 2014 como ponto referência, corresponde ao PIB Industrial de Osasco (R$ 3.249.440 bilhões)
Não é exclusivamente o perfil de produção dos dois territórios mais poderosos da metrópole, depois da Capital exuberante, que determina o comportamento do PIB Industrial.
Num próximo texto vou mostrar mais uma vez, agora com novos dados, a linha de tempo destrutiva à economia regional representada pela construção do Rodoanel Mario Covas.
ULTRAPASSAGEM
Mais uma vez mostraremos numa análise específica o quanto o trecho sul que passa tangencialmente pelo Grande ABC e a construção anterior do trecho oeste, que serve principalmente a Osasco, alteraram para valer o ritmo e o direcionamento de investimentos na Região Metropolitana de São Paulo.
Tudo indica que até o fim desta década o trio formado por Osasco, Barueri e Guarulhos (dispensável colecionar os dados dos entornos desses municípios) ultrapassará o PIB Industrial do Grande ABC.
A caminhada nesse sentido tem sido constante entre outras razões porque ou aqueles três municípios crescem mais que o Grande ABC em períodos de avanço da economia nacional ou perdem menos quando a vaca do PIB vai para o brejo. Caso especifico dos últimos anos analisados nesta revista digital.
Em 2014, ponto de partida da análise em questão, o PIB Industrial do Grande ABC era 38,68% superior ao PIB daqueles três municípios – R$ 30.582.543 bilhões ante R$ 18.768.590 bilhões. Já na fita de chegada de 2020, a diferença se estreitou para 24,40%.
CONTA SIMPLES
Uma conta simples mas robusta no sentido conceitual não deixa pedra sobre pedra sobre a perda de musculatura industrial da região. Nesses seis anos, registrou uma queda de 14,28 pontos percentuais na diferença entre as duas regiões. Isso significa perda anual de 2,38 pontos percentuais. É um volume muito elevado.
Como não há nada que indique que haveria reviravolta nesse embate, ou mesmo manutenção da distância que separa as duas geoeconomias, os 14,28 pontos percentuais seriam eliminados nos próximos seis anos.
Tradução? Quando a década de 2030 começar, a indústria do Grande ABC seria menos importante que a indústria de transformação de Guarulhos, Osasco e Barueri, conjuntamente.
RODOANEL DECISIVO
Voltando à questão relativa aos trechos do Rodoanel, os dados históricos comprovam que se trata de fator decisivo ao crescimento dos três municípios que se rivalizam com o Grande ABC no campo industrial.
Em 1999, quando não havia Rodoanel na estrutura viária de São Paulo (o primeiro trecho, à Oeste, foi inaugurado em 2002) o PIB Industrial do Grande ABC era 36,21% superior ao PIB industrial de Osasco, Guarulhos e Barueri, ou o G-3M.
A velocidade de quebra de diferença se acentuou após a chegada dos dois traçados. Principalmente porque o trecho sul, na geografia do Grande ABC, não conta com conexões locais em número compatível com a concorrência do G-3M. Esse é um tema sobre o qual já nos debruçamos muitas vezes. E ao qual recorreremos mais vezes. o Rodoanel ajudou a erodir a economia regional.
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