Preparei uma charada para você e acho que você vai se dar mal porque para matar a charada é preciso e indispensável que você tenha me acompanhado ao longo dos tempos e que você não se perca em proselitismos numéricos e veja o mundo por um ângulo de correção conceitual.
Não enfiei uma virgula sequer no parágrafo anterior porque vírgula que se preze não aparece a todo instante como insistem muitos profissionais de áreas diversas sem intimidade com o idioma.
Se quisesse meteria umas várias vírgulas nos dois trechos anteriores a este, mas não o fiz para tornar a mensagem mais direta e direta.
SEIS TEMPORADAS
Agora, vamos aos finalmente. Fiquei de mostrar hoje os números municipais da quebra de emprego industrial com carteira assinada no período que começa em janeiro de 2015 e termina em 31 de dezembro de 2020.
Números que dizem respeito aos dois anos tenebrosos de Dilma Rousseff à frente do País e aos quatro anos subsequentes, os quais passaram pelos efeitos nocivos da petista.
Inclui o ando pandêmico do Coronavírus, 2020, porque essa é a reta de chegada do PIB dos Municípios Brasileiros, divulgado pelo IBGE em dezembro passado.
QUAL É A CHARADA?
Faz parte dos 34 anos de análises de CapitalSocial/LivreMercado tomar o pulso e investigar a economia do Grande ABC, além, claro, de invadir a área de outras temáticas relacionados ao Desenvolvimento Econômico e Social.
Afinal, qual é a charada que tenho para hoje? A chara de hoje poderia ser reduzida da seguinte forma:
O QUE TEM MAIS TEM MENOS E O QUE TEM MENOS TEM MAIS?
Agora, passemos aos exemplos que ajudarão o leitor a resolver a situação:
A) Quem somou mais perda de emprego nos seis anos investigados? Um Município que viu a quebra de carteiras assinadas atingir 30.186 trabalhadores industriais ou uma cidade que rebaixou o quadro em 11.435 postos de trabalho?
Também posso perguntar e confrontar outros dois municípios:
B) Quem perdeu mais: quem perdeu 10.004 carteiras assinadas no setor industrial ou quem perdeu apenas 433?
Vou adiante com novo exemplo nas mesmas condições de comparação:
C) Quem perdeu mais empregos industriais? Um Município que perdeu 8.655 postos ou um Município que viu escorrem pelo ralo da recessão 6.544 postos?
QUASE 82 MIL
Poderia mencionar outros exemplos que aparentemente não teriam sentido, mas o leitor vai entender que os questionamentos têm todos os sentidos e objetivos porque mostram com clareza que essa história de achar que mais é sempre mais e que menos é sempre menos nem sempre é verdadeira e sustentável.
Mais pode ser mais mesmo, mas também mais pode ser menos. Tanto quanto menos pode ser menos mesmo quanto menos pode ser mais mesmo.
Em números absolutos, o Grande ABC foi duramente esterilizado no campo trabalhista industrial nos seis anos em questão. Perderam-se 81.989 empregos do setor de produção. Um pouco acima dos redondos 80 mil registrados no período de oito anos em que Fernando Henrique Cardoso dirigiu o País.
LEGADO À PARTE
À parte um legado bastante positivo no campo macroeconômico, FHC tornou a vida do Grande ABC um inferno com medidas que dinamitaram pequenos e médios empreendimentos industriais familiares. Claro que juntamente com o sindicalismo velho de guerra.
O impacto anual do governo Dilma Rousseff é inigualável na história da região. Nos dois anos objetos de pesquisa e análise, foram 67.814 carteiras assinadas do setor industrial para o beleleu. A média anual é irresistivelmente insuperável.
Como tenho cansado de escrever, muito se deve ao antecessor Lula da Silva, gastador de primeira mão que, agora, de volta ao poder, pensa que o Brasil e o mundo são as mesmas coisas de antes. Daí a tragédia anunciada.
RELATIVIZANDO
Para quem observa apenas números absolutos, São Bernardo é campeã insofismável de queda de emprego industrial nos seis anos. Foram decepadas 30.186 cabeças do total de 81.989 da região.
Dividindo um pelo outro dá 36,82% de queda no âmbito regional. Inquestionável? Muito questionável, até porque não é assim que se definem a temperatura e o equilíbrio econômico de qualquer endereço.
Relativamente ao estoque interno de empregos industriais que contabilizava em dezembro de 2014 (ano-base de comparação aos demais seis) São Bernardo perdeu no período mencionado 30,54% dos trabalhadores industriais.
Para chegar a esse marcador basta dividir as perdas líquidas pelo que reunia em 2014, um total de 98.827 postos de trabalho no setor.
MENOS EXPLICADO
Somente Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, menos dependentes do setor automotivo, ficaram abaixo do corte relativo de empregos de São Bernardo no período.
Santo André viu seu estoque industrial cair pouco menos que São Berrando. Foram 28,81%: contava com 34.726 trabalhadores em 2014 e passou para 24.722 em 2020. Uma perda líquida de 10.004 postos de trabalho.
Ribeirão Pires teve o desempenho menos ruim do Grande ABC no período, com queda líquida do estoque de 21,45%. Eram 8.331 trabalhadores com carteira assinada em 2014 e passou para 6.544 em 2020. Ou seja: 1.787 trabalhadores a menos.
Numa comparação simples entre Santo André e Ribeirão Pires, o menos (em números absolutos) permanece menos (em números relativos) a favor de Ribeirão Pires.
MELHOR É MENOR
É uma pena que o menor índice de vulnerabilidade do emprego industrial com carteira assinada em números absolutos em seis anos tenha-se dado com o Município economicamente mais inexpressivo da região.
Rio Grande da Serra perdeu em termos líquidos apenas 433 postos de trabalho. Em números relativos, foram para o ralo 29,04% do estoque de 2014. Eram 1.491 e se tornaram 1.058.
Nesse caso, Rio Grande da Serra é menos que São Bernardo, Santo André e Ribeirão Pires em números absolutos, mas mais que Santo André e Ribeirão Pires, concorrentes em números relativos.
CRISE AUTOMOTIVA
São Caetano e Diadema, como São Bernardo, foram impactados diretamente pela crise nacional e em particular com a quebra da dinâmica do setor automotivo, atividade que concentra a maior parcela de trabalhadores nos três municípios.
O estoque de São Caetano sofreu baixa de 31,44% em seis anos, resultado da perda de 8.655 postos de trabalho: eram 27.534 em 2014 e caiu para 18.879 em 2020.
Diadema alcançou números relativos insuperáveis no período. O estoque de trabalhadores industriais caiu 36,68% : eram 56.471 mil e passou para 36.982 mil.
Traduzindo tudo isso, a constatação é a seguinte:
Diadema carrega a vice-lanterninha em perda de emprego industrial com carteira assinada no quesito absoluto, mas ficou na lanterninha no cômputo geral em números relativos, porque é isso que mais interessa.
CHOQUE VERMELHO
O choque da recessão dilmista na cidade mais vermelha do Grande ABC foi da ordem de 36,68% de queda.
São Bernardo é campeã em números absolutos, mas ficou em quarto lugar em números relativos, atrás de Diadema, Santo André e de São Caetano.
São Caetano, por sua vez, foi a terceira que menos perdeu em números absolutos, mas em números relativos ocupou a terceira posição, atrás de Diadema e de Mauá.
Santo André ficou atrás de São Bernardo, Diadema e Mauá em perda de empregos em números absolutos, enquanto em números relativos perdeu menos que Mauá, Diadema, São Bernardo, Rio Grande da Serra e São Caetano. Ou seja: só ficou atrás de Ribeirão Pires.
COMPLEXO IMPORTANTE
Tenho consciência de que o desfilar desses dados não é muito agradável ao leitor apressado e que eventualmente não está nem aí com a Hora do Brasil do Grande ABC.
Mas é indispensável alocar esse trabalho menos lustroso, por assim dizer, no acervo desta publicação em larga escala recheada de textos atemporais.
No conjunto da obra, ou seja, quando se levantam todos os dados do mesmo cesto regional, chega-se ao total de 81.989 postos de trabalho industrial com carteira assinada alijados do mercado em seis anos e à perda relativa de 31,54% dos trabalhadores que estavam na ativa em dezembro de 2014.
Goste-se ou não desse emaranhado numérico, o bom senso e a responsabilidade social recomendam que se olhem para cada um desses números com preocupação, inquietação e empenho.
Nosso destino em larga escala está na obrigatoriedade de cortar as asas que tolhem nossos passos.
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