O Grande ABC criou 3.622 empregos com carteira assinada nos dois primeiros meses do governo de Lula da Silva e aumentou o estoque de Jair Bolsonaro em 9,74%. A exceção é Santo André, único Município da região a registrar déficit em janeiro e em fevereiro.
Estão faltando 229 postos de trabalho com carteira assinada em Santo André em relação a dezembro do ano passado. O descompasso entre contratações e demissões vai na contramão do comportamento do mercado de trabalho na região, mas não deve se estender aos próximos meses.
Acompanhar atentamente o desempenho do emprego formal na região é uma tradição desta revista digital, aperfeiçoada a partir desta temporada com a criação do Observatório do Emprego do G-7.
QUANTIDADE E QUALIDADE
Todos os meses de todos os anos serão acompanhados por CapitalSocial a partir deste ano. Emprego formal é ativo muito relevante à compreensão da temperatura econômica. Isso significa que quantidade e qualidade dos empregos fazem parceria que permite conclusões. Quantidade sem qualidade tecnológica é uma coisa. Qualidade tecnológica sem quantidade é outra coisa. Tanto uma coisa quanto outra coisa pode ser negativa.
Um exemplo de que quantidade e qualidade precisam caminhar juntas é a estrutura de emprego em Santo André. Essa diferenciação será analisada numa das próximas edições. Com Mauá ocorre caso semelhante. A distorção está concentrada no modelo industrial prevalecente nos dois municípios.
Um dos marcos que condicionarão as análises de CapitalSocial no Observatório do Emprego do G-7 é o ano de 2014, que separa o Grande ABC de crescimento econômico circunstancial, iniciado no governo Lula da Silva, e que prosseguiu no governo Dilma Rousseff, até entrar em parafuso exatamente com Dilma Rousseff e a recessão de 2015-2016.
RECESSÃO DILMISTA
O Grande ABC de 2014 no campo do emprego formal ainda não foi recuperado. Está longe disso. Poderia ter reduzido o descompasso entre contratações e dispensas de trabalhadores da indústria, principalmente, caso não houvesse uma pandemia do Coronavírus no meio do caminho. Como se o vírus chinês não fosse suficiente para produzir estragos, veio a guerra entre russos e ucranianos.
Mesmo com saldo positivo de 37.183 contratações nos quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro (apesar da perda líquida de 48.948 postos de trabalho em 2020 por conta do Coronavírus), o Grande ABC de 2022 contava com um desfalque de 57.813 trabalhadores em todos os setores quando comparado a dezembro de 2014.
Os dois primeiros meses de Lula da Silva representam a recuperação de 6,26% do saldo ainda negativo pré-recessão de Dilma Rousseff. Mas elevou em 9,74% o saldo do período de Jair Bolsonaro.
FALTAM 32 MESES
Nessa toada, com a média mensal dos dois primeiros meses de 1.811 contratações líquidas, seriam necessários 32 meses para que o governo Lula da Silva elimine o déficit remanescente de Dilma Rousseff.
Aquele resultado da petista tem muito a ver também com a bomba relógio deixada por Lula da Silva no segundo mandato, de gastança desenfreada e incompatível com o equilíbrio fiscal.
SÃO CAETANO MELHOR
O melhor desempenho nos 60 primeiros dias de Lula da Silva como presidente é de São Caetano. O critério utilizado para aferir resultados no mercado de trabalho é o obtido pelo estoque de trabalhadores. São Caetano registra saldo líquido nesse começo de temporada de 873 contratações. Isso significa crescimento de 0,83% do estoque apurado em dezembro do ano passado – de 104.912 carteiras assinadas.
Embora com saldo líquido praticamente o dobro de São Caetano, São Bernardo ocupa a segunda posição no ranking de emprego formal do governo Lula da Silva. Tudo porque o saldo líquido de 1.835 contratações representa 0,70% do estoque de dezembro do ano passado – 262.963 trabalhadores.
Diadema conta com saldo positivo de 590 contratações nesta temporada, o que significa 0,65% de aumento do estoque de 89.452 de dezembro passado.
Trata-se de resultado levemente superior ao de Mauá, com saldo positivo de 461 carteiras assinadas num universo de estoque de 68.404 trabalhadores. Rio Grande da Serra contabiliza saldo líquido de 66 contratações e Ribeirão Pires de 26.
SANTO ANDRÉ PERDE
Santo André é um caso especial que deverá desenhar nos próximos meses um quadro mais definido em forma de avaliação.
A queda líquida de 229 postos de trabalho pode ser sazonal, decorrente de alguma atividade específica que tenha sofrido eventuais anomalias de mercado. Santo André é o endereço da região com menor participação relativa do emprego industrial, enquanto os setores de comércio e serviços ocupam quase 80% do mercado de trabalho.
O estoque geral de emprego com carteira assinada no Grande ABC em fevereiro deste ano é de 778.176 trabalhadores.
O Observatório do Emprego do G-7 ainda não contabilizou os dados setoriais do ano passado. A fonte primária de informações, o Ministério do Trabalho e Emprego, ainda não disponibilizou o desempenho de cada atividade.
Os números mais atualizados estão presos a dezembro de 2021, quando o Grande ABC registrava 754.232 empregos formais.
PARTICIPAÇÃO INDUSTRIAL
Desse total, 176.544 postos de trabalho correspondiam ao setor industrial. Ou seja: as empresas produtivas da região representavam 23,40% dos empregos formais. O predomínio de comércio e serviços é expressivo, com 539.546 postos de trabalho (sempre de dezembro de 2021), que correspondiam a 71,54% das vagas ativas.
Quando se verificam apenas os dados de fevereiro deste ano, com a contratação líquida de 3.427 trabalhadores, constata-se que o resultado regional corresponde a 5,24% dos dados do Estado de São Paulo, com saldo líquido de 65.356 contratações.
O Brasil como um todo gerou saldo líquido de 241.785 postos de trabalho, dos quais 164.200 no setor de serviços, 22.246 na construção, 40.380 na indústria, 16.284 na agropecuária e a queda de 1.325 no comércio.
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