Acabou de sair do forno o PIB de Consumo do Grande ABC para esta temporada. PIB de Consumo é o Índice de Potencial de Consumo preparado a cada ano pela Consultoria IPC Marketing, do pesquisador Marcos Pazzini.
A boa notícia é que os números são positivos em relação à inflação do período, ou seja, dos 12 meses anteriores.
A má notícia é que a reação regional por conta da diluição dos efeitos do Coronavírus é menos intensa que a média nacional.
Além disso, ainda registramos os efeitos da recessão de dois anos do governo de Dilma Rousseff.
PERDENDO PARA DILMA
Tanto sofremos que não recuperamos a participação relativa nacional de 2016, quando se encerraram os dois anos da maior recessão da história econômica do País.
PIB de Consumo é diferente do PIB Convencional. PIB de Consumo considera o que a população tem para gastar numa determinada temporada, com base num agregado de dados econômicos oficiais que a Consultoria IPC transforma em insumos de inteligência de múltiplos usos, inclusive dos prefeitos e governadores, além de companhias empresariais.
PIB de Consumo é resultado da temperatura do bolso dos moradores de um determinado Munícipio. Não está vinculado exclusivamente ao Desenvolvimento Econômico municipal.
REALIDADES DISTINTAS
Um Município pode não estar bem das pernas no PIB Convencional, de geração de riqueza em produtos e serviços, mas cresce porque boa parte da população atua profissionalmente em outro Município.
No caso do Grande ABC, a Capital é o local mais densamente ocupado por profissionais locais. Também devem ser considerados como desvios próprios do PIB de Consumo os trabalhadores do Grande ABC que atuam internamente em municípios diferentes de onde residem.
Faltam estatísticas confiáveis que identifiquem com segurança proporções de trabalhadores evadidos dos respectivos municípios.
Dados que já completaram uma década estimavam que perto de 30% da População Economicamente Ativa do Grande ABC atuava fora dos domicílios em que moravam. Santo André era a recordista por conta dos efeitos da desindustrialização.
RIQUEZA LOCAL
Diferentemente do PIB de Consumo, o PIB Convencional (Produto Interno Bruto) é essencialmente produzido no próprio Município. Tudo é contabilizado no local da geração de riqueza. Tanto quanto o mercado de trabalho formal. O Ministério do Trabalho e Emprego conta com inventário completo da atividade.
Por essas e outras medir o PIB de Consumo como expressão máxima de atividades econômicas de um Município é um erro. No caso, também é um erro atribuir ao Grande ABC com segurança o chamado potencial de consumo como constelação de dados irrefutáveis.
Da mesma forma que há trabalhadores evadidos também há trabalhadores que invadem o território regional, oriundos de endereços da maior metrópole da América do Sul.
VAREJO E SERVIÇOS
O valor intrínseco do PIB de Consumo é que os municípios podem ser aferidos com segurança quanto a investimentos principalmente no setor varejista e de serviços. Quem mora nos municípios do Grande ABC, mas trabalha em outra localidade é um consumidor que merece toda a atenção.
O PIB de Consumo do Grande ABC nesta temporada, com valores definidos na temporada passada, registra participação nacional de 1,72558%. Ou seja: de cada R$ 100, R$ 1,72 poderia ser gasto na região. O valor corresponde, portanto, à temporada de 2022. Em termos monetários são R$ 116.081.973.974 bilhões para gastar neste ano em diferentes categorias.
Já o PIB de Consumo de 2016, divulgado no ano seguinte, alcançou 1,72909%. Em valores nominais, sem considerar a inflação do período, eram 72.690.895.129 bilhões. O IPCA entre janeiro de 2017 a dezembro de 2022 é de 35,56%. Dessa forma, o PIB de Consumo do Grande ABC de 2016 corresponderia a R$ 98.539.919 bilhões em dezembro de 2022. O crescimento em termos reais é de 15,11% ou 2,51% ao ano.
DIFERENÇA MÍNIMA
A diferença registrada para esta temporada em relação a 2016 no índice de participação nacional é mínima, nas casas decimais, mas o consolidado para este ano é inferior ao que se consolidou ao final de 2016.
São esses seis anos o período em análise. Ou seja: do fim do mundo da recessão de Dilma Rousseff chegando-se ao encerramento do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Com direito aos estragos do Coronavírus no meio do caminho, além da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Por conta de ser um macroindicador que exige cuidados extremos nas análises, o PIB de Consumo deve ser visto numa linha de tempo. Sobremodo em situação específica de turbulências económicas que marcaram a economia do Grande ABC nas últimas seis temporadas já cristalizadas nessa métrica.
O PIB Convencional e muito mais conhecido ainda não chegou ao ano 2022. Está estacionado no ano 2020. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga com dois anos de defasagem os dados completos dos municípios brasileiros.
RITMO INFERIOR
Embora revele participação nacional inferior à registrada em 2016, o PIB de Consumo do Grande ABC de 2022, aplicado neste ano, apresenta dados mais satisfatórios numa comparação socioeconômica.
A explicação a algo que parece contradição é que o PIB de Consumo do Grande ABC não acompanhou o ritmo de crescimento médio do Brasil no período. A roda de melhoria do Grande ABC gira, portanto, em velocidade inferior. Girou positivamente na temporada de 2022 frente ao ano de 2021, por exemplo, mas sempre abaixo da média nacional. Essa é uma permanente defasagem regional.
Em 2016, segundo dos dois anos de desastre de Dilma Rousseff, período em que perdeu 20% do PIB Convencional, o Grande ABC contava com 937.646 domicílios e 2.753.202 milhões de moradores.
DADOS ESTRATIFICADOS
Desse conjunto, 19,7% eram compostos pela Classe de Pobres e Miseráveis (184.499 famílias), 47,3% de Classe Média Baixa ou Classe C (443.741 moradias), 29,9% de Classe Média Tradicional (279.432 famílias) e 3,2% de Classe Rica (29.984 famílias).
Já em 2022, com dados explicitados para esta temporada de 2023, o Grande ABC apresentou evolução em quase todos os grupamentos socioeconômicos em termos relativos, ou seja, quando se compara o total de moradias de cada categoria com o conjunto total de famílias.
A Classe Rica cresceu para 3,9% do total de moradias (973.298 famílias), com e 38.355 habitações, a Classe Média Tradicional caiu para 28,0% (272.306 moradias), a Classe C ou Classe Média Baixa elevou participação para 50,2% (488.706 moradias) e a Classe Miserável/Pobre caiu para 17,9%.
Na edição de amanhã vamos mostrar o comportamento do PIB de Consumo do Grande ABC deste ano comparado ao PIB de Consumo do ano passado, sempre levando em conta que os resultados foram consumados no ano imediatamente anterior.
POUCO ABAIXO
A participação do PIB de Consumo do Grande ABC deste ano é levemente inferior à do ano passado: 1,72558% ante 1,75270%. Santo André é o destaque da temporada: melhorou consideravelmente no período e evitou queda maior da participação nacional do Grande ABC.
Sem considerar a inflação de 5,79% registrada em 2022, o PIB de Consumo do Grande ABC cresceu em termos nominais 14,34%. Já o PIB de Consumo nacional cresceu nominalmente 16,13% nos 12 meses entre 2021 e 2022. Efeitos da retomada do crescimento econômico pós-Covid e também do Renda Família do governo federal.
Como se observa, o Grande ABC cresceu nominalmente (e também em termos reais, ou seja, acima da inflação) um pouco abaixo da média nacional. Os 14,34% do Grande ABC contrapostos ao 16,13% do Brasil determinaram a diferença.
Amanhã trataremos de mais dados da região. Melhoramos em praticamente todos os grupamentos socioeconômicos em relação à temporada anterior, de 2021. Contamos com acréscimo de 2.381 famílias de classe rica, a Classe Média Tradicional aumentou o contingente em 10.522 domicílios, a Classe C avançou em 2.850 moradias e os Pobres e Miseráveis foram reduzidos em 10.388 famílias.
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