Economia

São Caetano lidera índice de
salário formal por habitante

DANIEL LIMA - 09/08/2023

Fiz umas contas malucas para entender a dinâmica da massa salarial de trabalhadores formais de todas as atividades nos sete municípios da região. Queria saber algo que não está nos números do IBGE. O marco temporal é dezembro de 2021, de dados mais atualizados. 

Qual é o resultado da soma de salários daquele mês quando contraposta à população? Quanto potencialmente fica de recursos em forma de salários para ser utilizado pelos trabalhadores? 

Deu São Caetano em primeiro lugar, São Bernardo em segundo e Santo André em terceiro. Os demais vieram com alguma defasagem. Defasagem no duro mesmo precisa ser entendida sem rodeios.  

São Caetano ganha fácil, São Bernardo está distante, mas em segundo enquanto os demais municípios estão abaixo da marca de R$ 1 mil para cada morador.  

LOCAL DE TRABALHO 

O resultado não quer dizer necessariamente que São Caetano é mesmo a primeira, mas não pode ser descartada da primeira colocação enquanto não houver um estudo que conteste a posição com argumentos e legitimidade. 

O que afinal ocorre para São Caetano, com média mensal por habitante de R$ 2.336,36, seja superada, por exemplo, pela segunda colocada São Bernardo, que registra R$ 1.227,36 por habitante? 

O que acontece é que a massa salarial dos trabalhadores (e também dos servidores públicos de São Caetano) é efetivamente paga nos estabelecimentos sediados no Município, mas não se tem dados da proporção de quem efetivamente mora em São Caetano e em outros municípios.   

Da mesma forma, moradores de São Caetano e dos demais municípios da região que trabalham fora dos respectivos domicílios não estão contabilizados como detentores de massas salariais locais, mas onde prestam atividades.  

MAIS APROPRIADA 

Deixando-se isso de lado, prevalece então a massa salarial paga por empresas comerciais, de serviços, indústrias, construtores e  Administração Pública em São Caetano. 

Há outras modelagens que poderiam ser utilizadas para medir o tamanho do mercado de trabalho formal em forma de ranking, como a média geral exclusiva de quem estava registrado formalmente. Nesse caso, o índice por habitante seria suprimido em favor do índice por trabalhador formal. Nesse cenário, a média geral de São Bernardo é superior a de São Caetano.  

Tanto num caso quanto no outro o que vai acabar aparecendo como resultado final é que determinadas situações poderiam reunir controvérsias.  

Mas a média por habitante parece mais apropriada, com todos os vieses que reúne porque daria a dimensão do quanto supostamente estaria disponível a cada mês em cada Município. 

Certo mesmo é que,  seja qual for a metodologia, as diferenças não serão substantivas a ponto de desqualificar uma ou outra, ou mesma as duas.  

QUASE O DOBRO  

Partindo-se da escolha de massa salarial versus população per capita, São Caetano ganha com vantagem de 47,47% de São Bernardo. A divisão da massa salarial geral de R$ 380.273.477 milhões em dezembro de 2021 (sem contar o 13º salário) pelo total da população representa R$ 2.336,36 ante R$ 1.227,36 de São Bernardo.  

Em valores absolutos, a massa salarial de São Bernardo é maior que a de São Caetano, num total de R$ 1.043.101.364 bilhão. A população de São Bernardo é quatro vezes maior que a de São Caetano. São Caetano contava com o registro formal de 104.912 trabalhadores em dezembro de 2021 ante 262.693 de São Bernardo.  

MENOS DE R$ 1 MIL 

Santo André ocupa a terceira posição regional no ranking que confronta massa salarial e população. Cada morador da cidade contaria com R$ 912,83 caso todo o dinheiro pago em forma de salário aos 203.274 trabalhadores em dezembro de 2021 fosse distribuído a mais de 700 mil habitantes. Ou seja: 25,63% menos que São Bernardo e 60,93% abaixo da média de São Caetano.  

Municípios semelhantes em população, mas relativamente distantes na geografia do ABC Paulista, além de contarem com perfiz econômicos diferentes, Diadema conta com melhor média salarial por habitante em relação a Mauá. 

Eram R$ 750,84 para cada morador em dezembro de 2021, enquanto Mauá não passava de R$ 481,19. Uma distância de 64,09% a favor de Diadema. Que, por sua vez, está 79,41% aquém da média por habitante da líder São Caetano.  

A massa salarial de Diadema é de R$ 322.524.553 milhões (sempre em dezembro de 2021), enquanto Mauá registrou R$ 231.801.350 milhões.   

DADOS NACIONAIS  

No âmbito nacional, a média da massa salarial por habitante está acima de quatro dos sete municípios da região, mas é superada por Santo André por diferença pouco elástica, mas de forma mais profunda de São Bernardo e de São Caetano. 

O Brasil registrava em dezembro de 2021 o total de 48.728.871 milhões de trabalhadores formais e a massa salarial geral alcançava R$ 16.997.312.408 bilhões. A média por habitante registrava R$ 849.86 mil.  

Quem preferir ranking diverso, com a média geral de salários de todos os trabalhadores sem levar em conta o tamanho populacional dos municípios, terá São Bernardo na liderança com média de R$ 3.970,80. Um pouco acima da média de São Caetano, de R$ 3.624,69.  

Quem apostou em Santo André na terceira posição, como no caso de massa salarial versus população, errou redondamente. No caso de média salarial vista sob o ângulo apenas de quem estava com carteira assinada em dezembro de 2021, Diadema ocupa a terceira posição com média geral salarial de R$ 3.605,56, um pouco acima de Mauá com R$ 3.388,76.  

Santo André só aparece na quinta colocação com média de R$ 3.250,73. Mais um pouco e ficaria atrás de Ribeirão Pires, com média geral de R$ 3.206,59. A pequena Rio Grande da Serra é a última colocada no ranking regional com média de R$ 2.730,39.  

DEGRINGOLADA 

A situação de Santo André não é incômoda apenas no ranking regional de média de salário por trabalhador em todas as atividades. Quando se compara o resultado de dezembro de 2021 com o resultado nacional, de quase 50 milhões de registros de trabalhadores, Santo André é superada pela média de R$ 3.488,14.  

A desindustrialização histórica pesa cada vez mais nos dados de Santo André. Por mais que se mantenha relativamente protegida pela Doença Holandesa Petroquímica, que gera muito Valor Adicionado, parente próximo do PIB, Santo André não resiste ao caos logístico, entre outras enfermidades, que ataca duramente suas vísceras econômicas. O novo século pós-morte do prefeito Celso Daniel é um desfile de incompetências do Paço Municipal. E reflete uma sociedade desorganizada temerosa de contrariar os poderosos podres poderes de plantão.  



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