Economia

Indexador-Toyota expõe
déficit de Dilma Rousseff

DANIEL LIMA - 01/12/2023

Seguindo a métrica mais apropriada quando se colocam os balanços mensais ou anuais do emprego formal no ABC Paulista, ainda falta uma grande porção equivalente a 70 fábricas de autopeças da Toyota, que deixou São Bernardo neste ano. A Toyota contava com 550 trabalhadores.  

A base de cálculo é dezembro de 2014, tendo como escopo especial o período de dois anos (2015-2016) do desastroso governo de Dilma Rousseff. Também se leva em conta a temporalidade de recuperação parcial que veio depois, com Michel Temer, Jair Bolsonaro e agora Lula da Silva. 

Chamamos de indexador-Dilma essa contabilidade que está presa, como se observa, a dezembro de 2014. E vamos esticar o tempo até que o tempo de prejuízos de Dilma Rousseff seja encerrado.  

Essa cronologia conjugada e entrecruzada de dados estatísticos é, até prova em contrário, a melhor maneira de observar o mercado de trabalho da região.  

PROPAGANDA ENGANOSA 

Qualquer noticiário triunfalista que não leve em consideração os quase nove anos já vivenciados a partir de 2014, último suspiro de saldos positivos de empregos da gestão petista iniciada por Lula da Silva em 2003, é mero exercício de propaganda enganosa. Nesse ponto, Dilma Rousseff é protagonista maior.  

Qualquer número que se revele sem a âncora da dinamitadora do mercado de trabalho da região, maior inclusive que os estragos de Fernando Henrique Cardoso durante oito anos -- entre 1995 e 2002 -- não passará de manobra ilusionista.  

Vou ser mais reto e direto: não existe responsabilidade social compreendida como jornalismo que não se deixa levar pelas circunstâncias eventualmente favoráveis sem levar em conta o contexto dos quase já completados nove anos.  

A degradação do ambiente econômico da região (e as consequências sociais) não pode ser jogada sob o tapete de mercantilismos de mercadores capitalistas desumanos nem tampouco violado por agentes públicos insensíveis.  

BURACO NEGRO  

No caso do universo de trabalhadores com carteira assinada em todos os setores ou mesmo em determinados setores, esconder o buraco negro deixado por Dilma Rousseff (herdeira e aperfeiçoadora da gastança no segundo mandato de Lula da Silva) é um desserviço à sociedade. 

Tudo bem que não é preciso exagerar no figurino da realidade, retornando a todo momento ao passado para configurar a situação do presente, mas é quase sempre necessário apontar sim o quando a região foi deslocada do Desenvolvimento Econômico por conta das travessuras de Dilma Rousseff.  O PIB Geral da região perde contínua participação nacional desde o começo dos anos 1980. E não para de cair.   

Todo cuidado informativo é pouco. Há deputado petista espertalhão (não é mesmo Luiz Fernando Teixeira, candidato à Prefeitura de São Bernardo?), que usa e abusa de mentiras cabeludas para enganar o distinto público. A partidarização dos fatos que viram fake news é uma medida eleitoreira insidiosa.  

Ou não é verdade que o deputado que fala pelos cotovelos e aparece no noticiário como espécie de ouvidor-geral da mídia, teve o desplante de debitar na conta do prefeito Orlando Morando os passivos de desindustrialização e de desemprego que veem do passado?  

TUDO APAGADO?  

Até parece que o movimento sindical, que a guerra fiscal, que o governo FHC, que o trecho sul encapsulado do Rodoanel e tantos outros passivos jamais existiram.  

Por essas e outras e em nome da seriedade informativa que o jornalismo verde e amarelo rifa a cada novo dia, não se deve abrir mão da contextualização. E a contextualização exige recuperar a memória. Ainda temos um déficit de 38.276 empregos formais para voltar ao que tínhamos em dezembro de 2014. São 106 meses de intervalo. 

Apenas para relembrar, relembrando: com Dilma Rousseff perdemos em 24 meses – 2015-2016 -- da maior recessão da história regional (22% de queda do PIB), nada menos que 94.996 empregos formais.  

Com Michel Temer tivemos uma reação tímida. Com Jair Bolsonaro perdemos 48 mil empregos formais em 2020, por conta da pandemia, mas, mesmo assim, até o final do mandato, o saldo foi positivo com 37.183 trabalhadores. Uma média mensal de 774 contratações como saldo.  

Com Lula da Silva, em 10 meses, o total líquido de contratações na região é de 19.537 trabalhadores. Média mensal de 1.954.  

TREPIDAÇÕES À VISTA  

Não custa lembrar que esse saldo positivo de Lula da Silva deverá sofrer desarranjos temporais. Historicamente, dezembro e janeiro retiram do mercado do trabalho muitas contratações de festejos de fim de ano. Mas, de qualquer forma, é um avanço no atraso, ou seja, um crescimento em cima da hecatombe dilmista. 

Considerando-se a média de contratações liquidas desta temporada em confronto com o saldo ainda negativo deixado por Dilma Rousseff, o ABC Paulista precisaria de 19 meses para zerar a conta de 2014. Ou seja: nesse ritmo pouco provável de ser mantido, somente em maio de 2025 a região poderia soltar fogos para comemorar um zero a zero senão reconfortante, ao menos amenizador das dores do período.  

A quantidade de empregos que ainda faltam na região envolve todas as atividades elencadas pelo Ministério do Trabalho. Em outros textos, relativos a períodos já diagnosticados pelo governo federal, expusemos os valores monetários e movimentações em cada setor. O último balanço oficial é de 2021.  

DADOS MAIS COMPLETOS  

Quando forem atualizados os dados, será possível construir um balanço mais pormenorizado da situação do emprego formal na região, sobremodo com a detecção das oscilações de assalariamento médio de cada atividade e o quanto isso representaria no âmbito geral de cada endereço.  

Os dados desta temporada apresentam quantidade relativa de empregos formais liderada por Mauá, embora em termos quantitativos fique atrás de Santo André e São Bernardo.  

A contagem relativa que confronta o total de contratações líquidas e o estoque de dezembro do ano passado é a mais importante porque mensura o ambiente de trabalho sem distorções. Nem sempre mais empregos formais em relação a outro Município é mais mesmo.  

É o caso de Mauá, que conta com estoque em outubro último de 69.555 empregos formais e está na liderança da região nesta temporada com a contratação de 3.902 trabalhadores, ou crescimento de 5,94%. 

Numericamente, Mauá perde para o saldo positivo de Santo André de 5.073 trabalhadores contratados este ano e também para São Bernardo, com saldo líquido de 6.273.  Mas ganha com facilidade nos dados relativos. Os 5,94% de crescimento do estoque de dezembro de 2022 são mais que o dobro dos 2,50% de Santo André e os 2,40% de São Bernardo.  

Como se verifica, mesmo com mais empregos gerados que Santo André em termos numéricos, São Bernardo fica atrás na classificação. Santo André conta com estoque de 207.669 carteiras assinadas ante 267.368 de São Bernardo. 

OUTROS MUNICÍPIOS  

Diadema e Rio Grande da Serra também geraram relativamente mais saldo de emprego formal nesta temporada do que Santo André e São Bernardo. Com estoque de 90.175 trabalhadores, as 2.785 contratações líquidas neste ano representam crescimento de 3,19% em Diadema.  

Já Rio Grande da Serra, com 2.628 trabalhadores no estoque, gerou saldo líquido de 109, que corresponde a crescimento de 4,33%. O conveniente nesse caso é descartar Rio Grande da Serra por causa do nanismo do mercado de trabalho. 

Ribeirão Pires também apresenta desempenho superior aos municípios de maior porte da região. Nesta temporada o saldo líquido é de 790 carteiras assinadas, para um total de 19.582 trabalhadores em estoque.  

Quem vai mal das pernas na temporada com Lula da Silva na presidência é São Caetano. O estoque de 109.537 carteiras assinadas absorveu apenas 605 trabalhadores em 10 meses, com evolução de 0,56%. Dez vezes menos que a líder Mauá. 



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