Economia

IBGE prepara boa notícia
do PIB da região em 2021

DANIEL LIMA - 07/12/2023

Essa região de sete municípios e quase três milhões de habitantes vai conhecer uma boa notícia nos próximos dias, quando o IBGE divulgará o PIB de 2021 dos Municípios Brasileiros. Fiz uns cálculos por conta própria e risco e posso garantir que deveremos superar a perda de 5,94% causada em 2020 pela pandemia do Coronavírus.  

Não se deve comemorar demais porque a diferença não deverá ser tão expressiva assim, embora tenha um jeito de razoavelmente robusta. Mas robustez circunstancial é uma coisa, robustez estrutural é outra. E isso nem o IBGE nem ninguém garantiriam. Somos uma região especializada em voos de galinha, quando voam as galinhas. Ou seja: damos alguns saltos de avanço do PIB mas mergulhamos em derrocadas logo em seguida.  

Mas, diante de tudo que houve em 2020 com o Coronavírus muito mal tratado em forma de combate na região, o que interessa mesmo é bola no barbante da recuperação econômica mesmo que efêmera ou suscetível a trancos e barrancos. 

Estamos na mesma situação daquele time ameaçado de novo rebaixamento e, de repente, encontra uma saída. Teremos resultados individualmente diferentes e até mesmo contrastantes entre os sete municípios, mas a soma das partes será maior que a soma das partes do ano anterior, o 2020 já mencionado. 

Qual é o resultado?  

Quanto afinal, perguntaria o leitor, crescemos em 2021, primeiro ano da recuperação da economia nacional pós Coronavírus?  

Vou dar uma dica importante que vale para os leigos e também para quem mesmo sem ser economista, mas é apaixonada por Economia, para descobrir atalhos.  

Para entender a geoeconomia da região é preciso botar os olhos em dois ambientes distintos para sincrônicos em termos de influência predominante.  

Antes de revelar, imaginei produzir um curso específico sobre regionalidade que embutisse um aprofundado estudo sobre Economia. Não fosse o contexto atual, até que me meteria de verdade nessa empreitada. Mas o ambiente regional é avesso a incursões diferenciadas. A mediocridade impera. E os bandidos sociais controlam todos os departamentos institucionais. 

DOENÇAS ESCLARECEDORAS  

Como estava dizendo, há dois pontos esclarecedores para diagnosticar ou projetar ou especular sobre o PIB da região. Trata-se da Doença Holandesa Automotiva que envolve principalmente São Bernardo e São Caetano, e menos Diadema, e a Doença Holandesa Petroquímica, que envolve Santo André e Mauá.  

Conforme o ritmo da chuva dessas duas atividades, principalmente da primeira, muito mais abrangente e concorrencial, os números são reveladores ou instigadores a revelações.  

No ano passado, quando divulgamos o PIB dos Municípios de 2020, levamos uma cacetada esperada porque o setor automotivo em nível nacional perdeu nada menos que 31,6% da produção em relação ao ano de 2019. É mesmo uma cacetada e tanto.  

Já no ano de 2021, de que tratamos agora, houve crescimento de 11,6% da produção. Saímos do fundo do poço e respiramos com certo alívio. 

O medidor do setor químico-petroquímico é mais complexo e não agrega um componente que também auxilia na detecção do setor automotivo, em forma de saldo de contratações formais.  

O setor automotivo conta com essa abertura esclarecedora. Se cresce o número de trabalhadores do setor, acredite que a produção vem a reboque.  

PRODUÇÃO AUTOMOTIVA  

Então ficamos assim: como a produção de veículos em 2021 cresceu 11,6% e a região conta com pelo menos 12% de participação nacional (a participação local, ou seja, restrita aos sete municípios é bastante avantajada, como explicamos ainda outro dia) está mais que certo que haverá crescimento. 

Mais um segredo vou adiantar para chegar aonde cheguei, ou seja, à boa notícia de que vamos recuperar parte do muito que perdemos em forma de PIB a partir de 2014, quando o vendaval Dilma Rousseff causou estragos ilimitados. 

O segredo é verificar os resultados do Valor Adicionado divulgado a cada ano (ou seja, sem a defasagem de dois anos do PIB dos Municípios do IBGE) por fontes como a Fundação Seade.  

Valor Adicionado é uma preliminar do PIB convencional. Valor Adicionado é um PIB sem impostos e alguns outros elementos. Não tem como errar, exceto se o governo do Estado, a Secretaria da Fazenda do Estado, emitir números equivocados. A probabilidade disso ocorrer é ínfima. Os técnicos do Estado que cuidam de estatísticas deveriam servir de exemplo a outros servidores não tão qualificados assim.  

VALOR ADICIONADO  

É exatamente sobre o tablado do Valor Adicionado de 2021 que, mais uma vez, me antecipo aos dados do IBGE que serão divulgados até o final do ano para dizer que nosso PIB cresceu. E não cresceu pouco. Cresceu mais que a queda do ano anterior, o 2020 tenebroso – como já informei. 

Chega de fazer suspense? Vamos à revelação? Se não houver tropeço numérico da Secretaria da Fazenda, se os dados divulgados não sofreram nenhum tipo de interferência, se não houver nenhuma acidentalidade, a região terá crescido em forma de PIB algo como 11,41%.  

Se me permitem (e permitam por favor, porque com o Datafolha todos são condescendentes), me deem ao menos dois pontos percentuais para cima e para baixo. Mais para baixo do que para cima. 

Está certo que crescer 11,41% de um ano para outro não é pouca coisa. Embute-se nesse caso uma dúvida cruel. Será que é tudo isso mesmo? Me fiz essa pergunta o tempo todo depois de trabalhar intensamente os dados que colhi na noite passada. Cheguei até mesmo a perder o sono diante da possibilidade de cometer um erro cruel. 

Mas resolvi assumir o risco porque risco acho que não existe e se existir e se confirmar em forma de equívoco não quero nem saber, porque estou alertando sobre o risco.  

SÃO CAETANO DEMAIS  

O que me fez ganhar o campo de certa tranquilidade em forma de retirada de pedregulhos do caminho estatístico foi buscar os dados da indústria automotiva e considerar os pesos relativos da atividade em cada Município da região.  

Como fiz essa experiencia no ano passado e o resultado final se encaixou perfeitamente no que havia projetado, sigo em frente.  

Só não vou revelar agora os dados individuais dos municípios. Posso antecipar, entretanto, que quem mais vai comemorar os resultados do PIB dos Municípios da região em 2021 é São Caetano do prefeito José Auricchio. Pelos cálculos que elaborei, teremos um crescimento por volta de 18% em termos reais, ou seja, descontando a inflação. 

Juro que estou encafifado com o avanço estratosférico de São Caetano. É muita coisa de um ano para outro. Entretanto, como São Caetano depende sobremaneira da General Motors, numa Doença Holandesa muito mais vulnerável e recuperável do que a de São Bernardo, tenho que acreditar nos dados.  

Alguma novidade ocorreu na fábrica da GM em São Caetano em 2021 em relação não só ao ano anterior mas provavelmente também de anos anteriores, que impactou tanto o PIB Geral. Entenda-se PIB Geral a soma de todos os bens e serviços da economia municipal.  

NEM MAUÁ  

Nem a petroquímica Mauá conta com números tão eloquentes de São Caetano, mas deverá registrar algo próximo de 9% de crescimento do PIB de 2020 para 2021. Santo André, também dependente petroquímico, crescerá um pouco menos, por volta de 5%.  Algo semelhante ao crescimento projetado para Diadema, que depende em grau razoável do setor automotivo. 

A surpresa mesma é que, como maior reduto do setor automotivo da região, São Bernardo corre o risco de ficar negativada mais uma vez no PIB Geral, porque, levando-se conta o Valor Adicionado, ocupa a mesma raia numérica da inflação daqueles 12 meses.  A explicação é que o peso maior da derrocada automotiva do 2020 pandêmico fez estragos demais em São Bernardo. Sem contar, claro, o passado recente, em forma de Dilma Rousseff. 

Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, sem pai nem mãe em forma de Doença Holandesa, deverão registrar números negativos.  

ACORDA, MÍDIA  

O leitor não pode imaginar que me faltem dados do Valor Adicionado e de outros ingredientes. Escondo os números propositalmente. Mas como não sou de sacanear leitor algum, é possível que volte ao assunto antes de o IBGE publicar oficialmente o PIB dos Municípios Brasileiros, provavelmente na terceira semana de dezembro, como sempre ocorre a cada ano dezembro.  

Então, perguntaria o leitor, qual é a razão dessa preliminar numérica? Fiquei com vontade de mandar uma boa notícia a São Caetano, principalmente, porque as últimas temporadas não foram generosas com a cidade de melhor qualidade de vida das regiões metropolitanas brasileiras.  

Não é somente por isso, claro. O principal mesmo e para valer é que vamos festejar o crescimento do PIB da região com números satisfatórios, os quais aliviam de alguma forma a barra de números tenebrosos principalmente durante os dois últimos anos do governo Dilma Roussef.  

Essa preliminar também tem o objetivo de chamar a atenção da mídia regional que geralmente não trata o PIB com esmero, cuidado e muita atenção – o que é, cá entre nós, um acinte, dada a importância do indicador.  

Chega-se ao ponto, como no ano passado, de até mesmo alguns veículos esconderem os dados. Subsiste uma mentalidade vitimista que consiste em deixar de lado determinadas matérias supostamente broxantes da economia para evitar que o ambiente psicológico flerte ainda mais com depressão coletiva.  

Tudo isso não passa de bobagem. Manchetes ao longo de cada ano vão revelando os seios econômicos e sociais irreversivelmente frouxos até que todos entendam que a pior das alternativas é sonegar informações e transferir reações a terceiros.  Injeções de silicone triunfalistas têm efeitos temporários e desastrosos.  



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