Mesmo sem um plano estratégico que possa chamar de seu, mas com o aporte de um pacote consistente de obras viárias que melhoraram a logística interna de São Bernardo, Orlando Morando é o único dos três prefeitos reeleitos em 2020 que conseguiu superar a traumática e ainda extensiva derrocada da economia da região nos dois últimos anos do governo Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016.
O crescimento real (descontando-se a inflação do período) do PIB Geral de São Bernardo nos cinco anos já apurados pelo IBGE contempla o total de 7, 94%, ou uma média anual de 1,59%. Santo André registra queda acumulada de 1,50% no período, enquanto São Caetano mergulhou num abismo de 9,40%.
No conjunto, quando se agregam os valores de Santo André, São Bernardo e São Caetano, registrou-se crescimento acumulado real do PIB Geral de 2,22%, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2021. O saldo positivo se deve exclusivamente a São Bernardo que, com crescimento real de quase 10% em cinco anos, salvou a barra das deficitárias Santo André e São Caetano.
Esses números, ou mais especificamente o comportamento da Economia de São Bernardo, só confirmam o que analisamos ao longo dos últimos anos e reforça críticas ao deputado estadual Luiz Fernando Teixeira, petista que concorrerá à Prefeitura de São Bernardo no próximo ano.
DEPUTADO EXAGERADO
Luiz Fernando Teixeira precisa parar de disparar fake news para sensibilizar os ignorantes e satisfazer parte da mídia que o quer instalado no Paço Municipal em 2025. É um direito do deputado estadual pretender chegar ao topo da hierarquia do Executivo de uma São Bernardo metade vermelha. Entretanto, não fica bem assassinar a verdade.
Analfabeto em economia e diplomadíssimo em política de dados fraudulentos, Luiz Fernando Teixeira atribuiu ao atual prefeito de sete anos de dois mandatos todos os males do esvaziamento industrial de São Bernardo – uma derrocada que na realidade tem origem na segunda metade dos anos 1970 com o surgimento do movimento sindical e que, ao longo de décadas, acrescentou novos ingredientes de dissuasão a investimentos e produção.
Luiz Fernando Teixeira parece que não conhece a história do sindicalismo e de seu braço político, o PT, além de influências danosas do governo Fernando Henrique Cardoso, do genocídio econômico da região provocado pela construção excludente do Rodoanel Mário Covas, entre outros fatores que já cansamos de analisar.
MUITA CAUTELA
Advertir os leitores sobre o risco de consumirem declarações do deputado petista que quer comandar São Bernardo não é uma tomada de restrição partidária, ideológica ou mesmo personalizada. Trata-se exclusivamente da realidade que dados oficiais confirmam.
Mais que isso: os méritos de Orlando Morando no caso específico do crescimento do PIB de São Bernardo não são uma torre inabalável de digitais próprias. Morando e os demais prefeitos da região ainda não acertaram a mão na construção de alicerce gerador de planejamento e ações. Falta a Sã Bernardo e aos demais municípios um Planejamento Estratégico.
Atribuir às eventuais políticas públicas direcionadas ao campo econômico a maior ou mesmo elevada parcela do sucesso de São Bernardo no PÌB Geral pós-Dilma Rousseff seria tão conflitante com a realidade quanto o inverso praticado pelo deputado Luiz Fernando Teixeira.
No balanço final, considerando-se as partes municipalistas de bons e maus resultados da economia de São Bernardo, Orlando Morando fica com a maior parte do sucesso interno, mas, no conjunto da obra, como a maioria dos prefeitos do País, deve o resultado a fatores estranhos à dinâmica ou ao fracasso do modelo econômico municipal. Afinal, não se altera o perfil de qualquer Municípios em tão pouco tempo. É um processo que requer continuidade que vai além de dois mandatos.
PERFIL PRODUTIVO
Entretanto, não é obra do acaso que São Bernardo tenha obtido o único resultado positivo entre as três prefeituras governadas por tucanos que se elegeram em 2016 e se reelegeram em 2020.
Uma das respostas mais efetivas é o perfil da produção industrial. Houve razoável recuperação média da produção de veículos nos cinco anos pós-Dilma Rousseff, em parte interrompida e enfraquecida em 2020, durante o período mais agressivo da pandemia do Coronavírus.
São Bernardo e São Caetano têm dependência relativa semelhante no conjunto da obra produtiva do setor automotivo, mas há maior entranhamento interno da indústria de São Bernardo e, claro, maior força-motriz.
São Caetano depende demais de uma única montadora de veículos, a General Motors, o que a coloca no paroxismo da Doença Holandesa Automotiva. Isso significa dizer que São Caetano é fortemente debilitada quando o setor automotivo vai mal porque a centralidade local da General Motors não tem a companhia de montadora detentora de outro perfil de produção. A Doença Holandesa de São Caetano é, portanto, mais grave que a de São Bernardo.
MAIS DIVERSIDADE
São Bernardo divide de forma mais diversificada a produção de veículos, inclusive de ônibus, e com isso conta com mais resistência e também reage mais rapidamente quando o setor sai do encalacramento.
Dilma Rousseff deixou o setor automotivo da região sob escombros. A reação de São Bernardo é mais acentuada também porque perdeu mais no período de maior recessão da história regional.
Santo André, São Bernardo e São Caetano dos prefeitos reeleitos Paulinho Serra, Orlando Morando e José Auricchio Júnior representam 72% do PIB Geral da região. Em 2016, marco inicial desse novo estudo, o PIB deixado pela presidente Dilma Rousseff chegou em valores nominais, a R$ 81.255.137 bilhões nos três municípios da região. Na outra ponta, em dezembro de 2021, conforme dados anunciados na semana passada pelo IBGE, o PIB deveria chegar a R$ 104.128.457 bilhões para que não se registrasse déficit nesse período de cinco anos.
O total de R$ 106.464.077 bilhões revela que os três municípios, com crescimento de 2,24% no período só obtiveram em conjunto esse resultado por causa dos ganhos de São Bernardo.
APENAS SÃO BERNARDO
A contabilidade restrita aos três maiores municípios e coincidentemente comandados por prefeitos reeleitos, e que portanto contam com completos cinco anos mensuráveis, só é favorável mesmo a São Bernardo com o avanço real de 7,94%.
O PIB Geral de São Bernardo é de R$ 58.277.014 bilhões. Para que não houvesse registro negativo a partir do pós-Dilma, deveria ter registrado R$ 53.991.363 em valores corrigidos sobre o original de 2016 de R$ 42.131.380 bilhões. Daí o crescimento real.
Situação diferente de Santo André. O PIB de 2021 chegou a R$ 32.620.295 bilhões. Deveria, se corrigido, chegar a R$ 33.110.174 caso o valor original do PIB de 2016, de R$ 25.837.046 bilhões fosse atualizado pela inflação.
Em São Caetano, o PIB original de 2016, de R$ 13.286.711 deveria chegar a R$ 17.026.920 bilhões caso fosse corrigido inflacionariamente, mas não passou de R$ 15.566.768 bilhões.
MERCADO DE TRABALHO
No campo trabalhista, especificamente no mercado de trabalho formal, os cinco anos pós-Dilma Rousseff também já estão contabilizados oficialmente. E o comportamento dos três municípios mais tradicionais da região é semelhante, ou seja, diferente das oscilações do PIB.
Em Santo André o crescimento do estoque de trabalhadores em geral (de todas as atividades) chegou a 4,01% nos cinco anos, ante 3,96% de São Bernardo e 3,24% de São Caetano.
Em 2016, quando Dilma Rousseff saiu da presidência, Santo André, São Bernardo e São Caetano contavam com 548.923 trabalhadores com carteiras assinantes do total regional de 731.238. Na ponta do estudo, em dezembro de 2021, os três municípios contavam com estoque de 570.879 registros trabalhistas. Uma variação positiva do estoque de 3,86%.
A atividade econômica mais importante da região e muito relevante ao equilíbrio social aponta que nos cinco anos já contabilizados pós-Dilma Rousseff, Santo André passou a contar com 26.404 trabalhadores com carteira assinada ante 25.264, ou seja, com saldo positivo de 1.140 postos. São Bernardo contava com 74.939 empregos formais industriais em 2016 e caiu para 70.408 em 2021, com saldo negativo de 4.531. Já São Caetano registrava em 2016 o total de 20.106 carteiras assinadas no setor industrial, ante 19.584 em 2021, com déficit de 522 postos de trabalho.
No saldo total, portanto, dos 120.309 trabalhadores industriais em 2016 que resistiram ao governo Dilma Rousseff, 116.396 seguem com carteira assinada. Uma queda de 3,25% no estoque fabril.
DEMAIS MUNICÍPIOS
Os demais municípios da região, que contam com prefeitos eleitos em 2020 e que, portanto, têm apenas três temporadas de impactos econômicos sob nova direção, registram dados do PIB bem mais robustos sob a mesma comparação temporal, ou seja, entre 2017 e 2021.
Quem mais cresceu foi a químico-petroquímica Mauá com índice positivo de 16,10% ante 4,08% de Ribeirão Pires. Diadema destoa nesse segundo grupo da economia regional, num processo que vem de longe, com queda do PIB de 9,02% no acumulado de cinco anos. Diadema tem uma composição mais diversificada de matrizes econômicas, mas sofre relativamente mais com o setor de autopeças.
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