Economia

G-22: Santo André encerra
2023 como 13º em emprego

DANIEL LIMA - 08/02/2024

Cumprindo rigorosamente um padrão de triunfalismo desnecessário, a Administração do prefeito Paulinho Serra desfila números do mercado de trabalho formal registrados no ano passado que não combinam com a realidade. A tática é repetitiva e se estende desde o primeiro mandato.

No universo da região, Santo André perde para Mauá na contabilidade geral. E no G-22, o grupo dos 20 maiores municípios do Estado (Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não contam), Santo André está em 13º lugar.

Seria interessante à gestão de Paulinho Serra que, ao invés de propagar fakenews combativas ao jornalismo independente, cuidasse com mais zelo de informações disseminadas à população, sem concessões a bobagens.

Utilizar-se de terceiros em coluna de fofocas políticas para insinuar oportunismo de quem jamais foi oportunista é covardia.

DADOS OFICIAIS

O resultado do Ranking do Emprego Formal do G-22 produzido por CapitalSocial está conectado aos dados oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego. Não tem enrolação. E, mais que isso, a metodologia é utilizada por todo pesquisador que tem juízo. Pena que alguns políticos e assessores ultrapassem rotineiramente a barreira ética com manipulações.

O que diferencia a divulgação dos dados sobre empregos formais pela assessoria do prefeito Paulinho Serra e o bom senso é que o prefeito e assessores não entendem a equação lógica. Fosse seguir a lógica da equação do prefeito e assessores, Santo André perderia posição no ranking do G-22 para Ribeirão Preto, por exemplo. Em quantidade, Ribeirão Preto criou mais empregos no ano passado (6.178) do que Santo André (5.948). Entretanto, o que vale mesmo é a variação do saldo do estoque de dezembro de um ano comparado com dezembro do ano anterior. Nesse caso, o saldo de Santo André é de 2,94%, enquanto o de Ribeirão Preto é de 2,68%.

CAMPINAS EMBLEMÁTICA

O caso de Campinas é emblemático. Em termos quantitativos é o melhor endereço no saldo de empregos formais em 2023, com 13.205 contratações líquidas. Entretanto, como o estoque era mais elevado em dezembro de 2022, a variação não passou de 3,33%. Campinas está na oitava posição do ranking.

Há vários exemplos iguais ou assemelhados O cálculo de efetividade do emprego divulgado pelo Ministério do Trabalho, portanto, é sempre mais apropriado quando comparado ao estoque anterior.

Os números abaixo mostram posição por posição do Ranking do G-22. O G-22 de fato e para valer reúne os 20 maiores municípios do Estado de São Paulo. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que completam o time regional, não têm bala para disputar o ranking. Os dois municípios são inseridos extraoficialmente para que a região como um todo seja esquadrinhada.

E a região como um todo teve comportamento abaixo da expectativa na conquista de empregos com carteira assinada no ano passado. Durante os 12 meses, os sete municípios amealharam saldo positivo de 16.394 postos de trabalho, ante 84.229 dos demais (G-15) dos 20 maiores municípios.

A participação relativa de 16,30% no total de 100.627 empregos formais do G-22 significa que a região se comportou abaixo da participação do PIB relativamente aos demais municípios do grupamento. O PIB da região dentro do PIB do G-22 equivale a 25%, segundo os últimos dados oficiais. Ter menos emprego formal que PIB significa que a região segue perdendo força econômica.

DADOS INSUFICIENTES

A contabilidade ideal para aferir com precisão o comportamento do emprego formal da região no ano passado deveria ser o total do estoque de empregos formais do G-22 em dezembro de 2022 e medir detalhadamente quanto tínhamos em relação aos demais municípios. Isso não foi possível porque o Ministério do Trabalho ainda não dispõe desses dados.

Os dados atualizados sobre o perfil dos empregos com carteira assinada dos municípios brasileiros estão estacionados em 2021. Aqueles números revelam, entre outros pontos, o total por Município em cada modalidade de emprego (industrial, comercial, serviços, mercado imobiliário, entre outros) e também a média salarial de cada atividade.

Temos cuidado permanentemente desses dados, transformando-os em matérias-primas de análises. Entre a abundância de análises que já fizemos, consta estudo em que Santo André só supera Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra em média salarial.

MAIS CUIDADOS

Desta forma, entre outros pontos, para se conhecer a real situação do mercado de trabalho da região sem o cometimento de equívocos, é importante observar vários pontos. Mais empregos em números absolutos ou números relativos não significam necessariamente mais massa salarial.

As duas primeiras colocadas do ranking do G-22, que se segue, são cidades que vivem da Doença Holandesa Petroquímica. Paulínia e Mauá foram beneficiadas pela temperatura econômica que favoreceu o setor petroquímico no ano passado.  Santo André tem participação relevante no setor, mas perde a cada ano postos de trabalho no geral da indústria.  O setor de serviços de Santo André, de salários muito aquém do industrial, engrossa o saldo de empregos formais.

RANKING DO G-22

Acompanhe os resultados do Balanço do Emprego Formal de 2023 e a ressonância no estoque de empregos do G-22:

1. Paulínia com variação relativa do estoque de empregos de 9,42%, resultado do saldo de 4.318 carteiras assinadas.

2. Mauá com variação relativa do estoque de empregos de 6,02%, resultado do saldo de 3.952 carteiras assinadas.

3. Mogi das Cruzes com variação relativa do estoque de empregos de 4,39%, resultado do saldo de 4.667 carteiras assinadas.

4. Taubaté com variação relativa do estoque de empregos de 4,14%, resultado do saldo de 3.159 carteiras assinadas.

5. Piracicaba com variação relativa do estoque de empregos de 3,88%, resultado do saldo de 4.928 carteiras assinadas.

6. Guarulhos com variação relativa do estoque de empregos de 3,66%, resultado do saldo de 12.706 carteiras assinadas.

7. Santos com variação relativa do estoque de empregos de 3,39%, resultado do saldo de 5.657 carteiras assinadas.

8. Campinas com variação relativa do estoque de empregos de 3,33%, resultado do saldo de 13.205 carteiras assinadas.

9. Sumaré com variação relativa do estoque de empregos de 3,32%, resultado do estoque de 1.958 carteiras assinadas.

10. São José do Rio Preto com variação relativa do estoque de empregos de 3,09% resultado do saldo de 4.309 carteiras assinadas.

11. Sorocaba com variação relativa do estoque de empregos de 3,04%, resultado do saldo de 6.218 carteiras assinadas.

12. São José do Rio Preto com variação relativa do estoque de empregos de 3,09%, resultado do saldo de 4.309 carteiras assinadas.

13. Santo André com variação relativa do estoque de empregos de 2,94%, resultado do saldo de 5.948 carteiras assinadas.

14. São Bernardo com variação relativa do estoque de empregos de 1,89%, resultado do saldo de 4.926 carteiras assinadas.

15. Ribeirão Preto com variação relativa do estoque de empregos de 2,68%, resultado do saldo de 6.178 carteiras assinadas.

16. Osasco com variação relativa do estoque de empregos de 2,38%, resultado do saldo de 4.271 carteiras assinadas.

17. Diadema com variação relativa do estoque de empregos de 2,29%, resultado do saldo de 2.000 carteiras assinadas.

18. Jundiaí com variação relativa do estoque de empregos de 1,26%, resultado do saldo de 2.244 carteiras assinadas.

19. Barueri com variação relativa do estoque de empregos de 1,02% resultado do saldo de 3.440 carteiras assinadas.

20. São Caetano, última colocada com variação negativa do estoque de empregos de 0,93%, resultado do saldo negativo de 1.013 carteiras assinadas.



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