Não sei já nasceu o prefeito que poderia estancar a decadência econômica de Santo André que, ao longo dos últimos 40 anos, nem mesmo Celso Daniel conseguiu levar a cabo. Um novo indicador do quanto a ex-Capital Econômica da região, hoje Viveiro Assistencial, perde viscosidade se refere à média salarial dos trabalhadores com carteira assinada. Dentro do G-22, dos maiores municípios do Estado, Santo André está na zona de rebaixamento, dos quatro últimos colocados.
Não adianta o prefeito Paulinho Serra ocupar manchetes de farsas que colocam Santo André como paraíso regional. Nos últimos sete anos possíveis de ser contabilizados, dos quais cinco anos da gestão do tucano, Santo André caiu pelas tabelas na média salarial no G-22. Nada diferente dos anos anteriores. E nada que surpreenda porque também tem sofrido quedas continuadas no Ranking de PIB Per Capita do Estado de São Paulo. Tanto que está na posição 184.
Santo André é um caso aparentemente sem solução, porque não procura solução com técnica. Prefere o marketing fastfoodiano.
ACIMA DE TRÊS
Superar apenas e unicamente Mogi das Cruzes, São José do Rio Preto e Taubaté no Ranking Salarial do G-22 é o fim da picada, mas não é surpresa.
O processo de depauperização dos assalariados de Santo André (e da região como um todo) se acentuou com duas catástrofes desde 2014, base desse novo estudo. Primeiro e de forma inigualável os dois anos mais tenebrosos da história regional, entre 2015 e 2016, sob o comando federal da destruidora Dilma Rousseff. Segundo, o ano de 2020, com o Coronavírus. Mas o Coronavírus é café pequeno ante Dilma Rousseff e suas pedaladas fiscais.
Mesmo a recuperação do emprego formal em 2021, não foi suficiente para restaurar a força do trabalho com carteira assinada em Santo André e na região.
Hoje vamos tratar exclusivamente de Santo André por causa da posição no ranking. Os demais municípios da região que constam no G-22 têm resultados melhores, embora também debilitados. O G-22, nunca é demais lembrar, de fato é G-20. Os dois municípios que o completam numericamente (Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), não têm porte para estarem no grupamento.
MÉDIA REGRESSIVA
Ainda antes de apresentar os números em detalhes não custa repetir, porque a turma de fake news que se alastra em endeusamentos insustentáveis é capaz de contestar o incontestável: Santo André ocupa a zona de rebaixamento do Ranking Salarial que envolve trabalhadores de todos os setores.
A média salarial de Santo André em dezembro de 2021 (bandeirada final do estudo) não passava de R$ 3.250,73, e correspondia a um crescimento nominal (sem considerar a inflação) de 34,38% em relação a dezembro de 2014 (portanto, antes da recessão dilmista), de R$ 2.419,08. Como a inflação do período, do IPCA, alcançou 50,75%, a perda é evidente. Afinal, em valores corrigidos, não poderia ser inferior a R$ 3.646,76. Uma queda de 12,18% no período, média anual de 1,74%.
Para se ter uma ideia mais precisa do quanto isso significou em termos mais abrangentes, a média salarial brasileira no mesmo período passou de 2.449,11 para R$ 3.488,14. Ou seja: crescimento nominal de 42,46%, pouco abaixo da inflação de 50,75%. Traduzindo: em relação à média nacional, a média dos assalariados de Santo André se comportou bem aquém do necessário. Perder para a média nacional não é um bom indicador.
PERDA CONTINUADA
O mais grave em tudo isso (e nas próximas matérias vamos mostrar isso) é que a situação do indicador de média salarial de Santo André ao longo dos anos é mais que preocupante porque é recorrentemente abaixo dos referenciais de segurança.
A tendência é de perder mais e mais, mesmo que cada perda anual seja menos intensa que a de alguns competidores da região. A explicação é que quanto mais baixa a média salarial nesse ritmo de Titanic, mais se aprofunda a derrocada como sinônimo de gravidade.
Se você ainda não entendeu por que o caso de Santo André de perder menos a cada ano é mais grave que perder mais num determinado período e reagir, vamos nos próximos dias apresentar um exemplo claro, que está na região.
SEM EXCEÇÃO
Então, para que não paire dúvida, Santo André não é a 16ª colocada num ranking de 20 cidades por obra de sazonalidade típica de Dilma Rousseff e do Coronavírus. A trajetória descendente vem de longe. E se aprofunda tão lentamente quanto preocupante.
Por essas e outras nenhum cada prefeito que ocupou o Paço Municipal neste século, de João Avamileno a Paulinho Serra, passando por Aidan Ravin e Carlos Grana, escapa à constatação de que são farinhas do mesmo saco de descuidos administrativos. Eles desdenharam que a saída para Santo André reagir para valer, não nas páginas de jornais, é planejar e executar políticas públicas direcionadas ao futuro econômico, ao invés de criarem fantasias. Um exemplo: Santo André 500 Anos não tem sintonia planejada com o reformismo econômico. Mais que isso: se trata de um monumental show de aspirações sem nexos. Uma largada propagandística que sugere uma bandeirada final em 2053 que significaria a redenção de Santo André.
Voltando ao ranking que será apresentado por inteiro numa outra edição, o que pesa contra Santo André à manutenção do esquartejamento econômico expresso na média salarial dos trabalhadores com carteira assinada é a cada vez mais baixa participação do setor industrial como empregador.
BRASIL MELHOR
Em 2021, ponta dos estudos, dos 203.274 portadores de carteiras assinadas, apenas 12,99%, ou 26.404, ocupavam espaço na indústria de transformação. E nada menos que 75% do estoque de trabalhadores se concentrava nos setores de comércio (20,55%) e serviços (54,95%), de baixíssima remuneração salarial. Ou seja: ao gerar emprego líquido, entre admissões e demissões, Santo André passa a falsa ideia de que avança. Mas cada emprego industrial a menos em relação a outros empregos em outros setores, mais a média salarial desaba.
A ocupação de trabalhadores no setor industrial de Santo André é inferior à média brasileira, que chega a 15,63%. Em dezembro de 2021 estavam registrados no País 7.615.740 empregados no setor industrial. No total, envolvendo todos os setores, o Brasil contabilizou 48.728.871 trabalhadores, dos quais 37,39% no setor de serviços e 19,54% no setor de comércio. O total de empregos com carteira assinada em Santo André em dezembro de 2021 correspondia a 0,42% do universo nacional.
Números comparativos entre a média salarial de Santo André e a média salarial nacional em 2021 mostram que no setor industrial a vantagem (ou o custo do trabalho?) era de Santo André, com R$ 4.409,46 ante R$ 3.265,18. No setor de serviços, a média de Santo André de R$ 3.040,11 era superada pela média nacional de R$ 3.384,77. E no comércio a média salarial de Santo André correspondia a R$ 2.482,12, ante R$ 2.365,85 da média brasileira.
SALÁRIOS E TRIBUTOS
Faltam dados históricos que possibilitem comparações ainda mais profundas, mas esses dados detalhados que ainda não foram atualizados à temporada de 2022 são evidências, quando não provas provadas, de que somente negacionistas desclassificam qualquer objetivo que revele a decadência de Santo André.
Numa próxima análise vamos mostrar a situação da região como um todo durante os sete anos desse estudo. A massa salarial da região no período enfrentou uma borrasca que se contrapõe a políticas públicas de aumento na arrecadação de impostos municipais.
Há incompatibilidade entre massa salarial (dinheiro disponível para se viver) e os custos sempre crescentes de arrecadação municipal. Essa é a pior das equações. O empobrecimento econômico da região sofre estocadas que agravam o poder de recuperação.
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