Sociedade

Província poderia ter na Economia
reestruturação criminal de Diadema

DANIEL LIMA - 19/07/2011

Bem que a Província do Grande ABC poderia seguir na Economia o exemplo de Diadema na área de segurança pública. O que separa a desestruturação econômica do Grande ABC nos anos 1990, com reflexos até agora e que devem perdurar ao longo desta década, e o combate sistemático à criminalidade em Diadema pode ser resumido numa expressão simples: vontade política.


Os mais recentes indicadores de criminalidade em Diadema, publicados outro dia pelo jornal ABCD Maior, mostram que não passou de desvio estatístico o aumento de casos de homicídios no ano passado em relação às temporadas anteriores, todas progressivamente fortalecedoras de numerologia decrescente. Algumas variações para cima no período foram apenas em números absolutos. Aplicados conceitos internacionais que dividem os assassinatos pelo número de habitantes, os índices seriam reduzidos também.


Para se ter ideia do tamanho dos efeitos do que chamaria de capital social na área de Segurança Pública ao longo da última década em Diadema, o primeiro semestre deste ano acumulou apenas 15 ocorrências de homicídios, enquanto no ano passado foram registrados 44. Uma queda de 66%, em números redondos.


Tem mais: diferentemente de determinados manipuladores estatísticos que de vez em quando botam a cara de pau para fora na Província do Grande ABC, a redução em Diadema não é resultado de mandraquismos de selecionar números de acordo com conveniências temporais. A curva de regressão dos casos de homicídios começou em 2002, quando ocorreram 124 homicídios no primeiro semestre.


Página eletrônica da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo também pode ser consultada para confirmar que Diadema levou a sério a decisão de rebaixar drasticamente os casos criminais, principalmente de homicídios, que lhe custaram anos a fio a derrocada da imagem. Um dos endereços mais tristemente à frente do ranking nacional de criminalidade no fim dos anos 2000, Diadema tratou de botar sebo nas canelas da organização interna para amenizar os efeitos que o estigma provocava tanto no rebaixamento da autoestima quanto no desenvolvimento da economia local.


É claro que não se apagam os ônus daquele período. Para efeitos externos, principalmente nos demais municípios da Província do Grande ABC, Diadema ainda segue a sina de Município de alta criminalidade, reproduzida em termos econômicos na desvantagem do preço do metro quadrado no mercado imobiliário, apesar da exiguidade de espaço.


Entre 2001 e 2010, os homicídios em Diadema tornaram-se algo semelhante à queda de um avião, com a diferença de que, em vez de provocar mortos, salvou um bocado de vidas. Em 2001 foram 238 assassinatos, em 2002 foram 199; em 2003, 165; em 2004, 133; em 2005, 105; em 2006, 78; em 2007, 80; em 2008, 83; em 2009, 57 e em 2010, 81.


O que fez Diadema para obter tamanho progresso? Tudo aquilo que a Província do Grande ABC preferiu deixar de lado à reestruturação econômica: trabalho, muito trabalho. Como bem escreveu o ABCD Maior, esses resultados são reflexos de políticas públicas de Segurança. Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Civil Municipal e fiscais da Prefeitura deram-se as mãos, foram a campo e golpearam para valer boa parte das sementes do mal que pareciam inviabilizar o futuro do Município. O fechamento de bares e similares às 23h é uma das medidas mais ressaltadas pelos formuladores e executores da política anticriminal em Diadema.


O governo paulista, espelho da Província do Grande ABC no tratamento de questões econômicas nas últimas décadas, também é espelho de Diadema na área criminal, porque São Paulo é um exemplo para o País principalmente na reviravolta de casos de homicídios. Nada que coloque Diadema como subalterna das ações da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. A identidade reativa do Município da Província do Grande ABC tem digitais próprias, inclusive com a participação do governo paulista, mas não só por causa do governo paulista.


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