Já que Milton Bigucci, presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), prefere obstruir a transparência que o cargo exige, Capital Social decidiu abordá-lo com novo questionário. As perguntas foram encaminhadas ao Milton Bigucci presidente da Construtora MBigucci, anunciada a maior empresa do setor na Província do Grande ABC.
A Milton Bigucci empresário direciona-se a seguinte ponderação: é preciso que exponha informações sobre a aquisição de um amplo terreno público em meados de 2008, em leilão realizado na Secretaria de Finanças de São Bernardo.
CapitalSocial não dúvida da lisura do negócio, mas como recebeu informações em contrário, e como a área constava do acervo da Prefeitura, não há outra saída senão a bateria de perguntas. Os negócios privados da MBigucci só à MBigucci interessam. Os negócios da MBigucci com instâncias públicas interessam também aos leitores e contribuintes.
Fosse menos descuidado com assuntos que envolvem a comunidade, tanto no caso da gestão da Associação dos Construtores como no arremate de uma área pública, Milton Bigucci teria se antecipado a questionamentos da Imprensa. A iniciativa teria evitado que CapitalSocial abordasse as duas questões — a primeira desde setembro do ano passado, e a segunda mais recentemente — dando-lhes tratamento crítico unilateral. Uma unilateralidade gerada pelo dirigente e empresário do setor imobiliário, que insiste em se fechar em copas.
Por que será que Milton Bigucci dirigente da Associação dos Construtores e Milton Bigucci presidente da MBigucci recusam-se a prestar informações?
Não se trata de perseguição a esta revista digital, acreditem os leitores. O direcionamento não é exclusivo tampouco a este jornalista.
Querem uma certeza? Qualquer outro veículo de comunicação da Província do Grande ABC que tome emprestadas as indagações de CapitalSocial (e todos estão liberados para tanto) receberá o tratamento autoritário do dirigente e do empresário acostumados a gentilezas da mídia.
Milton Bigucci é avesso a procedimentos que o retirem do pedestal de improdutividades na Associação dos Construtores e também na masmorra da MBigucci, no caso do leilão do terreno público. Estabelecemos prazo de três dias (até a próxima quarta-feira) para o envio das respostas ao questionário que se segue. Nossa preocupação, reiterada mais uma vez, é que o presidente da MBigucci não perca a oportunidade de prestar esclarecimentos que o presidente da Associação dos Construtores desperdiçou duas vezes — a primeira no ano passado e a segunda há duas semanas.
CapitalSocial adverte que o novo e prolongado silêncio do presidente da MBigucci será a pior das alternativas. O que se lhe propõe é uma oportunidade para apresentar respostas a questões que estão sendo apuradas de forma previamente contraditória, ou seja, independentemente da reação de Milton Bigucci.
Leitores que entenderem que CapitalSocial estaria se excedendo nas tentativas de interlocução com Milton Bigucci fazem parte do grupo do presidente da Associação dos Construtores que consideram a entidade autônoma o suficiente para não atender à mídia. E que o presidente da MBigucci não tem por que prestar informações sobre um negócio imobiliário, mesmo que esse negócio imobiliário envolva dinheiro público.
CapitalSocial discorda tanto de uma quanto de outra argumentação. A Associação dos Construtores representa mesmo que de forma enviesada um setor econômico de larga importância à comunidade. Habitação integra a cesta básica de cidadania. E a MBigucci perdeu o lacre de privacidade quando se meteu num negócio com a Prefeitura de São Bernardo.
CapitalSocial tem convicção de que Milton Bigucci já cometeu delito ético por conta do cargo que ocupa na Associação dos Construtores cumulativamente à posição de presidente da MBigucci: ele não deveria ter inscrito sua empresa no leilão.
Afinal, suas relações com o Poder Público são bastante próximas. Uma pesquisa no Google exibe a profusão de flagrantes de Milton Bigucci com executivos públicos em variadas situações.
CapitalSocial afirma aos leitores que várias das perguntas remetidas configuram muito mais uma preocupação em estabelecer diálogo democrático com o presidente da MBigucci do que propriamente dúvidas quanto ao desenrolar dos fatos que marcaram o leilão do valiosíssimo imóvel.
O que isso significa? Significa que as respostas de Milton Bigucci podem confirmar as informações que CapitalSocial detém. Pode ser que haja respostas redundantes em relação ao que CapitalSocial reúne, mas pode ser também que Milton Bigucci surpreenda, com robustez de esclarecimentos.
Certo mesmo, certíssimo, é que na edição da próxima quinta-feira os leitores de CapitalSocial começarão a ser contemplados com série de informações importantes sobre a compra do imóvel público. A idoneidade da MBigucci não está em xeque. Pretende-se, apenas, dar profundidade aos meandros daquela negociação. Não faltam empresários do setor imobiliário que condenam Milton Bigucci pela arremetida silenciosa, supostamente beneficiando a MBigucci.
Aguardamos as respostas. Não passa pela cabeça deste jornalista qualquer possibilidade de Milton Bigucci patrocinar novo ataque de arbitrariedade explícita, recorrendo mais uma vez ao Judiciário, como o fez recentemente, para retirar da Internet todas as páginas desta revista digital que mencione suas atividades e omissões. Uma desastrosa tentativa de censura, como se vê.
Milton Bigucci não se daria ao contratempo de ser novamente contrariado por um magistrado que não abre mão de requisitar deste jornalista contrapontos que possam esfarelar uma peça acusatória que beira à desfaçatez, com informações manipuladas ao sabor de semântica mal-ajambrada.
Para Milton Bigucci, responsabilidade social parece ser um conceito pecaminoso.
Isso tudo sem contar que Milton Bigucci recorreu também à esfera criminal. Decididamente, o dirigente empresarial (as duas ações foram do titular da Associação dos Construtores, não do presidente da MBigucci) não está mesmo preparado ao contraditório, ao enfrentamento democrático, ao questionamento explicativo.
Afinal, são mais de duas décadas de controle total da frágil Associação dos Construtores, que não passa de lobby organizado por reduzido número de empresários em detrimento dos demais empreendedores do setor não associados da entidade.
As perguntas que enviamos nesta segunda-feira ao presidente da MBigucci:
CapitalSocial – Qual foi o valor que definiu a vitória da empresa representada pelo senhor no leilão do imóvel de quase 16 mil metros quadrados situado entre a Avenida Kennedy e a Senador Vergueiro, em São Bernardo?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Qual era o valor venal do imóvel, base dos lances dos arrematadores?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Como especialista no mercado imobiliário de São Bernardo, o senhor garantiria que o preço final do leilão foi justo tanto para quem comprou como para quem vendeu?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor faria alguma distinção entre um leilão de imóvel público e um leilão de imóvel privado em termos de participação de sua empresa, por conta da atuação à frente da Associação dos Construtores?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Que tipo de empreendimento imobiliário está sendo lançado naquele terreno?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Ainda sobre o leilão do imóvel: quantos foram os concorrentes e como se deu a vitória de sua empresa?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que o senhor não divulgou exaustivamente aos associados e não associados da Associação dos Construtores a realização do leilão daquele imóvel, de forma a que não se gerasse qualquer tipo de suspeita sobre a possibilidade de vir a ser beneficiado, dada as relações próximas com os administradores públicos da região?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Quando empresários do senhor do setor imobiliário afirmam que enfrentam concorrência desleal da MBigucci, exatamente porque o senhor é muito próximo de autoridades públicas, que tipo de contraposição utiliza para rebatê-los?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor estaria disposto a apresentar publicamente o conteúdo do processo que culminou na compra daquela área pública leiloada?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – A MBigucci contou com parceria de alguma empresa para superar os demais concorrentes no leilão?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Qual foi o valor do metro quadrado que resultou no sucesso no leilão do imóvel?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Três anos depois, qual é a estimativa do valor do metro quadrado do terreno?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Essa variação percentual é compatível com os dois momentos do mercado imobiliário?
Milton Bigucci –
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