Sabem os leitores qual é o parentesco de irresponsabilidade entre o Residencial Ventura, em Santo André, e o Shopping Center Norte, que acaba de ser fechado em São Paulo por conta de contaminação do solo? Se não sabem, vão saber amanhã, porque hoje vou escrever alguma coisa sobre um monumento à quase inutilidade regional, a UFABC (Universidade Federal do Grande ABC).
Não quero brincar com a paciência dos leitores, mas como meus arquivos não me socorreram na velocidade da pressa desta manhã de quinta-feira, período no qual, normalmente, produzo os textos para esta revista digital, prefiro prorrogar por um dia a comparação entre aquele shopping e o condomínio residencial de classe média construído em terreno negociado pela Família De Nadai com a Mac Cyrela. A operação foi mais que suspeita. As autoridades constituídas ainda não foram a fundo como deveriam, porque o fulcro das irregularidades tem o mesmo impacto de uma fratura exposta.
Saibam os leitores, também, que a Mac Cyrela foi à Justiça para inquirir este jornalista. Se não me engano, há audiência marcada. Não vejo a hora de estar diante do juiz e dos representantes da empresa para confirmar tudo o que já escrevi. Estou respaldado por documentos.
Mas isso é outra história e só antecipo o que pretendo fazer para mandar um recado àqueles que imaginam que vão me atemorizar, como foi o caso de Milton Bigucci, recentemente. Só fujo de alguns embates quando percebo que o oponente é tão vadio que nem vale a pena perder tempo. Aliás, não fujo de outros também porque são compulsórios, já que vadiagem não falta na praça.
Com relação ao Residencial Ventura, vai ser um prazer enfrentar quem abusou dos adquirentes, muitos dos quais moradores daquele empreendimento.
Retomando o que interessa hoje, convido os leitores a digitarem “Universidade Federal do Grande ABC” no dispositivo de buscas desta revista digital. É claro que se dispensam as aspas para ter amplo material à disposição. A quantidade de matérias que estamos publicando, retiradas do acervo de propriedade deste jornalista, é um manancial inigualável de informações, análises, questionamentos. É impossível saber o que de fato antecedeu a chegada da UFABC na região, e também os desdobramentos disso, sem uma leitura apurada desta revista digital. E olhem que o resgate ainda não se esgotou.
Sou metódico no dia a dia profissional. Uma das tarefas à qual dedico persistência de maratonista nestes últimos tempos é reservar ao menos uma hora de meu tempo diário para recuperar textos do caso Celso Daniel, das Reportagens de Capa, das Entrevistas Especiais e de tantos outros assuntos que durante anos constaram das edições da revista LivreMercado e da então newsletter CapitalSocial.
Acreditem os leitores que é um mergulho fantástico nas águas do passado. Mais que a recuperação física daquele material, sinto em cada parágrafo que releio (sim, releio, porque tudo passou por mim quando da publicação original) é um novo aprendizado. Como nossa memória tende ao descarte, a atirar no lixo muito do que aprendemos e realizamos, nada melhor que voltar no tempo e capturar trabalhos que ajudaram a construir o monumento mais precioso de qualificação jornalística desta Província.
A Universidade Federal do Grande ABC foi uma das muitas caçapas cantadas da linha editorial que este jornalista imprimiu nas páginas de LivreMercado e na newsletter CapitalSocial. Infelizmente, continuamos a seguir o funeral de um projeto inteiramente despropositado em relação às demandas da região.
Agora leio que o governo federal vai gastar uma fábula para que Mauá disponha de área apropriada a um novo endereço da universidade.
Quanto dinheiro jogado fora quando se observa o currículo da instituição voltado para tudo, menos às necessidades econômicas do Município.
Mas o que se pode fazer se a Imprensa rasante publica tudo sem a menor queda ao questionamento, à reflexão, e as autoridades públicas utilizam-se do fetiche da UFABC para propagar competência administrativa, imaginando recompensa de votos?
Será que somos tão provincianos que não conseguimos distinguir uma coisa da outra, ou seja, uma obra inútil, ou próxima a isso, e a queda persistente da qualidade de vida na região, mesmo nestes tempos de economia mais ajuizada?
Ao reler os textos do passado sobre a Universidade Federal do Grande ABC (repito, releio linha por linha porque é preciso separar os parágrafos para tornar a leitura digital mais suave; e já que temos essa tarefa, por que não consumir cada parágrafo com sofreguidão, de quem não gosta de perder tempo?) sinto um vazio enorme como jornalista. Mais um, aliás. Somos um catálogo em branco em aprendizado e realizações como sociedade comprometida com o futuro.
Incansavelmente vou continuar escrevendo que somos uma sociedade de araque, preocupada apenas com inutilidades de colunas e revistas sociais sempre frequentadas por figurinhas manjadas de sempre.
UFABC e Residencial Ventura estão no mesmo saco de desatenções, como o condenado Condomínio Barão de Mauá, como os sempre inalcançados Polos Tecnológicos, como os poucos influentes incubadores de empresas, como a sempre adiada integração regional, como as inoperantes seções da Ordem dos Advogados do Brasil, como a oportunista Associação dos Construtores, como quase tudo por aqui.
E depois não querem que este jornalista afirme com convicção que somos uma Província? Estou sendo generoso, porque começo a alimentar o desejo de buscar uma nova adjetivação-símbolo.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!