A partir desta quarta-feira vou reproduzir neste espaço todos os textos que preparei para a newsletter Capital Digital Online durante os nove meses (de 21 de julho de 2004 a 21 de abril de 2005) em que comandei a redação do Diário do Grande ABC. Já empreendi essa iniciativa em 2007, mas como o material não consta desta revista digital, decidi readequá-lo, tornando-o consulta permanente aos leitores.
Não existe muita diferença entre a decisão que tomo agora e a de quase cinco anos atrás. Naquela oportunidade, quando anunciei a medida, fiz a seguinte pergunta:
Por que resolvi replicar esse material agora para o público externo àquela corporação?
A resposta segue a mesma daquela oportunidade:
Porque quando concebidos, em meio a 14, 15 horas de jornada de trabalho, já previa que, mais tarde, chegaria a isso. Entendia até que seria bem mais tarde, após os contratados 60 meses à aplicação do Planejamento Estratégico Editorial, projeto que preparei para proceder a completa reforma daquele periódico.
Como praticamente toda aquela apresentação da série está atualíssima, não há razão alguma para não reproduzi-la na sequência, com algumas supressões e alguns enxertos não mais que pontuais. Leiam:
Por razões que contarei mais à frente, deixei o Diário do Grande ABC muito antes do previsto porque assim decidiram os acionistas e diretores daquela empresa, incomodados com os ventos de seriedade e responsabilidade de uma proposta que rompia com equívocos (para dizer o mínimo) daquele empreendimento e também com inédita mobilização das chefias setoriais de Redação em defesa do produto e da reorganização estrutural da empresa.
Os textos que os leitores desta revista digital vão acompanhar a partir desta quarta-feira precisam ser relativizados quanto ao conteúdo estilístico. Nossa principal preocupação ao redigir aquele material em meio a uma carga insana de trabalho concentrava-se sobretudo na objetividade de entendimento por parte de todas as camadas da corporação do Diário do Grande ABC — dos jornalistas propriamente ditos a profissionais de outras áreas.
Sem precipitações
Sugiro aos leitores desta revista digital que não se precipitem em avaliações prévias que eventualmente neguem a importância da reprogramação daqueles textos.
Podem acreditar, principalmente quem é profissional de comunicação, que temos conjunto valioso de colaborações para a prática de jornalismo mais sério, mais independente, mais convertido aos princípios de responsabilidade social.
Quem não é do ramo de comunicação, como a maioria dos cadastrados de Capital Social, terá também a sede da curiosidade saciada ao ingressar nos bastidores de um mundo diretamente envolvido em muitas das decisões governamentais, empresariais e sociais que ditam o presente e o futuro de cada um. Ou alguém faz parte do bloco que supostamente considera a Imprensa coisa menor, cujos tentáculos não estão estreitamente ligados ao poder, seja qual for a interpretação de poder?
Os textos que serão transmitidos a partir desta quarta-feira, sempre nos dias úteis, serão rigorosamente originais. Provavelmente — ainda estou me decidindo neste sentido — deverei complementar o material com algum texto atualizado e explicativo, contextualizando-o àquelas circunstâncias.
Vamos ancorar todas as edições de Capital Social, relativas à reprodução do Capital Digital Online, ao título que dá suporte à presente edição. “Reformismo solapado” foi a expressão síntese que escolhi para definir a frustração da equipe de Redação do Diário do Grande ABC com os rumos daquele projeto editorial.
“Reformismo” era o objetivo principal para desarticular a teia de problemas que diagnosticamos naquela redação, conforme preceituava o Planejamento Estratégico Editorial.
“Solapado” porque provavelmente nenhum outro adjetivo seja tão explicativo pelo que temos hoje daquele produto no mercado.
Algo definitivo
Pensei inicialmente em algo como “Reformismo interrompido”, mas desconsiderei a idéia porque transmitiria a sensação de que lançaria esperanças de, no futuro, aquele projeto editorial ser mimetizado e com isso ganhar vida nova. Pelo andar da carruagem, como isso é mais que improvável, “solapado” parece-me muito mais conveniente sob o ponto de vista de maturidade analítica e de sinceridade explicativa, porque transpira algo definitivo.
O que me resta, enfim, dizer nessa espécie de prólogo de uma obra despretensiosa produzida no cotidiano turbulento de uma redação é que ao se completarem aqueles nove meses (ou ao se interromper a cronologia contratualmente indispensável de 60 meses) deixei o Diário do Grande ABC com a alma lavada, embora com o coração ferido.
Sim, alma lavada e coração ferido, porque, ao primeiro sentimento, guardo lembranças de companheiros de trabalho que, a maioria, conheci naquele ambiente e com os quais me relacionei com a franqueza e a sinceridade de sempre, e, ao segundo sentimento, porque, infelizmente, acreditei em vendilhões do jornalismo regional, como se não bastasse a absoluta incompetência administrativa, geradora de todos os problemas que aquela empresa expõe dia após dia diante de atônitos leitores.
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16/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (14)