Esse bicho-de-sete-cabeças que faz de conta que é integrado, que joga para a platéia que tem disposição para o desprendimento cooperativista, que faz encenação de que está de fato preocupado com o legado do maior dos regionalistas destas plagas, o então prefeito Celso Daniel, esse bicho-de-sete-cabeças tem a possibilidade senão de acertar o passo, pelo menos de parar de descambar no individualismo genocida do municipalismo autárquico.
As eleições que estão se aproximando e que deverão pintar nas cores de sempre, o azul dos tucanos e o vermelho dos petistas, são uma grande oportunidade, mais uma por sinal, de uma conversão à regionalidade que saia do corredor de horrores manjadíssimo da hipocrisia pura e simples de jogar para a platéia embasbacada pelo desconhecimento da realidade institucional.
As individualidades de um Grande ABC transbordante de talentos corporativos governamentais, empresariais e sociais não podem ser maiores que o todo do Grande ABC, porque tem sido permanentemente assim ao longo de décadas e seguirá assim pelas próximas décadas se vozes mais austeras, menos subservientes, mais ácidas, não se manifestarem.
As individualidades de um Grande ABC transbordante de talentos corporativos governamentais, empresariais e sociais não podem ser maiores que o todo do Grande ABC porque têm se provado contraproducentes ao futuro já que quando se contabilizam ações fragmentadas o que se encontra de fato é que tanto as individualidades acabam sufocadas pela falta de ressonância quanto o coletivo acusa os golpes do distanciamento das partes que lhe dariam maior respaldo.
Esse jogo de palavras e de sentidos que se interpenetram talvez seja de difícil compreensão numa leitura rápida, por isso sugiro aos leitores que retrocedam os olhos, voltem aos parágrafos anteriores, respeitem a acrobacia voluntária a que impus este texto porque o que quero mesmo é confundir para me fazer entender, já que estou cansado de simplificar e provocar confusão.
Tenho muitas dúvidas de que o Grande ABC que vai emergir das urnas de outubro em azul e vermelho será o Grande ABC uniformemente construtivista que há muito se faz necessário. Espero que os dirigentes públicos que estão na trincheira para abater o bicho-de-sete-cabeças me transmitam grandes notícias.
Longe de mim sugerir ou incentivar que novamente se estabeleça por aqui um Grande ABC metido a subjetividades semânticas que induzam o distinto público a acreditar que agora sim teremos uma convergência de interesses maior que a soma das partes. Não faço parte da turma da embromação, embora reconheça que, cansado e velho de guerra, tenha diminuído o grau de beligerância verbal e analítica nos últimos tempos, principalmente depois que percebi que enquanto cuidava de boiada arredia, descuidava das ovelhas.
O bicho-de-sete-cabeças a que me refiro tangencialmente no ensaio que preparei para a nova versão do livro Nosso Século XXI não pode seguir na trilha da ensebação inútil porque dessa forma vai continuar sendo um bicho-de-sete-cabeças, nova metáfora que aplico aos sete municípios depois de imprimir aquela que é provavelmente a marca mais esclarecedora do cromossomo regional, ou seja, o Complexo de Gata Borralheira.
Até quando faremos jus tanto a uma quanto a outra identificação que só é de azedume para irresponsáveis que preferem o jogo da procrastinação em proveito próprio porque se dão muito bem na geografia regional por conta de habilidades para transformar negócios em dinheiro mas que, geralmente, perdem a noção do coletivismo e da exclusão social que os rodeiam e que mais dia menos dia atingem a todos?
Escrevi de propósito este texto com parágrafos um pouco mais compridos do que deveria porque quero forçar os leitores a retomarem a leitura diante de eventual dificuldade de compreensão parcial ou total do enunciado preparado em não mais de 10 minutos em meu escritório domiciliar, uma tarefa a que me lancei porque me conheço o suficiente e sei que ao desopilar as digitais me alivio de certas dores e jogo a batata quente do desabafo na consciência daqueles que me acompanham.
Vocês todos que se virem para captar a mensagem. Voltarei ao bicho-de-sete-cabeças qualquer dia desses. Mais que isso: vou construir um ensaio sobre o bicho-de-sete-cabeças. Só não sei o dia, porque estou correndo do prejuízo.
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