Sociedade

Os novos eleitos

DANIEL LIMA - 05/04/1997

O administrador de empresas Marcos Gonçalves e o
publicitário Ivan Cavassani são os novos comandantes de duas importantes
organizações não-governamentais da região, eleitos em março. Marcos Gonçalves
é o coodenador-geral do Fórum da Cidadania do Grande ABC, em substituição ao
empresário e médico Fausto Cestari, diretor-titular do Ciesp (Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio
Grande da Serra. Já a chapa liderada por Ivan Cavassani venceu as eleições para
dirigir a Associação Comercial e Industrial de São Caetano.



 



A diferença entre as duas escolhas é que Marcos Gonçalves,
presidente da Avape, Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais,
obteve consenso da plenária do Fórum, composta de diversas entidades sociais e
econômicas, enquanto Cavassani contou com ostensivo apoio do prefeito Luiz
Tortorello para superar Marcos Laranjeira, candidato do situacionista Flávio
Rodrigues de Souza.



 



O confronto em São Caetano supera qualquer avaliação comparativa
entre os dois candidatos. O método utilizado, de suporte logístico do
chefe-maior da administração pública de São Caetano, acabou por reduzir a
disputa à indagação sobre a conveniência de uma entidade privada conviver tão
intimamente com autoridades políticas.



 



Como se trata de exceção no cenário institucional do Grande
ABC e também porque estimula a preocupação de que eventual ingerência pública
poderá atrapalhar a esperada regionalização técnico-operacional das Associações
Comerciais e Industriais, o processo acabou condenado a críticas.



 



Como prometera duas semanas antes, o prefeito Luiz
Tortorello mobilizou aparato, formado por secretários municipais e vereadores
da bancada de sustentação, para alicerçar a candidatura de Ivan Cavassani.
Comitê eleitoral foi montado defronte a Aciscs e patrocinou durante todo o dia
da eleição, 25 de março, inédita boca de urna de luxo.



 



A artilharia pesada, que incluiu distribuição de farto
material de campanha, cabos eleitorais e belas moças, teve como contraponto do
candidato derrotado apenas o bocal do telefone na tentativa de sensibilizar à
distância o eleitorado estimado em 900 associados, dos quais 403 participaram
do pleito, com 272 votos (67,3%) em favor de Cavassani e 131 (32,4%) para
Laranjeira.



 



O presidente derrotado, Flávio Rodrigues de Souza, parecia
incrédulo durante todo o dia com a movimentação eleitoral da oposição, algo
inédito na história da entidade. A proporção de dois votos a um para o
candidato do prefeito lhe pareceu confortante, porque Tortorello anunciara aos
quatro cantos que aplicaria uma surra no oponente. "Pensei que perderia
por cinco a um" -- dizia Flávio. Ele lamentou ter praticado o que chama de
inexperiência política. "Poderíamos ter complicado a vida deles se não
caíssemos no Conto do Acordo"-- disse.



 



O Conto do Acordo, segundo o ex-presidente da Aciscs,
consistiu numa manobra da chapa apoiada pelo prefeito, que teria acenado com um
terceiro nome, de consenso. Na verdade, ainda segundo Flávio, tratou-se apenas
de jogada para desmobilizar a situação, que tinha na boca de urna telefônica sua
maior arma, enquanto a oposição mantinha trabalho de catequese. Três dias antes
das eleições, cristalizou-se o rompimento e aí já era tarde reação.



 



Cavassani rebate as insinuações de que a partir do momento
que sentar na cadeira presidencial da Aciscs terá de dividir espaços com o
prefeito. Só faltou tomar emprestada frase cartesiana de um comentarista
esportivo -- "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa" --
para desvincular o bombardeio eleitoral da estratégia diretiva.



 



Mas é certo que a parceria entre Aciscs e Prefeitura vai
constar de muitas ações. O programa de Cavassani, que Flávio Rodrigues afirma
ser clonagem do apresentado pelo candidato da situação, prevê a construção de
um clube com a Prefeitura e série de serviços aos associados, inclusive de
plano de saúde, cartão de afinidade, campanhas publicitárias, bem como
aproximar-se do IMES, Instituto Municipal de Ensino Superior, uma autarquia da
Prefeitura, e do Ciesp local. Cavassani ocupou a diretoria de marketing na
gestão de Flávio Rodrigues com atuação discreta.



 



Trabalho árduo



Diferentemente de Marcos Gonçalves, novo coordenador do
Colégio Executivo do Fórum da Cidadania. Ele trabalhou arduamente nos dois
últimos anos no Grupo de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e sua indicação
não encontrou maiores obstáculos. O Colégio Executivo é uma instância
operacional do Fórum e conta também com Flávio Rodrigues de Souza, Ivone
Filipim, Waldivina Tertuliano, Antonio Castilho e Ivone Arruda Carvalho. O
ex-coordenador Fausto Cestari passa a comandar o Grupo de Desenvolvimento
Econômico, que terá atuação de destaque na Câmara Regional.



 



Outros 11 grupos temáticos foram constituídos com os
seguintes coordenadores: Wilson Ambrósio (Articulação Política), Antonio Carlos
Cedenho (Justiça), João Sidney de Almeida (Segurança), Carlos Alberto Grana
(Educação), Alexandre Polesi (Cultura), André José Andrade (Saúde), Daniel Lima
(Esportes), Luiz Celso Colombo (Meio Ambiente), Humberto Batella
(Microempresa), Silvio Pina (Planejamento Urbano) e Anna Gedankien (Patrimônio
Histórico).



 



A grande mudança do Fórum da Cidadania está no incentivo à
atuação mais dinâmica das coordenadorias temáticas. Exatamente por isso, houve
a readequação do perfil do Colégio Executivo, reforçado pela contratação de
Aristides Oliani como gerente operacional. Marcos Gonçalves tem planos de dar
maior densidade às plenárias do Fórum. Hoje, 70 entidades integram o quadro
associativo, mas o coordenador geral quer mais. "Queremos ter cada vez
mais força de pressão junto aos Poderes Públicos, como representantes da
sociedade civil" -- afirma. O planejamento estratégico integrado,
pressuposto da Câmara Regional, é o núcleo de ações que Marcos Gonçalves
pretende ver aperfeiçoado no Fórum.



 




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