Sociedade

Desafio de Província ou Grande
ABC inibe Conselhão Regional

DANIEL LIMA - 27/03/2012

Ainda há muito tempo para posicionamento dos integrantes do Conselhão  Regional, mas por enquanto é baixo o número de respostas sobre o conceito que têm da região. Afinal, os sete municípios formam o Grande ABC, denominação que exala conjunto de qualificações sociais, econômicas, políticas e culturais, ou não passam de Província do Grande ABC, contraponto dolorido que sintetiza imensas dificuldades de identificação  social? Por enquanto, não passam de15% os conselheiros que responderam ao questionário enviado por CapitalSocial e que reúne dois cenários que extratificam aspectos da vida regional.
 
Já esperava por essa morosidade. Há um componente indelevelmente forte a caracterizar a cautela de boa parte do Conselhão Regional: Província do Grande ABC é expressão politicamente incorreta e Grande ABC politicamente correta demais. Esse confronto explícito entre o que poderia ser rotulado de otimistas exagerados em contraponto a pessimistas de plantão coloca a questão numa zona de notável desconforto.
 
Embora haja aos conselheiros a prerrogativa de manterem-se no anonimato quanto à opção escolhida, a direção editorial desta revista digital entende que já há aspectos arraigados de tal maneira na cultura regional que inibem mesmo sob essa condição a transparência desejada. Parece que a simples possibilidade de se definir o lado do muro da avaliação sobre a realidade regional provoca reação automática, de ficar-se em cima do muro. De qualquer maneira, a garantia de sigilo da resposta é componente que deverá atuar como removedor da crosta de inquietação de integrar-se à enquete de CapitalSocial.

Possivelmente até o próximo dia 10 de abril, quando se encerrará o prazo ao Conselhão Regional, pelo menos 50% dos integrantes deverão registrar respostas. Destes, a maioria deverá assumir posição em forma de comentário sobre a opção escolhida, como se tem registrado com o grupo que já respondeu.
 
Ponto e contraponto
 
Sinceramente, já esperava por um certo grau de cuidado público de boa parte do Conselhão Regional nessa enquete que mexe diretamente com o ego de cidadania. Grande ABC ou Província do Grande ABC é uma espécie de Fla-Flu sobre a vida na região. Os dois enunciados apresentados ao Conselhão Regional não são resultados ficcionais. São o ponto e o contraponto de um ambiente permeado pela clivagem de quem não tem grandes reparos a fazer quanto à qualidade de vida na região e daqueles que, mesmo sem negar as virtudes locais, não deixam escapulir críticas a vetores que julgam complicados e que exigem resoluções.
 
Embora haja sempre a possibilidade de argumentação restritiva à condensação em duas bitolas antagônicas e, portanto, de brecha a uma terceira via, os fatos históricos e a realidade atual não dão guarida a esse esquadrinhamento. A região é um Grande ABC pressupostamente moderno, dinâmico, rico em cultura, sólido em oportunidades profissionais, luminoso em expressões culturais e evolucionário no campo político e acadêmico, como sintetiza o primeiro cenário apresentado ao Conselhão Regional, ou não passa mesmo do avesso de tudo isso, e que portanto faz jus ao rótulo de Província do Grande ABC.
 
Desta forma, optar por Grande ABC ou por Província do Grande ABC é muito mais que exercitar pressupostamente um regionalismo positivista ou um regionalismo muito aquém da importância dos municípios locais no mapa de cidadania nacional. Grande ABC em confronto com Província do Grande ABC é a confirmação ou negação de expectativas múltiplas.
 
Provavelmente por tudo isso e por tantos outros pontos, a velocidade de posicionamento do Conselhão Regional está abaixo de outras enquetes que preparei em passado mesmo recente. Como há um ano, quando uma bateria de questões esculpiu o senso crítico de formadores de opinião sobre diversos pontos da vida regional.  Província do Grande ABC, entretanto, ainda não havia sido colocada no colo analítico de ninguém. A expressão foi utilizada pela primeira vez em 18 de julho do ano passado. E, até provas em contrário, permanecerá nesta revista digital como desafio ao conjunto da sociedade a mudar as regras de um jogo mais que viciado à acomodação, ao compadrio e ao macunaísmo institucional.


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