Acabou o suspense: a expressão crítica "Província do Grande ABC", adotada nesta revista digital desde 18 de julho do ano passado para definir a essência econômica, cultural, política e social dos sete municípios da região, superou por larga margem de votos a marca triunfalista Grande ABC, incorporada há décadas como uma das alternativas à denominação desse espaço territorial. O Conselhão Regional integrado por 125 formadores de opinião da região foi massacrantemente favorável à Província do Grande ABC. Nada menos que 56% dos conselheiros participaram da enquete. No total, 83% cravaram a segunda alternativa como a mais próxima do que significaria viver na região. Foram 58 votos pró "Província", 10 favoráveis a "Grande ABC" e dois nulos.
Nenhuma surpresa, convenhamos. Fiz um texto ontem claramente voltado à manipulação. Talvez tenha sido convincente na possibilidade de que o resultado da enquete inclinou favoravelmente aos cultivadores de "Grande ABC". Tenho certeza que não faltaram leitores inclinados a essa conclusão. Se comemoraram antecipadamente, perderam tempo. Se querem saber o que acho do resultado final, vou ser franco e direto: uma ma-ra-vi-lha. É esse senso crítico aflorado que não me deixa jogar a toalha jornalística, embora não faltem oportunidades que me levem a repensar o que estou fazendo por estes cantos a irrigar um terreno tão árido em decisões coletivas, consorciadas, integracionistas. Menos mal que teoricamente a maioria dos formadores de opinião que se manifestaram nesse trabalho pensem como este jornalista. Prova de que há mais inconformismos na praça do que supõem o outro lado da fronteira de análises, cujas razões quando expostas sem temores devem ser igualmente respeitadas.
Houve, para variar, um grande número de ausentes. Nada que surpreenda, porque em todas as oportunidades em que foram chamados a se pronunciar no passado remoto ou recente, uma parte dos conselheiros simplesmente se omite. Com o Conselhão Regional não seria diferente. As razões desse comportamento são muitas e variadas. No caso dessa enquete, acredito que o que pesou foi a possibilidade de alinhar-se a uma versão que poderia ser execrada. Sim, porque em se tratando de Grande ABC e Província do Grande ABC há uma carga de idiossincrasia enorme a colocá-las em cantos opostos. Nem todo mundo está disposto a botar a cara para bater sob um ou outro ângulo da questão. Mesmo com a garantia de sigilo à opção escolhida.
Pintando de amarelo
De qualquer modo, foi bastante satisfatório o acompanhamento do quadro de participantes, que mudou a cada dia apenas quanto à quantidade já que a tendência, mantida em segredo, acentuou-se em favor da nomenclatura depois consagrada. Exposto aos usuários da Internet, os nomes dos conselheiros foram aos poucos pintados de amarelo, diferenciando-os dos demais, mantidos sob fundo branco. Nos primeiros dias cheguei a me preocupar com o excesso de branco. Imagina até que houvesse algum problema técnico a impedir a transposição dos e-mails enviados à redação. Eram os primeiros dias da enquete, sempre acomodatícios. Devagar, devagar, os votos foram chegando. Bastaram duas dezenas para que se projetasse o que certamente seria definitivo na reta de chegada. Não deu outra.
Ainda estou remexendo as cópias xerográficas para preparar relatório final. Ao que parece uma grande maioria dos conselheiros não pretende ver a preferência individual expressa publicamente. Tampouco os comentários formulados, já que havia também campo para manifestar-se criticamente. Não tenho certeza sobre se esse perfil é majoritário. Vou sistematizar as respostas no escritório familiar. Não me surpreenderei se a maioria optar mesmo pelo sigilo tanto na alternativa escolhida quanto nos comentários formulados. Aliás, é por isso que decidimos adotar o critério de codificação dos conselheiros. Todos terão identidade reservadíssima. Eles poderão acompanhar na tela de computador a distribuição dos votos sem que sejam eventualmente cobrados por isso. Quantos deles botaram a cara de fora não sei. Vou saber provavelmente até o final de semana.
Ainda não me defini pela próxima enquete. Talvez utilize um tempero igualmente apimentado. Quem entende que jornalismo de verdade se encontra nas colunas sociais de jornais e revistas ou na simples transcrição de entrevistados sem compromisso com transformações não tem razão alguma para participar tanto como leitor desta revista digital quanto como integrante do Conselhão Regional. Até prova em contrário, só temos uma vida terrena. Não vale a pena desperdiçá-la com mesmice.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!