Vou revelar na edição de amanhã, quinta-feira, o significado por inteiro da expressão “Marco Zero” à qual fiz referência em outro texto. Como o assunto envolve o empresário Milton Bigucci, presidente da Associação dos Construtores, e como Milton Bigucci quer que quer cassar o direito deste jornalista escrever sobre atividades empresariais e institucionais que dizem respeito ao interesse público, e como Milton Bigucci conta com um aliado testemunhal na ação perpetrada contra este jornalista, o advogado Fábio Picarelli, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André, e como a questão jurídica envolve o que chamaria de “santíssima trindade”, resolvi juntar tudo no mesmo balaio de análise.
Não há por que deixar para amanhã, entretanto, o que posso revelar hoje: o chamado “Marco Zero” é um empreendimento imobiliário do conglomerado negocial de Milton Bigucci, anunciado para subir muitos andares num terreno que pertencia à Prefeitura de São Bernardo e arrematado pelo titular da MBigucci numa operação estupidamente irregular, cujo desfecho mínimo é a anulação do processo licitatório viciado.
Já sobre o presidente da OAB de Santo André, um moço educado, o que posso antecipar é que, ao testemunhar em defesa de Milton Bigucci ontem à tarde no Fórum de Santo André, ele o fez de forma parcial, corrompendo a realidade plena dos fatos -- um comportamento muito diferente da outra testemunha de Milton Bigucci, Valdemir Ferreira. Nada surpreendente, porque também Fábio Picarelli, como Milton Bigucci, Ronan Maria Pinto, Sérgio De Nadai e Valter Moura, se negou a responder à “Entrevista Indesejada” desta revista digital. Algo ao qual se submeteu este jornalista, inquirido por conselheiros editoriais desta publicação e, por isso mesmo, fora de qualquer ilação que remeta à máxima “casa de ferreiro, espeto de pau”.
Como sugeriu ao juiz que poderia seguir os passos de Milton Bigucci na tentativa de calar este jornalista, Fábio Picarelli tem a oportunidade de solicitar ao presidente da Associação dos Construtores eventual aprendizado teórico à ação. Juntar as perguntas que lhe enviei para a seção “Entrevista Indesejada” como peça acusatória poderia ter efeito bumerangue. Basta ver o que os concorrentes à direção da OAB Paulista falam do estágio atual da entidade. Nada diferente do que se tem nesta Província.
Partes indivisíveis
“Santíssima trindade” tem tudo a ver com o processo movido por Milton Bigucci (já derrotado preliminarmente em quatro rodadas de julgamento do Judiciário), porque trata da dificuldade de o titular daquela ação compreender que existe indivisibilidade genética da imagem pública de pessoas físicas que atuam na esfera de pessoa jurídica e de pessoa institucional, com espalhamento de consequências positivas e negativas ao conjunto da sociedade. Milton Bigucci, Fábio Picarelli e outros agentes da região ainda não entenderam algo tão elementar e intrínseco às funções jornalísticas, ou seja, que a partir do momento em que saem dos casulos de pessoas físicas, estão sujeitos às ponderações da Imprensa. Não os condeno em princípio se a tentativa de surrupiar a tripla face em favor da individualização dirigida à pessoa física for apenas desconhecimento. Agora, se for um truque para tratativas ditatoriais que visem a obter blindagem judicial para seguirem em frente nas atividades corporativas e institucionais sem correr o menor risco de avaliação de desempenho de representantes da sociedade, caso dos jornalistas, a melhor resposta é a condenação pública da medida.
Vamos tentar explicar tudo isso na edição desta quinta-feira. Quem sabe a ficha da democratização da informação caia na cabeça daqueles que não suportam o contraditório. Gente que gosta mesmo é de aparecer em coluna social e imagina que todo jornalista deveria obrigatoriamente ser uma extensão dos salamaleques daqueles espaços recheados de egocentrismos.
Total de 1097 matérias | Página 1
21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!