Se vai responder é outra história, mas que já está nos endereços digitais do empresário Milton Bigucci uma bateria de novas perguntas sobre o arremate irregular de uma valiosíssima área pública em São Bernardo, não tenham dúvidas os leitores. Há quase um ano enviamos material semelhante. A diferença é que agora abrimos o jogo ainda mais, mas mesmo assim nem todo: CapitalSocial dispõe de farto material documental e testemunhal que coloca a área em que a MBigucci anuncia a construção de um megaempreendimento imobiliário, o Marco Zero, entre a Avenida Kennedy e a Avenida Vergueiro, mais que sob suspeita, sob a luminosidade de um escândalo à espera de investigação das autoridades constituídas. CapitalSocial vai esperar as respostas do empresário até a próxima segunda-feira, 10 de setembro.
A Entrevista Indesejada que remetemos a Milton Bigucci é apenas mais uma etapa de um trabalho jornalístico que aquele empresário confunde com picuinha pessoal. Trata-se de desculpa mais que esfarrapada de quem procura desclassificar a crítica independente. A atuação pública de Milton Bigucci é uma lástima quando colocada sob o prisma analítico. À parte a falcatrua que culminou na compra daquela área pela metade do preço de mercado (a empresa constituída por Milton Bigucci especificamente para participar da farsa do leilão arrematou por R$ 14 milhões um terreno que valia R$ 30 milhões e hoje está avaliado em R$ 70 milhões), o empresário é um fracasso à frente da Associação dos Construtores.
A entidade fechou-se completamente à classe e tornou-se braço dos empreendimentos comerciais de Milton Bigucci. Tanto que os principais fundadores e a grande massa potencial de associados se distanciaram a cada ano. Além disso, Milton Bigucci industrializou falsas estatísticas ao longo dos anos para massificar informações com a finalidade exclusiva de promover especulação imobiliária. A metodologia utilizada pela Associação dos Construtores para dar números ao movimento de compra e venda de imóveis novos na região obedece à lógica do improviso mercantilista.
É contra essas constatações que Milton Bigucci se insurge. Quer calar CapitalSocial na Justiça. Já perdeu em quatro tentativas, mas insiste. É uma disputa só aparentemente desigual, do poder econômico do maior empresário do setor na região, e de um veículo de comunicação modesto na estrutura, mas detentor de riquíssimo acervo de informações e conhecimentos.
Particularização viciada
Milton Bigucci quer particularizar o que é público. A defesa que instrumentaliza na Justiça é caolha. Ele se retira de cena do comando da Associação dos Construtores e da farsa do leilão em que saiu ainda mais rico e surge exclusivamente como pessoa física aos holofotes da Justiça. Uma grande anedota na tentativa de convencer magistrados a banir da sociedade um adversário supostamente pessoal.
Seria o mesmo que o centroavante Ronaldo Fenômeno tentar penalizar a mídia por conta do episódio com os travestis. Ou que Carlinhos Cachoeira avocasse invasão de privacidade ante o dilúvio que ocupa o noticiário político. Exemplos não faltam sobre a indivisibilidade da santíssima trindade formada por pessoa física, pessoa jurídica e pessoa institucional. Os vasos comunicantes entre essas três instâncias são espertamente interditados por Milton Bigucci no Judiciário, mas fartamente alimentadores de suas atividades pessoais, jurídicas e institucionais.
Resumo da ópera
As perguntas de Entrevista Indesejada de CapitalSocial são o resumo das informações, dos documentos e dos testemunhais reunidos para comprovar a irregularidade do evento seletivamente público que determinou a vitória da empresa de Milton Bigucci no leilão da Prefeitura de São Bernardo. Até por medida estratégica, de possibilidade de novas indagações caso Milton Bigucci responda às questões, optamos pelo armazenamento de outras indagações.
Certo mesmo é que, como no caso da ação judicial a que recorreu para silenciar CapitalSocial por causa de análises no campo institucional como presidente da Associação dos Construtores, esta revista digital desafia Milton Bigucci a encaminhar nova ação penal agora que penetramos ainda mais no âmago do leilão fajuto. Aliás, como o fizemos há praticamente um ano sem que Milton Bigucci se tenha apresentado à Justiça.
O empreendimento imobiliário “Marco Zero” não é o único negócio da MBigucci sob suspeita. Também a parceria com duas empresas de grande porte da Capital para erguer duas torres de apartamentos para a classe média alta ao lado do Shopping ABC, em Santo André, entra na lista de desconforto do empresário.
Denúncia do advogado Calixto Antônio Júnior, ex-executivo informal do Semasa, autarquia da Prefeitura de Santo André que se tornou um antro de negociatas do setor imobiliário, colocam Milton Bigucci entre os agentes que surrupiaram a legalidade daquele empreendimento.
Mas essa é outra história. Certo mesmo é que os quase 16 mil metros do terreno entre a Avenida Kennedy e a Avenida Vergueiro, em São Bernardo, estão à espera de transparência total quanto à forma com que foi conduzido o leilão. CapitalSocial oferece todos os caminhos na Entrevista Indesejada que, provavelmente, Milton Bigucci desprezará.
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