Sociedade

Precisamos de um Ranking de
Transparência das entidades

DANIEL LIMA - 04/10/2012

Aproveitando a carona do 1º Ranking Pluri de Transparência dos Clubes Brasileiros, noticiado por sites e jornais do País, que tal montar algo semelhante na Província do Grande ABC envolvendo entidades de classe, sindicados e também entidades sociais, adaptando os quesitos às atividades e às especificidades de cada um desses grupos?

 

Duvideodó que qualquer suposta liderança de classe na região se digne a apoiar a iniciativa. O que prevalece é a opacidade total, o corporativismo grupal, que consiste em guardar a sete chaves, entre alguns privilegiados, dados, ações e malandragens das respectivas entidades.

 

Mas não custa nada instigá-las a reagir. Que seus dirigentes leiam atentamente o ranking da Pluri Consultoria, empresa com sede no Paraná e uma dedicação total aos meandros do futebol. O Corinthians do quatro de julho inesquecível e libertador lidera o campeonato de transparência, segundo os critérios definidos pelos especialistas da Pluri. Vejam só os conceitos que permearam aquela empresa a meter-se no futebol como ferramenta de democratização de informações, algo que nossas entidades de classe, nossas entidades sociais, nossas entidades sindicais, simplesmente ignoram:

 

 Cresce a cada dia no Brasil o interesse geral a respeito da gestão e das finanças dos clubes de futebol. Agentes de mercado e parte da mídia percebem o crescimento da importância do setor na economia, e a necessidade de se implantar ferramentas de governança que permitam lançar luz sobre a situação financeira dos clubes, melhorando o grau de confiança na relação entre os “players” envolvidos com o futebol. Porém, esse é um processo que ocorre de forma assimétrica, onde alguns clubes percebem mais rapidamente os benefícios de serem transparente perante seus parceiros (patrocinadores, investidores, etc.), torcedores e a mídia. Por outro lado, outras entidades permanecem com uma postura de “caixa-preta”, o que em última instância prejudica a própria instituição, pois reduz o seu grau de credibilidade no mercado e afasta potenciais parceiros. A Pluri tomou a iniciativa de elaborar este ranking por entender que o mercado brasileiro atingiu um grau de maturidade que exige das instituições uma ampla abertura de suas informações financeiras, o que possibilita melhorar o grau de conhecimento e análise do setor e, consequentemente, o seu desempenho. Além disso, boas práticas já começam a surgir como exemplo e merecem ser mais amplamente divulgadas para que possam ser seguidas e até aprimoradas por outros clubes. A elaboração deste 1º Ranking Pluri de Transparência de Clubes de Futebol renderá ao vencedor o prêmio de Clube Mais Transparente do Brasil em 2011, que será entregue no Seminário “O Futuro dos Clubes Brasileiros”, a ser realizado em 17/09 em São Paulo, evento de lançamento da Brasil Sport Market, parceria entre a Pluri Consultoria e a Trevisan Escola de Negócios.

 

Quem vai topar?

 

Está aí, gente uma mais que explicada iniciativa que merece desdobramentos em outras áreas e territórios brasileiros. Na Província do Grande ABC tudo é mais difícil, senão não seria província, mas não custa nada cutucar. Este jornalista recomendaria um ranking envolvendo associações comerciais, unidades do Ciesp (Centro das Indústrias) e entidades patronais como o Sindicato das Indústrias Gráficas, entre outras. Um segundo agrupamento reuniria os sindicatos de trabalhadores.

 

O Ranking de Transparência dos Clubes Brasileira aborda questão como robustez econômica, capacidade de montagem de bons times, maior capacidade de geração de receitas, engajamento da torcida, maior capacidade de atração de atletas, parceiros, patrocínios e investidores, entre outros. Um ranking das entidades de classe patronal poderia contar com engajamento do quadro representativo em forma de filiados, balanços anuais, participação como liderança ou como coadjuvante de eventos corporativos e também voltados à sociedade como um todo, além de tantos outros quesitos que uma ou duas reuniões seriam suficientes para delineá-las. O que não falta é uma agenda de responsabilidade social bastante apreciável a ser incluído no planejamento dessas organizações que, invariavelmente, se fecham em copas, embora se autointitulem representantes de segmentos importantes.

 

Quem conhece este jornalista sabe que a sugestão que faço tendo a Pluri Consultoria como inspiração é uma maneira clara de expor as inutilidades representativas que em vez de dar tonicidade à musculatura de um capital social mambembe na região, atuam em sentido contrário, de preservação monolítica de uma situação de completo anestesiamento, quando não de oportunismos privados em nome de instituições privadas de interesse público.

 

Qualquer consultoria especializada que venha a ancorar proposta na Província do Grande ABC para aplicar um questionário que revele o atual estado de institucionalidade de entidades empresariais, sindicais e sociais, provavelmente concluirá os estudos com um imenso ponto de interrogação que poderia ser traduzido como desencanto.

 

A plataforma sobre a qual se lançou a Pluri Consultoria para diagnosticar a transparência dos clubes brasileiros são os sites das agremiações esportivas mais populares do País. Uma passadinha pelos sites de entidades da região que congestionam a barra de favoritos com siglas significa aridez insuportável no campo prático de informações. Com isso, remete o estado da alma, do corpo e da mente regional ao vale dos infortúnios.

 

Não somos Província do Grande ABC por obra do acaso, como se sabe, embora a tessitura regional pudesse proporcionar ganho de escala fabuloso para surpreender mesmo aqueles que acham que somos vanguarda nacional. Pobres coitados que mal sabem que se reunimos algum conceito que justifique o verbete vanguarda, a melhor correlação seria com o atraso.

 

Gostem ou não, os dirigentes das entidades sociais, sindicais e empresariais da região vão ter de acordar para transformar os respectivos sites em verdadeiras vitrines de um volume substancial de informações disponíveis a novos cliques.

 

A disseminação da Internet possivelmente conduzirá a direção dessas organizações a cumprirem pressupostos que independem, em parte, dos avanços tecnológicos, porque estão intimamente ligados ao respeito corporativo e, principalmente, aos princípios de inserção comunitária.

 

Cobrar transparência apenas do Poder Público, como é comum no País, é um jogo de cena que protege quem se julga a salvo de qualquer ação crítica e torna entidades as quais comandam não mais que feudos particulares, para usufruto pessoal e grupal em instâncias diversas.



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