Vou aguardar alguns dias, não cancelarei as entrevistas presenciais que já marquei, mas posso adiantar que comecei a dinamitar o enigma da derrota do PT em Diadema para (como definiu uma leitora) o verde-azulado Lauro Michels. Os tempos modernos em tecnologia facilitam o trabalho jornalístico, embora não suprimam a importância do tête-à-tête: e-mails encaminhados por leitores que vivem e trabalham em Diadema (e estou aguardando mais manifestações) contribuem tremendamente para o aprofundamento do diagnóstico daquela que poderia ser considerada a maior zebra das eleições de outubro no País.
Como motivos existem e apenas não foram detectados pela mídia cada vez mais distante das bases sociais, porque viciada em pautas seletivamente pobres, cômodas ou convenientes, zebra não houve em Diadema. Houve sim consequências.
Mas não vou adiantar o que vem por aí em termos de informações porque o manancial é imenso e promete ser ainda maior na medida em que a tiragem inicial desta revista eletrônica, de 120 mil endereços ativamente estimulados todos os dias, multiplica-se entre os destinatários originais e, mais que isso, na medida em que a proposta de desvendar esse enigma mexe com o senso crítico de quem não tem medo de se expor, mas que, quando solicitado, terá a identidade preservada e a salvo de retaliações.
Para quem como este jornalista escreveu há 26 anos (o texto está no link abaixo e também no link da matéria publicada ontem) uma reportagem especialíssima sobre aquele início de jornada, que se tornou maratona, da esquerda à frente da Prefeitura de Diadema, a atualização de informações é tarefa mais que emocionante. Duas décadas e meia não formam um tempo qualquer. É o tempo de uma geração. Estar vivo e fazendo o que mais gosto, depois de torcer para aquele time que todos sabem qual é, são graças divinas.
Vou, com a ajuda dos leitores e com os pés na estrada, escarafunchar o petismo em Diadema, como o fiz pioneiramente naquela matéria para o então invejável Jornal da Tarde.
O que posso antecipar é que há pontos de convergência que impactam o provincianismo com que os gestores públicos dirigem a cidade, presos ao passado, inertes quanto ao futuro. Quem acha que Diadema é uma periferia perdida, sem ambições, sem inteligência, sem propostas, cairá mais ainda do cavalo.
O que se antecipa em Diadema é algo que pode ser o maior obstáculo ao crescimento eleitoral do PT. Não será Lula da Silva nas ruas que abrandará a catástrofe eleitoral. Tampouco o mensalão teria tanto poder destrutivo. Definir o que se passa em Diadema sem revelar o que vou escrever é um desafio. Diria provavelmente sem chegar à dimensão e à profundidade indispensáveis, mas a atingir um ponto mais que esclarecedor, que há uma combinação de fadiga de material administrativo, esgotamento da massa ideológica e, principalmente, entorpecimento às novas demandas sociais.
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16/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (14)