Sociedade

Bigucci constrange amigo Casari para
tentar impor censura à CapitalSocial

DANIEL LIMA - 30/01/2013

O empresário Milton Bigucci, presidente da Associação dos Construtores do Grande ABC e comandante da MBigucci, uma das maiores empresas do setor na região, segue a saga antidemocrática e anticonstitucional de tentar calar esta revista digital. Para tanto, não mede esforços. O também empresário Milton Casari, do setor de corretagem imobiliária, foi levado na audiência de ontem na 4ª Vara Cível de São Bernardo a mentir para tentar socorrer o amigo. E o amigo Milton Bigucci mentiu junto, ou consentiu na mentira, porque quer que quer encontrar meio de impedir que a realidade do setor imobiliário, que enfeixa a inapetência do dirigente para ocupar a presidência daquela entidade, e também a própria flacidez institucional da Associação, sejam levadas aos leitores.


 


É lamentável sob todos os pontos de vista colocar um amigo como Milton Casari numa fria ante o juiz de Direito Sergio Hideo Okabayashi, que cuida do caso em que Milton Bigucci luta astutamente para fazer o aplicador de Justiça acreditar que esteja sendo perseguido por esta publicação. Como se a frágil institucionalidade da Associação dos Construtores e o uso contínuo da organização pelo presidente Milton Bigucci para ludibriar a boa fé dos consumidores de informações fossem desvios psíquicos de um lunático que há 48 anos pratica jornalismo.


 


Deu dó ver Milton Casari, da Imobiliária Casari, amigo pessoal de Milton Bigucci há muitos anos, amigo de empreitadas comerciais há muitos anos, amigo de institucionalidade de Milton Bigucci há muitos anos, dizer para o juiz de Direito que não é amigo pessoal nem tem relações comerciais com Milton Bigucci. Tudo, claro, para que o depoimento como testemunha tenha valor jurídico. Milton Casari foi induzido a cometer o crime de falso testemunho, se assim pode ser chamado o fato de que disse ao juiz de Direito que Milton Bigucci é tão apenas um parceiro na Associação dos Construtores, onde ele, Casari, é vice-presidente.


 


Uma farsa montada


 


Mesmo sob o alerta do representante jurídico deste jornalista, advogado Alexandre Frias, presente à audiência, Milton Bigucci e Milton Casari sustentaram farsa de que são apenas e exclusivamente membros da diretoria da Associação dos Construtores e, portanto, nada impediria o segundo de favorecer o primeiro no depoimento prestado.


 


Milton Bigucci provavelmente é tão escasso de amigos quanto de racionalidade jurídica porque amigo de verdade não coloca amigo em fogueira e muito menos insiste -- mesmo advertido pelo litigante de uma causa de horrível viés ditatorial -- na tentativa de burlar preceitos legais que conferem a condição de testemunha a quem não tem o que juridicamente se denomina “relação íntima” com o autor do processo.


 


Provar materialmente que Milton Bigucci e Milton Casari mantêm amizade profícua ou pelo menos antiga é tão fácil como tirar doce da boca de criança. Principalmente nestes tempos de tecnologia avançadíssima, de Internet à palma da mão. Nem é preciso buscar entre os adversários de Milton Bigucci alguém que esteja disposto a enfrentamentos indigestos, porque o empresário é bem relacionado em esferas de poder. Basta um clique na tela do computador e lá aparecem Milton Bigucci e sua família de braços dados com Milton Casari e seus familiares. Se isso não for relação íntima, o que será relação íntima, segundo o conceito em questão?


 


Por isso, vai ser muito desagradável a Milton Casari e a Milton Bigucci – autor de uma mentira e avalizador da mesma mentira –- arcarem com as consequências perante o juiz de Direito. Eles são tão amigos íntimos que a festa de 25 anos de casamento de Milton Casari, realizada no Buffett Colonial, em 2011, contou com os respectivos familiares em efusivas congratulações. Está lá na página digital da revista Dia a Dia do Diário do Grande ABC de 27 de fevereiro de 2011 a notícia do evento e uma porção de fotos dos convidados. Os Miltons levaram todos os parentes mais próximos, entre outros motivos porque eles, no conjunto, são mesmo muito próximos.


 


Já o relacionamento comercial negado por Milton Casari também é uma falácia, estimulada por mais que combinado roteiro pré-audiência para que não se desperdiçasse suposta munição testemunhal de um empresário tradicional em São Bernardo, como é o caso de Milton Casari. Seria demais acreditar que, parceiros de Associação dos Construtores e íntimos nos relacionamentos familiares, Milton Casari e Milton Bigucci sejam mutuamente estranhos no mundo empresarial. Como se suas atividades – construção de Bigucci e comercial de imóveis de Casari – fossem como água e vinho no mundo capitalista. Muito pelo contrário, como se sabe: construir e vender são atividades quase siamesas. Tanto que não faltam flagrantes dos dois Miltons em festa de lançamentos imobiliários.


 


No fundo, no fundo, a fratura exposta da mentira contada por Milton Casari ao juiz de Direito de São Bernardo ao tratar do caso em que Milton Bigucci pretende calar este jornalista desnuda a fragilidade argumentativa do autor daquela intempestiva e desastrada ação judicial.


 


Pesquisas inconsistentes


 


Provavelmente da mesma consistência gelatinosa informativa foi a resposta de Milton Casari ao fato mais que conhecido e denunciado nesta revista digital de que as pesquisas divulgadas por Milton Bigucci sobre o comportamento do mercado imobiliário na Província do Grande ABC não passam de imprecisões misturadas com chutometrias.


 


Sabem que informação deu o vice-presidente da Associação, Milton Casari, sobre a metodologia supostamente científica que dá retaguarda aos números esgrimidos por Milton Bigucci ante o silêncio consentido de jornalistas que reproduzem acriticamente as numeralhas? Que as construtoras preenchem voluntariamente um material preparado pela Associação para informar o quanto venderam e o quanto lançaram no mercado regional. Ou seja, a raposa cuidando das uvas.


 


Fosse mais sincero e quisesse colocar a pobre estrutura da Associação dos Construtores numa sinuca de bico, Milton Casari teria dito com todas as letras que aquelas pesquisas são uma furada metodológica, preparadas sem arte e ao sabor de conveniências. Mais: os números que saltam das planilhas são inconsistentes e atendem a interesses particulares de quem quer manipular o mercado imobiliário da região. Algo fácil de ser constatado e confirmado: basta que Milton Bigucci aceite o desafio de abrir os números, a metodologia, os detalhes, para especialistas no assunto. Essa decisão ele jamais tomará porque transformou a Associação num puxadinho de marketing de seu conglomerado de empresas e de mais alguns poucos players da região.


 


Só informação qualificada


 


O que o que o quase eterno dirigente da Associação dos Construtores do Grande ABC ainda não entendeu e dificilmente entenderá, porque prefere sempre e sempre o caminho transverso da acrobacia testemunhal para incriminar este jornalista, é que não há limites de coragem e determinação a quem se dispôs a tratar um dos setores mais importantes da sociedade moderna, o mercado imobiliário, com o respeito social que parte de seus representantes, que deveriam dar o exemplo, simplesmente sonega.


 


Milton Casari transmite a ideia de que é um bom moço, mas teria ido ao Fórum de São Bernardo tão consciente do que deveria falar quanto a capacidade de interpretação dos fatos e o poder de reação dos jovens que se meteram naquela arapuca em forma de show musical na boate de Santa Maria, Rio Grande de Sul. Mais que provavelmente ele tentou provar a Milton Bigucci o grau de amizade que os une, sacrificando ou tentando sacrificar a própria verdade da proximidade negada.


 


Milton Bigucci ainda não se apercebeu de que só existe uma maneira razoavelmente plausível para cair nas graças de CapitalSocial: basta que a entidade, de enorme responsabilidade junto à sociedade nestes tempos em que o mercado imobiliário vive situação controversa, de muitos investimentos e de muitos gargalos de venda, com estoques em excesso, seja eficiente. Possivelmente o significado de eficiência esteja longe demais do alcance interpretativo de Milton Bigucci, porque pressupõe coleção de condicionalidades depurativas sobre a qual a direção atual da Associação não tem demonstrado a menor condição de superar. 


 


Aliás, não é por outra razão que, instado em três diferentes questionários formulados por CapitalSocial nos dois últimos anos, Milton Bigucci insistiu em ignorar a intermediação jornalística entre o poder que detém na entidade e os consumidores de informações.  Entendeu, possivelmente mal orientado ou por vício de arbitrariedades, que seria mais promissor o caminho da censura não daqueles que lhe opõem inadvertidamente qualquer obstáculo, mas daqueles que cumprem rigorosamente os ditames constitucionais. A Justiça não lhe tem dado guarida. Com mentiras, então, a máscara certamente cairá de vez.


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