Economia

Indústria mantém ritmo de
contratações de 2004 na região

DANIEL LIMA - 17/06/2005

É provável que o Diário do Grande ABC divulgue na edição desta quarta-feira o resultado do ritmo de contratações de emprego industrial com carteira assinada no Grande ABC em abril último e aproveite para fazer novo balanço do ano e dos últimos tempos. Afinal, essa é uma das muitas heranças de cobertura jornalística com valor agregado que deixamos naquela publicação. Os editores-secretários Marcelo Moreira e Fausto Siqueira são excelentes profissionais e sabem a importância de manter os leitores informados sobre o andar da carruagem do mercado de trabalho formal na região.


 


Antecipamos -- inclusive para aguçar o apetite dos leitores que eventualmente consomem o Diário -- o resultado não apenas de abril, mas do período de janeiro a abril desta temporada: o número de trabalhadores contratados no setor industrial com carteira assinada apresenta ligeiro crescimento: são 4.308 novos empregos, média de 1.436 por mês, contra média de 1.420 no mesmo período do ano passado.


 


O que isso significa? Significa que montadoras e autopeças estão segurando as pontas da economia industrial do Grande ABC. Para variar, já que somos movidos a veículos. Tão movidos que é inconcebível qualquer planejamento de reestruturação de matrizes produtivas que não leve esse vetor em consideração. Dizem alguns  que temos de nos desvencilhar do peso das montadoras. Insinuam  que não podemos ficar presos especialmente às multinacionais do setor que, como se sabe, não estão nem aí com a hora do Brasil em matéria de responsabilidade comunitária.


 


Não é bem assim, já que em vez de tratar as montadoras e as autopeças como estorvos, como grande nó, temos de utilizá-las como chamarizes de reconstrução produtiva. Como? Celso Daniel, o prefeito que mais enxergava regionalidade, deu o recado um ano antes de morrer: agregando valor aos serviços industriais. Como essa teoria é extensamente complicada, deixemos considerações para outras situações. O que interessa agora é que colecionamos 4.308 empregos industriais com carteira assinada neste ano. É pouco, é verdade, mas, para quem, nos últimos 184 meses (de janeiro de 1991 a abril deste ano) acumula buraco de 90.718 vagas formais, convenhamos que temos de agradecer aos céus.


 


Só para se ter idéia mais precisa sobre o montante do déficit de emprego industrial com carteira assinada nos últimos 15 anos e quatro meses, o volume de deserdados representa 10,8 fábricas iguaizinhas às da General Motors de São Caetano, que conta com 8,4 mil colaboradores. Isso mesmo: sofremos uma catástrofe de quase 11 unidades da General Motors em matéria de desemprego industrial no Grande ABC. Exceto este Capital Social e a revista LivreMercado, as demais mídias permaneceram no mais sepulcral dos silêncios.


 


Verdade seja dita: durante o período em que estive no comando do Diário do Grande ABC, nos últimos nove meses encerrados em abril último, o veículo corrigiu rota de suicídio informativo também nesse campo. O que prova que o problema da informação pela metade não é dos jornalistas daquele veículo, mas de quem está no comando da empresa.


 


Agenda lotadíssima


 


Tenho muito mais informações sobre o balanço do emprego formal no Grande ABC no primeiro quadrimestre deste ano e também numa abordagem histórica, mas o dia está corrido com a festa do Prêmio Desempenho e, entre outras tarefas que cumprirei numa agenda lotadíssima, está uma corridinha de pelo menos nove quilômetros para abrandar os nervos, retemperar a criatividade e aguçar a perspicácia. Também vou dar um arranjo geral numa brincadeira interativa que pretendo fazer com os convidados que estarão hoje à noite no Teatro Municipal de Santo André.


 


Que estou preparando para os convidados? Calma, calma que tudo tem sua hora. Há quem esteja preocupado com a brincadeira, que, de brincadeira, brincadeira, não tem nada. Diria que se fosse batizar a interlocução com os convidados, chamaria o jogo de "Cidadania nas Palavras". Ou "Palavras da Cidadania". Qualquer coisa nesse sentido. Quem acha que nosso idioma se esgota em suposta simplicidade da etimologia de cada verbete não sabe o que está dizendo. Compliquei a explicação? "Suposta simplicidade da etimologia de cada verbete" é realmente um certo exagero, mas, quem me conhece sabe que, quando quero jogar um pouco de penumbra para criar expectativa, provocar desdobramentos, estimular tramas, utilizo-me de fraseamentos deliberadamente enigmáticos.


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