Economia

O primeiro é
mais caprichado

DA REDAÇÃO - 05/04/1999

O pioneirismo está retardando a execução dos planos de fortalecimento das cadeias automotiva, moveleira e petroquímica que o Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) tem para o Grande ABC no âmbito do Proder (Programa de Emprego e Renda Regional). Depois da apresentação em dezembro passado do Diagnóstico da Competitividade do ABC encomendado à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o Sebrae espera sair este mês da fase de estudos para a operacionalização das primeiras ações. "A preocupação com prazo e qualidade das iniciativas alongou os trabalhos. Além disso, fomos os primeiros entre os mais de 30 Proders em implantação no Estado e aquele que possui maior grau de profundidade. É natural a cautela nas propostas, porque seremos referência para outras localidades" -- justifica Eduardo Giorfi, gerente do Sebrae para a Região Metropolitana, sediado em Santo André.


 


No modelo de um novo e fortificado Grande ABC pretendido pelo Sebrae está sendo mobilizada toda a cesta de produtos da instituição: de apoio tecnológico a estratégias de mercado, de associativismo a comércio exterior. Gerentes dessas áreas se reúnem desde a segunda quinzena de janeiro com comandantes das três agências do organismo na região para estabelecer como dar viabilidade à essência do Proder, que é identificar e avaliar pontos fortes e novas potencialidades de municípios ou regiões com o propósito de dilatar o mercado de trabalho e gerar riquezas. Em âmbito regional, o Proder foi lançado em 1998 no Grande ABC, Baixada Santista e Presidente Prudente. Em âmbito municipal, está em fase de implantação em 28 cidades paulistas.


 


Petroquímica, montadoras e moveleiros formam o tripé econômico do Grande ABC, mas a Unicamp aprofundou lentes sobre as subcadeias de plásticos e autopeças porque, junto com fabricantes de móveis, são na maioria de pequeno porte, intensivas de mão-de-obra e pouco aparelhadas na luta pela competitividade. "Estamos avaliando as sugestões do estudo para fazer a conexão com os produtos e serviços de que dispomos, estabelecer cronograma de implantação e submeter à direção do Sebrae. Depois, é preciso definir os atores que vão tocar as propostas: empresas, sindicatos, Câmara Regional e o próprio Sebrae" -- coloca Giorfi, com a esperança de ver tudo acontecer ainda este ano.


 


A Unicamp identificou pontos comuns nos setores pesquisados, como equipamentos com idade avançada, falta de inter-relacionamento para complementar produções e ausência de cooperação na área de compras e de consórcios de exportação, por exemplo, a fim de barganhar preços com fornecedores e clientes, respectivamente. Também diagnosticou que há muita concorrência em poucos produtos (fato predador de preços) e tocou nas feridas do alto custo da mão-de-obra e da infra-estrutura problemática, algo imperdoável para as modernas exigências de logística.


 


Mas o estudo aponta saídas como o cooperativismo -- ferramenta essencial para pequenos negócios --, a vantagem geográfica da região pela proximidade com fornecedores e consumidores e a terceirização que continua lipoaspirando grandes indústrias. Se capacitadas, micro e pequenas empresas podem se habilitar a manter no Grande ABC as atividades-meio antes exercidas pelas grandes, aponta a Unicamp. Qualificação da mão-de-obra braçal e também gerencial é outra condição básica para conquistar competitividade, sugere o estudo.


 


A Unicamp recomenda valorizar a aglomeração regional. Só nos plásticos são cerca de 600 empresas que empregam 19 mil pessoas, o que permitiria ampliar a interdependência com fornecedores vizinhos do pólo petroquímico de Capuava e diferenciar-se com a diversificação. O estudo identificou grande concentração de produtores de peças plásticas automotivas e de embalagens para indústria de alimentos e de limpeza, mas carência em itens como móveis e enfeites natalinos em resina, que acabam importados.


 


Para as autopeças, castigadas até recentemente pelas compras externas das montadoras devido ao dólar favorável, a Unicamp sugere ênfase à exportação e formação de cooperativas de serviços para toda a cadeia metalmecânica, aproveitando a qualificação da mão-de-obra automotiva que vem sendo descartada. Para os moveleiros, que voltam a se direcionar à fabricação depois da prioridade nos anos 80 à comercialização, a proposta central é o associativismo. Compras, desenvolvimento de design, promoção em feiras externas e exportação seriam facilitados se tocados a várias mãos num setor que reúne 450 marcenarias e seis mil empregos diretos. Consolidar a indústria do Grande ABC como pólo de móveis sob encomenda seria outra viga-mestra.


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