Exatamente 1431 variáveis de estudos, desde a quantidade de robôs na indústria até quanto do pessoal ocupado possui Terceiro Grau, ou então que parcela do comércio já utiliza leitura ótica de preços e qual o grau de experiência profissional que a construção civil exige para recrutar trabalhadores. A grandeza de indicadores apurados pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) impediu que São Paulo começasse 1999 conhecendo com que cara ficou após a turbulenta abertura comercial que varreu a economia mais importante do País.
A releitura do que sobrou no Estado, com um corte especial sobre o Grande ABC encomendado pelo Consórcio Intermunicipal de Prefeitos, vai vir a conta-gotas, na medida em que a equipe de trabalho for cruzando e interpretando as centenas de respostas dadas por 21.665 empresas que entraram no banco de dados do Seade para compor a Paep (Pesquisa da Atividade Econômica Paulista).
Esse supercenso mapeou em várias regiões do Estado o que acontecia entre 1994 e 1996 na indústria, comércio, serviços de informática, bancos e construção civil. Por ter um pé na informalidade, a área de serviços em geral vai ganhar levantamento à parte.
O universo de informações além de gigantesco é novo, já que o último censo econômico feito em São Paulo pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) data de 1985; portanto, baseado em matriz produtiva praticamente inexistente hoje. Daí a necessidade de o Seade ter criado metodologia específica para mensurar os novos tempos e se ater mais demoradamente sobre o que os pesquisadores trouxeram dos 13 meses em que ficaram nas ruas, a partir de agosto de 1997, justifica o diretor Pedro Paulo Martoni Branco. "Sabemos que as inter-relações mudaram acentuadamente. A indústria automobilística, que trabalhava com até 95% de autopeças nacionais, hoje traz partes inteiras não só de fora do País como de fora de São Paulo. O setor dobrou a produção em 1997 para dois milhões de veículos, mas não necessariamente agregou valor ou gerou empregos. Estamos vendo como isso ocorreu" -- sublinha.
As primeiras análises do censo especial sobre o Grande ABC estão prometidas para entre este e o próximo mês. A técnica Fátima Araújo não arriscou antecipar interpretações, sobretudo em relação a empresas que fecharam ou sobre o deslocamento espacial das que se evadiram, argumentando que outros Estados não foram pesquisados. Nem mesmo perfil preliminar do que é a indústria paulista hoje foi extraído para a primeira apresentação da Paep à Imprensa, no mês passado.
A apresentação apenas ciscou sobre a pesquisa, mostrando potencialidades de temas. Há sinais de enfermidade, como o fato surpreendente de apenas 5,8% das indústrias oferecerem treinamento de controle de qualidade ao pessoal da produção ou de somente 9,6% das empresas de construção civil possuírem comitês de controle da qualidade. Ou ainda: no meio do animador índice de 25,4% de empresas que fizeram inovação tecnológica (próximo dos 27% da Austrália), a grande maioria copiou concorrentes, absorveu tecnologia externa ou comprou bens de capital de fora, ou seja, não fez P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) próprio.
Mas a Paep também detectou fases modernizadoras, como 84,6% do comércio já informatizado e 71,4% das indústrias valorizando a capacidade de trabalho em grupo para recrutar pessoal de fábrica.
É a primeira vez que São Paulo e o Grande ABC em particular terão mapa detalhado da oferta pelo lado de produção-serviços e da demanda pelo lado trabalhista. Um recorte da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) também foi encomendado especificamente para o Grande ABC, desagregado da Região Metropolitana. A Paep será organizada na forma de CD-ROM por setores, indicadores e resultados. Ao todo, foram 27.946 empresas pesquisadas no Estado, com retorno de 21.665 (77,5%) e recusa de participar de 4.407 (15%). Isoladamente, o Grande ABC foi mais receptivo: foram recolhidos 87% dos cerca de oito mil questionários e só 8,8% se recusaram a fornecer dados.
Total de 1894 matérias | Página 1
21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?