Economia

Secovi e Clube dos Construtores
desprezam escândalo imobiliário

DANIEL LIMA - 28/11/2013

Metidos até o pescoço nos escândalos imobiliários da Capital e da Província do Grande ABC, os irmãos siameses Secovi e Acigabc desprezam completamente o noticiário das falcatruas em suas páginas oficiais na Internet. Querem uma confissão mais tácita de que nada é por acaso nas imundícies que estão não só no entorno, mas no interior dessas representações?


 


O Secovi e o Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC (o nome fantasia que utilizo para designar a Acigabc de estrutura nominativa e fonética tão sofrível quando a administração de Milton Bigucci) fogem como o diabo da cruz ante a avalanche do noticiário que coloca os mercadores imobiliários, finalmente, como bola da vez da moralidade no relacionamento com os poderes públicos.


 


Diferentemente do que pretende o dissimulado Milton Bigucci, que tem ido à Justiça para me silenciar, até porque sabe que não existe outro caminho senão o da semântica para tentar me dobrar ante magistrados pouco apetrechados a entender o jogo de poder na Província do Grande ABC, não vou parar de ter o mercado imobiliário como temática desta revista digital.


 


Quer se fazer de vítima Milton Bigucci ao argumentar sobre a quantidade de textos a que me refiro a ele nestas páginas, como se quantidade fosse uma agressão à verdade que pauta estas linhas. Vou escrever ainda muito sobre Milton Bigucci e sobre o mercado imobiliário porque se trata, como tenho cansado de dizer, de uma atividade econômica vital à qualidade de vida. A barafunda metropolitana está intimamente relacionada ao padrão deletério de usurpação do espaço publico por uma atividade protegidíssima para engendrar o assassinato da esperança de quem espera uma metrópole com alma.


 


Comunicação amadora


 


São tão amadores em comunicação os dirigentes do Clube dos Construtores e do Secovi que, antes mesmo de tirar uma prova dos nove de que nada teria sido inserido nos respectivos sites de suas atividades, este jornalista apostaria no que encontrou, ou deixou de encontrar. Secovi e Clube dos Construtores e Incorporadores são casas preocupadíssimas com vantagens corporativas. Pouco se lixam para a sociedade como um todo, embora não falte discurso de transformações que jamais saem do papel.


 


Basta ver o que prometeu Cláudio Bernardes, presidente do Secovi, ao tomar posse há dois anos, e o que de fato realizou até agora, quando acaba de ser reeleito sob a tempestade de areia da cobertura midiática mais fantástica da mídia paulistana tão permissiva com os mandachuvas imobiliários.


 


Diferentemente de Cláudio Bernardes, assessorado por marqueteiros que fazem marketing mas não fazem obras, sobre Milton Bigucci à frente do Clube dos Construtores e Incorporadores há mais de duas décadas não se encontra nem mesmo algum material que possa ser contestado comparativamente, porque o dirigente é um grande antiexemplo de organização institucional. O Clube do qual é o máximo dirigente não passa de uma mistureba de interesses particulares junto aos poderes públicos e uma ramificação mal-ajambrada do departamento de relações públicas do conglomerado MBigucci, do qual é o presidente.


 


Quando escondem dos associados e da sociedade o noticiário amplo e cada vez mais detalhado sobre as estripulias dos mercadores imobiliários da Capital em combinação com auditores da Prefeitura especializados em enriquecimento acelerado, dirigentes do Secovi e do Clube dos Construtores e Incorporadores se dão as mãos solidariamente. Eles acreditam que possam blindar o setor da reprovação da sociedade. 


 


O Ministério Público da Capital está em fase de investigação para obter a identidade de um suposto representante do Secovi que de tão enfronhado nas lambanças com os servidores públicos tratou de alertar um dos envolvidos sobre as investigações policiais e ministeriais. O Secovi saiu do buraco do silêncio em que se meteu com uma nota oficial de indignação. Seria melhor que não fosse tão enfático. É praticamente impossível que, ante o tamanho e o volume das falcatruas, nenhuzinho representante do setor imobiliário incrustrado naquela entidade não tenha botado as manguinhas para fora.


 


Passado condena


 


O passado do Secovi e do Clube dos Construtores e Incorporadores não é nada abonador. O escândalo do financiamento irregular de campanhas de vereadores nas eleições de 2010 na Capital culminou na condenação pela Justiça. Milton Bigucci, é sempre bom lembrar, integra o Conselho Consultivo do Secovi. Não se acredita que desconhecesse aquelas irregularidades denunciadas pelo Ministério Público e confirmadas pelo Judiciário.


 


Estivessem tanto o Secovi de Cláudio Bernardes quanto o Clube de Milton Bigucci interessados de fato em participar da moralização do setor imobiliário, há muito teriam desenvolvido esforços para valer na identificação e denúncia de todos os porões públicos que armazenagem sistemas sofisticados ou prosaicos de sedução que constroem atalhos à aprovação de projetos e à liberação de obras. Qualquer profissional bem informado na área de construção civil sabe que a mobilização verbal de alguns é inversamente proporcional à prática de outros; ou seja, investe-se para valer mesmo é na identificação de pedaços podres da administração pública com o objetivo de democratizar a esbórnia. A filosofia de que por onde passa um passa uma boiada de agentes econômicos corruptos é a máxima de bastidores de quem acredita que o Poder Público é a meca da malandragem a ser compartilhada.


 


É por essas e por outras que tanto o Clube dos Construtores quanto o Secovi são instituições fragilizadas como exemplos de responsabilidade social e, mais que isso, se distanciam largamente de pequenos e médios empreendedores do setor, sem cacife para participarem dos jogos combinados.


 


Os espaços em branco nos sites das duas entidades são a confissão pública do quanto a apuração do Ministério Público da Capital desagrada as lideranças da atividade na Capital e na Província do Grande ABC. A Administração Fernando Haddad contrariou todos os manuais de convivência nebulosa com os mercadores imobiliários, mesmo que tenha de cortar da própria carne. Quem acredita que Secovi e Clube dos Construtores seguirão o exemplo não sabem da missa um terço.


 


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