O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) acaba de anunciar o PIB dos Municípios Brasileiros. Como era esperado, a Província do Grande ABC voltou a marcar passo, sob a liderança de São Bernardo e Santo André. O crescimento nominal de 6,03% é inferior aos 6,50% medidos pelo IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Ampliado), adotado pelo governo federal. CapitalSocial incorpora o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), que registrou 5,10% naquela temporada. Somente São Caetano e Rio Grande da Serra ultrapassam os dois indicadores inflacionários.
O comportamento da economia da Província do Grande ABC era esperado. Foi cantado por CapitalSocial havia muito tempo. E desmascara uma das maiores lorotadas já divulgadas por uma Administração Pública (do então prefeito de Santo André, Aidan Ravin), corroborada pela subserviência, quando não pelo desconhecimento ou baixo comprometimento crítico da mídia regional. Trata-se de uma estapafúrdia projeção que ganhou manchetes dos jornais locais dando conta de que, naquela temporada, o PIB de Santo André teria crescido 17%. Algo de fazer corar de inveja os dinâmicos chineses.
Santo André só não ficou com o título de lanterninha do PIB de 2011, quando comparado aos números de 2010, porque São Bernardo resolveu atrapalhar. O crescimento de apenas 0,7% da produção de veículos em 2011 (3,38 milhões do total de vendas de 3,63 milhões) atingiu em cheio o desempenho de São Bernardo, movida sobrerrodas. Por isso, o PIB da Capital Econômica da Província avançou em termos nominais, sem considerar a inflação, apenas 2,13%. Se considerada a inflação medida pelo IPCA, São Bernardo sofreu queda da produção de riquezas de 4,37% em 2011. O PIB de São Bernardo em 2010 atingiu R$ 35.578.58 bilhões. Para não perder a corrida inflacionária do IPCA teria de ter chegado a R$ 37.891.19 bilhões em 2011, mas só alcançou R$ 36.337.34 bilhões. A situação de Santo André é semelhante: o PIB de 2010 (R$ 17.258.47 bilhões) chegaria a R$ 18.380.27 bilhões em 2011 se corresse na mesma raia inflacionária do IPCA, mas só registrou R$ 17.664,72 bilhões – queda de 3,90%%.
O desempenho de Rio Grande da Serra, o melhor da Província, precisa ser relativizado. Trata-se do menor Município da região, cuja economia não representa sequer 0,5% da riqueza regional. São Caetano cresceu nominalmente 6,84% (portanto acima das duas margens inflacionárias, do IPCA e do IGPM). Diadema (4,73% de crescimento nominal), Mauá (3,70% também nominais) e Ribeirão Pires (4,72% igualmente nominais) completam a lista da região.
No conjunto e em valores nominais a Província do Grande ABC produziu em 2011 o PIB Geral de R$ 87.692.87 bilhões, ante R$ 82.700,59 bilhões de 2010. Considerado o medidor oficial, o IPCA, o PIB regional sofreu retração de 0,9%%. Se a âncora inflacionária for o IGP-M, a situação se inverte, com crescimento de 0, 9%. Seja qual for a escolha, o resultado final será praticamente o mesmo, de grande decepção. O PIB do País cresceu 2,7% naquela temporada. Ou seja: a Província do Grande ABC mais uma vez não acompanhou nem mesmo o baixo crescimento do PIB nacional, em processo de descolamento sistemático do conjunto dos municípios brasileiros.
Indicativos claros
Em setembro do ano passado CapitalSocial já apontava para as dificuldades que a Província do Grande ABC encontraria para sustentar recuperação do PIB. Tudo porque apontou a perda regional na corrida paulista de produção de Valor Adicionado, espécie de prévia do PIB. Santo André e São Bernardo tiveram o pior desempenho no ranking do G-20, o grupo dos 20 municípios mais importantes do Estado, exceto a cidade de São Paulo, organizado por esta publicação. Os dois municípios classificaram-se entre os últimos quando os resultados eram confrontados com os da temporada anterior, ou seja, de 2010. “Em relação ao Valor Adicionado paulista a Província do Grande ABC foi 30% inferior no ano passado. Já ante os integrantes do G-20, a perda relativa é de 45%”, escrevi em 24 de setembro do ano passado.
Para confirmar a importância do Valor Adicionado divulgado pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo geralmente um ano e meio antes dos números oficiais do PIB do IBGE, também naquele texto apontei o bom desempenho de São Caetano como integrante do G-20, ao conquistar o quinto lugar. Diadema ocupou a 11ª posição, Mauá a 14ª, Santo André a 15ª e São Bernardo a 17ª.
A má notícia é que, conforme também já antecipei, com base no Valor Adicionado de 2012 (veja link abaixo) o PIB da Província também será um contragolpe nos triunfalistas inveterados quando, dentro de um ano, o IBGE voltar à cena com novos estudos municipais.
O comunicado do IBGE
Segundo o comunicado oficial do IBGE, a alta no preço do barril de petróleo influenciou as principais mudanças nas participações dos municípios no PIB nacional em 2011. Entre os municípios que geraram pelo menos 0,5% do PIB, Campos de Goytacazes (RJ) teve o maior ganho absoluto de participação, passando de 0,7% do PIB brasileiro em 2010 para 0,9% em 2011 (+ 0,2 ponto percentual), devido principalmente aos altos preços do petróleo. Já entre as principais perdas de participação, o segmento de refino de petróleo teve retração devido ao preço elevado do petróleo, que impacta diretamente os custos da atividade. Esse fato, em conjunto com o elevado estoque e baixo crescimento da indústria automotiva fez com que Betim (MG) passasse de 0,8% para 0,7% do PIB nacional no período. São Paulo teve a maior redução na participação no PIB (-0,3 ponto percentual). O crescimento nominal do Valor Adicionado bruto da agropecuária em 2011, 12,5%, refletiu principalmente a elevação dos preços do milho, café, cana-de-açúcar e soja.
Confirmando estudos anteriores, em 2011 seis capitais concentravam aproximadamente 25% da geração de renda do País, das quais cinco se caracterizavam pela concentração da atividade de serviços (intermediação financeira, comércio e administração pública). Todos os seis municípios são capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus),e representam 13,7% da população do País.
Já quando se agrega a renda de 55 municípios, 10% do total brasileiro, alcançou-se aproximadamente a metade do PIB nacional e 30,9% da população. Também em 2011, 1.323 municípios que pertenciam à última faixa de participação relativa responderam por aproximadamente 1,0% do PIB e concentraram 3,3% da população.
Excluindo-se os municípios das capitais, 11 destacaram-se por gerarem individualmente mais de 0,5% do PIB, agregando 8,7% da renda do País. Esses municípios, com grande integração entre indústria e serviços, eram: Guarulhos (SP), 1,0%; Campinas (SP), 1,0%; Osasco (SP), 0,9%; Campo dos Goytacazes (RJ), 0,9%; São Bernardo, 0,9%; Barueri (SP), 0,8%; Santos (SP), 0,8%; Betim (MG), 0,7%; Duque de Caxias (RJ) e São José dos Campos (SP), que individualmente geraram 0,6%; e Jundiaí (SP), 05%. Desse conjunto, apenas Campos dos Goytacazes, São José dos Campos e Jundiaí estão fora de regiões metropolitanas.
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