A situação econômica da Província do Grande ABC durante os primeiros nove anos de gestão petista no governo federal apresenta números bem melhores do que na última década do século passado, quando sofreu forte desindustrialização, mas novos números metabolizados por CapitalSocial reforçam o apontamento de que o ritmo de crescimento está aquém de outras áreas geográficas do Estado de São Paulo.
A velocidade de produção do PIB (Produto Interno Bruto) entre janeiro de 2003 e dezembro de 2011 na Província do Grande ABC foi inferior em relação aos nove municípios da Baixada Santista, como o fora diante os 19 municípios da Grande Campinas. Se no confronto com os interioranos a desvantagem atingiu 21,49% no período, contra os representantes do Litoral a queda foi levemente inferior, de 18,75%. Ou seja: por mais que a indústria automobilística continue a dar as cartas na Província do Grande ABC, outras áreas do Estado registram resultados mais satisfatórios. Não conseguimos correr na mesma velocidade de concorrentes diretos por investimentos.
Apesar da desvantagem consumada nos nove anos pesquisados por CapitalSocial, a produção de riquezas na Província do Grande ABC segue bem à frente em números gerais no embate com a Baixada Santista. Se no encerramento do último governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, a diferença favorável ao PIB da Província alcançava 45,78%, nove anos depois, diante da perda relativa de velocidade no confronto com os praianos, a distância foi reduzida a redondos 40%. Ou seja: uma queda de 18,75%, ou de 5,79 pontos percentuais.
Per capita semelhante
A Província do Grande ABC conta com um milhão de habitantes a mais (2,7 milhões contra 1,7 milhão) e território de 840 quilômetros quadrados, praticamente três vezes inferior aos 2,3 milhões de metros quadrados da Baixada Santista. Quando a disputa se desloca ao PIB per capita, as diferenças praticamente desaparecem: Baixada Santista de 2011 apontava aproximadamente R$ 30,8 mil, contra 32,3 mil da Província.
Quando Fernando Henrique Cardoso deixou a presidência da República, na virada do ano novo de 2003, o PIB da Baixada Santista registrava em valores nominais R$ 18.872.64 bilhões, contra R$ 34.817.50 bilhões da Província do Grande ABC. Uma diferença de 15.944.86 bilhões, que correspondia a quase metade da geração da riqueza da região. Já no final de 2011, após oito anos de presidência de Lula da Silva e de um ano de Dilma Rousseff, sua sucessora, o PIB da Baixada registrou em valores nominais, R$ 52.364.69 bilhões, ante R$ 87.297.38 bilhões da Província. Uma diferença de R$ 34.932.69 bilhões. A velocidade de crescimento do PIB da Baixada Santista no período foi de 177,46%, ante 150,73% do apontado na Província. Por conta disso, chegou-se à redução da diferença do PIB da Província em relação ao da Baixada de 45,79% para 45,00%.
Os dados favorecem interpretações que instalam a Baixada Santista cada vez menos distante da riqueza produzida na Província do Grande ABC. Em contraste com o núcleo do desenvolvimento econômico da região, vinculado em excesso à produção automotiva, a Baixada Santista deverá dar sequência e provavelmente com mais ênfase aos alardeados ganhos proporcionados pela exploração de petróleo em águas profundas, o chamado pré-sal.
Aliás, foi a reboque dos interesses cada vez mais consolidados de exploração do pré-sal que a Baixada Santista ganhou impulso nos últimos anos como polo de atratividade econômica. Tanto que Santos, capital daquela região e palco principal das manobras da Petrobrás, aumentou a liderança econômica sobre os demais municípios locais. Se em 2002 a cidade representava 48,31% do PIB da Baixada Santista, em 2011 saltou para 60,24%.
Dependência de Santos
O PIB de Santos cresceu nominalmente no período 245,97%, bem acima do PIB médio da Baixada Santista, de 177,46%. Retirando-se a participação de Santos do PIB da Baixada Santista, o crescimento foi ainda menor: os demais oito municípios cresceram em média apenas 113,42%. Ou seja: o salto santista foi mais que o dobro do registrado pelos demais municípios da Baixada. Além de Santos, fazem parte da Baixada Santista: Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande e São Vicente.
A Província do Grande ABC, beneficiada pela explosão de consumo do setor automotivo, viveu fenômeno semelhante ao da Baixada Santista: São Caetano e São Bernardo aumentaram a liderança na produção regional do PIB de 50% para 55%. Nada, entretanto, que se compare à predominância regional de Santos no período. O aprofundamento da Doença Holandesa do setor automotivo na Província do Grande ABC é uma preocupação latente entre aqueles que projetam redução gradativa mas persistente da participação relativa e também em números absolutos de veículos nas montadoras locais.
Os investimentos em novas fábricas automotivas não encontram a Província como alternativa por conta dos custos mais elevados de produção e também porque, entre outras razões mais relevantes, o nó logístico da Região Metropolitana de São Paulo é um convite à descentralização, principalmente rumo ao Interior do Estado.
A previsão de que haverá nos próximos anos descompasso entre produção e demanda de veículos por conta do aumento da oferta, corresponde a ameaça à região dependente demais de produtos de preços médios mais elevados.
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21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?