A Prefeitura de Santo André está em busca de investimentos do Japão, também alvo prioritário dos interesses do governo brasileiro este ano. Para atrair ienes, a administração municipal não despreza nenhum tipo de investidor, de empresas multinacionais aos dekasseguis, brasileiros de origem nipônica que trabalham no outro lado do mundo e querem investir em bons negócios.
“Para os investidores japoneses, o Brasil é a bola da vez” -- acredita o diretor-assistente do Departamento de Relações Internacionais da Prefeitura de Santo André, Daniel Oliveira. O executivo público prepara série de atividades de médio e longo prazo para atrair capital japonês. Está na agenda de Daniel Oliveira a organização de visita de empresários orientais à cidade, no início de agosto, em conjunto com o Jetro (Japan External Trade Organization), órgão oficial de comércio exterior do Japão.
Câmara de Comércio Brasil-Japão também apóia a iniciativa que pretende promover Santo André como cidade para investimentos e negócios. A parceria é construída dentro do projeto de cooperação da Prefeitura com o governo do Japão na área de promoção de negócios, intercâmbio de gestão pública e gestão de desenvolvimento urbano.
Empresas da região serão visitadas por investidores japoneses que também devem conhecer a Innova (Incubadora de Base Tecnológica de Santo André), Agência de Desenvolvimento e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas). As empresas japonesas vêm com o objetivo de se associar a empresários brasileiros no desenvolvimento de produtos. “São empresas que querem fazer um produto que tenha demanda no Japão, como alguns tipos de software e componentes das áreas de telecomunicações. Na área hospitalar, por exemplo, o interesse não é na produção de luvas plásticas, mas em propiciar know-how na inovação tecnológica” -- explica Daniel Oliveira.
Não é só a Prefeitura que está de olho nas possibilidades de comércio com o Japão. O presidente Lula viajou ao país asiático no mês passado com a meta de convencer japoneses a se tornarem investidores assíduos no mercado brasileiro. Depois de mais de uma década com a economia paralisada, o Japão voltou a crescer nos últimos anos. Em 2004, a economia registrou 3% de alta, desempenho considerado favorável para os padrões do país.
Dekasseguis
A Administração de Santo André segue linha similar e pretende atrair também investimentos dos dekasseguis. A primeira atitude foi a publicação no mês passado de matéria na revista oficial da Feira de Nagóia, uma das maiores concentrações de dekasseguis e da qual participam empresários brasileiros radicados no Japão. “É uma feira que reúne dekasseguis que pretendem voltar para o Brasil e investir. A matéria mostra Santo André como oportunidade de negócios” -- conta Daniel Oliveira.
A tentativa de atrair investimentos dos dekasseguis não pode ser confundida como uma ação de menor importância. Estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) projeta para este ano o envio de US$ 2,2 bilhões de dólares pelos 270 mil brasileiros que trabalham no Japão. O montante representa quase 10 vezes os US$ 234 milhões investidos pelas empresas japonesas no ano passado no Brasil. Os dekasseguis constituem a comunidade que mais envia dinheiro ao Brasil. O estudo do BID mostra ainda que o salário médio de trabalhadores brasileiros no Japão é de quase US$ 50 mil por ano. Quase 20% desse total é enviado aos familiares no Brasil. “Acredito que o investimento a ser feito por dekasseguis em Santo André possa ser alto” -- estima Carlos Shimizu, da Bunka Kyokei, conhecida também como Associação Cultural ABC, entidade ligada à comunidade japonesa na cidade.
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