Economia

Terciário de ponta
é mesmo a saída

FERNANDO STELLA - 05/07/2003

O desafio está lançado: ou São Caetano atrai empresas do setor terciário de valor agregado ou corre o risco de perder a liderança que detém nos mais variados indicadores de qualidade de vida. Primeira colocada no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e em Inclusão Digital, a cidade também exibe o melhor IDEE (Índice de Desenvolvimento Econômico Equilibrado), conforme pesquisa do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos).


 


São Caetano agrega hoje quase nove mil estacionamentos comerciais em apenas 15 quilômetros quadrados e disputando 144 mil habitantes, fator preponderante para o abre-e-fecha de empresas. Se não encontrar alternativas para estimular a entrada empreendimentos mais especializados, a cidade poderá perder, por exemplo, o posto de segunda colocada em arrecadação de ISS (Imposto Sobre Serviços) no Estado.


   


Esse tributo favoreceu o crescimento considerável de empresas do segmento de serviços e comércio. Até o ano passado, o Município esquentava a guerra fiscal com alíquota de 0,25% de ISS. A vigência de lei federal que unificou a alíquota mínima para 2% a partir de 2003 freou as vantagens atrativas do Principado de São Caetano -- como o prefeito Luiz Tortorello costuma se referir à cidade que comanda há sete anos.


 


"Essa quantidade de estabelecimentos é em boa parte proveniente do desemprego, da necessidade de se ter alguma renda. Além da concorrência predatória, muitas empresas não têm qualidade e fecham as portas. Isso faz com que aumente o índice de mortalidade dos empresários” -- comentou o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, na segunda reunião setorial do Condec (Conselho de Desenvolvimento Econômico) da Prefeitura. O dirigente faz coro à pregação de LivreMercado sobre a importância de a ex-industrial São Caetano especializar-se em serviços tecnológicos de ponta.


 


O encontro também serviu para empresários locais e administradores públicos tentarem encontrar soluções a curto ou médio prazo. Um dos projetos ainda no papel é o Polo Tecnológico localizado em área desocupada por indústria da Família Matarazzo e com 360 mil metros quadrados, no Bairro Cerâmica. Anunciado há dois anos, o espaço tem planos de abrigar empresas de chips, prestadoras de serviços financeiros e de informática, além de centro comercial e residencial.


 


As empresas e sobretudo a mão-de-obra especializada necessitadas pelo Município podem estar no próprio quintal de São Caetano, segundo Afif Domingos. Para o dirigente empresarial, a cidade deveria investir mais em adolescentes por meio do Programa de Convivência e Aprendizagem no Trabalho. Dar benefícios a empresas que recrutem mão-de-obra a partir dos 14 anos desenvolveria o espírito de empreendedorismo em jovens. "Faria do trabalho o complemento do estudo" -- resume o ex-parlamentar. "A atividade ganharia mais fundamento para a cidade se fosse direcionada a área tecnológica" -- reforçou Afif Domingos.


 


Centro de compras


 


Outra solução que, ao mesmo tempo, tiraria uma incômoda pedra no sapato da atual administração seria viabilizar a construção de um shopping center. Apesar da liderança também no quesito renda per capita, o Município não conta com um centro de compras. O principal templo de consumo e espaço de fomento ao comércio em qualquer lugar do mundo não sensibilizou o morador de São Caetano, que optou por cidades vizinhas como Santo André, São Bernardo e a Capital. A cidade já teve um grande shopping, mas a maioria das lojas fechou há quase dois anos para dar lugar a uma torre de escritórios. Um terreno em frente ao Extra São Caetano e quase na divisa com a Capital pode ser a solução. O problema e que faltam empresários dispostos a investir.


 


Paralelo aos projetos, a Prefeitura também está disposta a utilizar os títulos obtidos recentemente e a imagem de cidade com melhor qualidade de vida no País para atrair futuros empreendedores. Os prêmios são considerados como chamarizes para empresários voltados principalmente ao segmento de comércio e serviços, acredita o diretor de Desenvolvimento Econômico, Jerson Ourives. "Precisamos mostrar o que já foi feito pela administração pública em infra-estrutura e o que podemos oferecer a mais no Município" -- comenta.


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