O PIB (Produto Interno Bruto) da Província do Grande ABC já foi ultrapassado pelo PIB da Grande Campinas e pelo PIB da Grande Osasco, além de sempre ser inferior ao da Capital. E a perspectiva para os próximos 10 anos é de nova queda regional, agora em relação ao avanço da Grande Guarulhos, ou Grande Leste, um conjunto de 11 municípios da Grande São Paulo que tem o Município que é sede do Aeroporto Internacional de Cumbica como principal economia.
A velocidade média de crescimento do PIB da Grande Guarulhos entre 1994, quando foi implantado o Plano Real, e 2011, conforme dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foi 16,78 superior à apresentada pelos sete municípios da Província do Grande ABC. Com isso, reduziu para 17,85%% a diferença do volume de riquezas produzidas no período em relação ao desempenho dos municípios da região. Em 1994, o PIB da Província era 27,91% superior ao da Grande Guarulhos. A diferença caiu para 17,85% em 2011.
A Grande Guarulhos cresceu em termos nominais (sem considerar a inflação do período) 270,02% nos 17 anos contabilizados a partir de 1994, ante 224,71% da Província do Grande ABC. O resultado só não é mais profundamente diferente porque desde a chegada do governo petista em Brasília a Província do Grande ABC, movida a indústria automotiva, parou de perder riqueza e até recuperou uma parte do terço perdido durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo assim, o acúmulo de derrotas regionais não deixa de ser incômodo. A perda para a Grande Campinas e para a Grande Osasco nos últimos anos de segunda posição de maior potência econômica do Estado de São Paulo foi um duro golpe na autoestima regional. E o melhor mesmo a metabolizar é a possibilidade de a Grande Guarulhos também saltar à frente. Quem sabe até mesmo antes do período de uma década, porque a economia dos municípios à Leste da Região Metropolitana de São Paulo tem diversidade e também melhor logística que a da Província do Grande ABC.
Novo Rodoanel ameaçador
A abertura do trecho leste do Rodoanel, que beneficiaria aquela área muito mais que à Província, poderá agilizar a ultrapassagem. Foi, aliás, o que se deu com a Grande Osasco, ou Grande Oeste, servida por trecho do Rodoanel seis anos antes da inauguração do trecho sul, que apenas tangencia São Bernardo, Santo André, Mauá e Ribeirão Pires.
Além disso, o Aeroporto Internacional de Guarulhos passou a receber grandes investimentos após ser repassado à iniciativa privada em regime de concessão, uma variável de privatização adotada pelo governo federal petista. A capacidade de embarque e desembarque de passageiros será incrementada nos próximos anos e, com isso, vai gerar novas demandas com o aumento do número de empregos e de receitas.
O PIB total da Grande Guarulhos em 1994 atingiu R$ 19.379.27 bilhões, enquanto a Província registrava R$ 26.884.25 bilhões. Em 2011 o PIB da Província alcançou R$ 87.297.38 bilhões, contra R$ 71.708.55 bilhões.
Guarulhos é o carro-chefe da Grande Leste, com PIB de R$ 43.476.75 bilhões, o que equivale a 60% daquela geografia. Há outras duas grandes potências daquela região que também estão em pleno desenvolvimento econômico: Mogi das Cruzes somou em 2011 PIB de R$ 9.646.38, 330% acima dos números registrados em 1994, e Suzano, com PIB de R$ 5.788.82 bilhões em 2011. Completam a Grande Guarulhos os municípios de Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Poá, Salesópolis e Santa Isabel.
Num passado de glórias da Província do Grande ABC, quando os 800 quilômetros quadrados da região eram disputadíssimos principalmente pelo setor automotivo, jamais se poderia admitir que o elenco de 11 municípios da Grande Guarulhos sequer fosse colocado em confronto com os sete endereços da região. A Província do Grande ABC era o mais vigoroso território industrial da Região Metropolitana de São Paulo, depois de Capital. Mas os anos bravios da mobilização sindical e a abertura econômica desregrada a partir de Collor de Mello no início dos anos 1990, agravada com a chegada de Fernando Henrique Cardoso e o incremento da descentralização automotiva movida à guerra fiscal impactaram intensamente o coração econômico da Província.
A aproximação da Grande Guarulhos no retrovisor da Província do Grande ABC é um novo sinal de alerta aos dirigente públicos e privados que insistem em desdenhar a quebra da riqueza regional. Cultua-se um proselitismo otimista como forma de disfarçar a inapetência generalizada de reagir de forma coordenada à tempestade contínua em forma de enfraquecimento absoluto e relativo da economia local.
Acompanhar atentamente o movimento da Grande Guarulhos é uma forma de medir até que ponto a Província do Grande ABC segue embalada pelo passado que não volta mais. O deslocamento da produção de riquezas em direção à Grande Osasco já foi um golpe fortíssimo na mandíbula econômica da Província. A Grande Guarulhos seria o complemento de um desastre anunciado e jamais suficientemente interposto por medidas corretivas.
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21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?