A velocidade média de crescimento do potencial de consumo dos cinco municípios da Província do Grande ABC incluídos no G-20, grupo formado pelos 20 endereços mais ricos do Estado, exceto a Capital, é 7,33% inferior a dos demais integrantes, localizados principalmente no Interior do Estado. A diferença se consolidou entre 1995 e 2013, conforme medição do IPC Marketing, empresa especializada nessa variável do PIB (Produto Interno Bruto) que foca diretamente o acumulado de riqueza disponível para consumo da população cada temporada. Quando o confronto monetário dos municípios da região é com o Estado de São Paulo, as perdas relativas ultrapassam a 17%. Já a disputa monetária com o crescimento médio do potencial de consumo do Brasil no período é uma covardia: a defasagem chega a 44%.
O resultado não surpreende porque o PIB dos 15 municípios do G-20 não situados na Província do Grande ABC teve comportamento relativamente semelhante durante o mesmo período. A correlação entre Produto Interno Bruno e Potencial de Consumo não é necessariamente linear, ou seja, os números não são compulsoriamente semelhantes em intensidade num mesmo período de comparação. Novos endereços que conhecem desenvolvimento econômico principalmente em forma de investimentos em produção industrial requerem determinado espaço de tempo para maturação e internalização da riqueza produzida em forma de salários, rendimentos, aluguéis e outros quesitos que estruturam riquezas dos moradores.
Sem considerar a inflação do período que vai de 1995 a 2013, os cinco municípios da Província do Grande ABC que integram o G-20 (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá) cresceram 392,08% em potencial de consumo – somavam R$ 10.870 bilhões e passaram a R$ 53.494 bilhões. Já os demais 15 municípios do agrupamento (Barueri, Campinas, Guarulhos, Jundiaí, Mogi das Cruzes, Osasco, Paulínia, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba, Sumaré e Taubaté) avançaram 423,10%. Aí é que se estabelece a diferença de 7,33% na velocidade de crescimento.
Derrotas fragorosas
Há distâncias abissais entre alguns dos municípios do G-15 (os municípios do G-20, excluídos os cinco da Província) e os números gerais dos representantes da região. Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo, que reúne no setor de serviços a principal alavanca de desenvolvimento, cresceu entre 1995 e 2013 a velocidade 37,72% superior a dos cinco municípios da Província. Sorocaba avançou 18,54% acima da média dos cinco municípios locais, enquanto Sumaré chegou a 61,01%. Sorocaba e Sumaré ganharam muitos reforços no setor automotivo, entre outras atividades industriais. Reforços em forma de montadoras e autopeças que, principalmente, deixaram ou reduziram participação na Província do Grande ABC.
O pior desempenho do G-5 da região no interior do G-20 é de São Caetano: nos 18 anos que abrangem os estudos, avançou nominalmente 338,26% em potencial de consumo. Uma das explicações é que São Caetano já opera em patamares elevados no quesito. Outra é que a concentração de produção de riquezas em poucas empresas, casos da General Motors e do terminal petroquímico, limita o poder de espalhamento de riqueza dos moradores. Santo André vem em seguida na tabela do potencial de consumo do G-5 com 380,94%, São Bernardo com 389,84%, Diadema com 419,17% e Mauá com 469,89%.
O conjunto dos 20 municípios desse agrupamento criado por CapitalSocial para avaliar o desenvolvimento econômico e social da Província do Grande ABC em confronto com os principais endereços do Estado gerou em 2013 o total de R$ 213.783 bilhões em potencial de consumo medido pelo IPC Marketing. Um crescimento nominal de 431,30% no período, já que em 1995 o valor global atingiu R$ 40.237 bilhões. Quando esse resultado é confrontado com a média de 392,08% registrada pela Província do Grande ABC, a vantagem é de 9,09% favoráveis ao G-20.
Perdas paulistas
Os resultados do G-20 e também do Estado de São Paulo não escondem a perda do tônus de desenvolvimento econômico dos paulistas no período, atingidos principalmente pela guerra fiscal. O potencial de consumo paulista nesses 18 anos de medição do IPC Marketing avançou em termos nominais 473,41%, acima portanto dos números alcançados pelo G-20 (423,10), ao passar de nominais R$ 146.257.680 bilhões para R$ 838.659.987 bilhões. Entretanto, quando a comparação é com o resultado do Brasil como um todo, os vazamentos de riqueza dos paulistas aparecem claramente: o conjunto da população brasileira apresentou crescimento monetário nominal de potencial de consumo entre 1995 a 2013 de 701,52%. Ou seja: 32,51% acima da média paulista e 39,69% sobre o G-20. Na comparação com os cinco municípios da Província incluídos no G-20, a diferença do desempenho monetário favorável ao Brasil é de 44,10%. Não é por outra razão que, como explicamos em texto produzido ontem, a Província ganha cada vez mais a cara socioeconômica do Brasil. Quando o confronto é com o Estado de São Paulo, o G-5 regional perde 17,17% em valores monetários.
Como resultados desses números, a participação relativa do G-20 no potencial de consumo do Estado de São Paulo caiu de 27,51% em 1995 para 25,49% em 2013. Já no confronto nacional, o G-20 representava 10,74% do bolo de potencial de consumo na largada da pesquisa, mas caiu para 7,12% em 2013. O Estado de São Paulo contava com participação nacional em potencial de consumo de 39,06% em 1995, e caiu para 27,95% 18 anos depois.
Essa quebra de valores relativos, que significa que os paulistas não acompanham mais o ritmo de agregado de valor da média brasileira, desaconselha estudos que construam teses seletivas que dão conta apenas do território regional e do território bandeirante. A perda de potencial de consumo no Estado de São Paulo dos cinco municípios da Província do Grande ABC apresenta uma linha mais tênue do que quando diante dos números nacionais. Os R$ 10.870 bilhões de potencial de consumo do G-5 regional em 1995 equivaliam a 7,43% dos valores de potencial de consumo no Estado de São Paulo e a 2,90% no território nacional. Já em 2013, os R$ 53.494 bilhões do G-5 regional significavam 6,38% no Estado de São Paulo e 1,78% do País. A queda de participação relativa do G-5 regional entre os paulistas foi de 14,13% no período, ante rebaixamento de 38,62% sob o mesmo critério em âmbito nacional.
Não foram poucas as situações em que espertalhões estatísticos apareceram na Província do Grande ABC para lustrar as botas dos mandachuvas de plantão e ignoraram o movimento das águas nacionais ao pretenderem provar o impossível, ou seja, que a região não passou por processo de desindustrialização tanto em números absolutos como em números relativos. Esses estudiosos escolhiam cuidadosamente geografias e metodologias.
No caso do potencial de consumo gerenciado estatisticamente pelo IPC Marketing, não há registro de perda dos representantes da Província em números absolutos, mas uma inegável flacidez de crescimento quando em confronto com outros territórios. Um claro indicador de que a desindustrialização dos anos 1990, principalmente, não contou com respaldo de um setor de serviços agregador de valor como fonte compensatória à geração de riquezas.
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