Economia

São Bernardo perde vitalidade
na geração de classe média-alta

DANIEL LIMA - 11/04/2014

É um desastre a participação da classe média-alta de São Bernardo após a implantação do Plano Real e de políticas agregadas de mudanças macroeconômicas no País.  Já revelamos o quanto a Capital Econômica da Província do Grande ABC sofreu na geração de famílias de classe rica e também na soma de famílias de classe média-alta e média-baixa. Mas os números específicos dos classes média-alta são estarrecedores, quando comparados ao conjunto da população.


 


Nos últimos 15 anos, contados entre 1998 e 2013, a velocidade de crescimento de participação da classe média-alta não chegou a 10% (9,70%), significativamente inferior à média brasileira, de 57,36%.


 


A situação da Província do Grande ABC não é tão grave quanto a de São Bernardo na criação e absorção de classe média-alta porque Diadema e Mauá registraram números satisfatórios, com velocidade respectivamente de 59,05% e 53,09%. Santo André ocupa o segundo lugar no ranking regional de pior desempenho, com velocidade de avanço de classe média-alta em relação à população geral de 37,29%. São Caetano vem a seguir com 47,86%. 


 


Houvesse por parte dos administradores públicos de São Bernardo ao longo dos últimos anos preocupação de fato com o equilíbrio social, reflexo de politicas de desenvolvimento econômico combinadas com qualidade de vida, a situação do endereço municipal mais importante da Província do Grande ABC não teria chegado a tanto. A quebra da vitalidade de famílias de classe rica, de classe média-alta e de classe média-baixa é mais que um sinal, é um alarme de que há muita coisa a ser reconstruída na outrora líder de mobilidade social no G-20, o grupo dos 20 maiores municípios do Estado de São Paulo.


 


Do primeiro ao sétimo


 


Como no caso dos estudos que associaram os números de famílias de classe média-alta e classe média-baixa, também na especificidade de classe média-alta São Bernardo despencou para o sétimo lugar no ranking do G-20. Os números já esmiuçados por CapitalSocial, sobre a participação da classe de famílias ricas e conjuntamente de famílias de classe média-alta e classe média-média foram analisados tendo como base 1995, o ano seguinte ao Plano Real, e 2013. Já os números de classe média-alta começaram a ser separados de classe média-média em 1998. O recorte é importante porque há fortes diferenças entre os valores que caracterizam famílias de classe média-alta e de classe média-média.


 


Em 1998 São Bernardo contava com 14,85% de famílias de classe média-alta. Os dados são do potencial de consumo do IPC Marketing e Editora, empresa que mede o quanto a população de cada Município tem de acumulado de dinheiro para gastar numa temporada. Já no ano passado a participação relativa chegou a 16,29%. O crescimento de 9,70% contrasta com os números nacionais. A média brasileira saiu de 6,45% e chegou a 10,15%. É verdade que está distante dos números de São Bernardo, mas mostra espécie de reviravolta em andamento. O Brasil, que cresce de forma medíocre há décadas, consegue superar largamente os números de São Bernardo e da Província do Grande ABC como um todo.


 


Quando os números de São Bernardo são confrontados com o desempenho do Estado de São Paulo, as diferenças ficam mais patentemente estreitas. Em 1998 os paulistas apresentavam 9,10% de famílias de classe média-alta no conjunto da população. Já em 2013 avançou para 13,30%. A velocidade de crescimento no período foi de 46,15%. Com isso, a diferença entre os resultados de São Bernardo e dos paulistas caiu de 38,72% para 21%.


 


Quem lidera o ranking de maior participação de classe média-alta no conjunto da população entre os integrantes do G-20 é São Caetano, que registrou em 2013 o total de 21,75% de domicílios nessa situação. Ou seja: de cada cinco moradias de São Caetano, uma é ocupada por família de classe média-alta. Santos vem logo a seguir com 19,20%. Apesar de apresentarem, na região, o maior crescimento de novas famílias de classe média-alta nos últimos 15 anos, Diadema e Mauá ocupam as duas últimas posições no G-20.


 


Em números absolutos, os domicílios de classe média-alta da Província do Grande ABC em 1998 totalizaram 66.481 famílias, que representavam 11,50% do conjunto dos cinco municípios locais inseridos no G-20. Já em 2013 eram 124.443 famílias de classe média-alta na região, com participação de 14,90% do conjunto da população. A velocidade de crescimento atingiu 29,56%. Já o G-20, contando inclusive com os cinco representantes da Província, avançou na participação da classe média-alta no período 41,12%, ao sair de 10,70% em 1998 e chegar a 15,70% em 2013. Eram 238.462 famílias de classe média-alta e passou a 523.155.


 


Ou seja: quando em confronto com municípios conjuntamente assemelhados, os cinco representantes da região no G-20 perdem duramente na geração e na absorção de classes médias-altas. Nada mais natural: o eixo do desenvolvimento econômico, comprovado pelo PIB, deslocou-se em direção a várias geografias. A Província do Grande ABC deixou de ser exemplar de centro gravitacional de mobilidade social do Estado de São Paulo e do Brasil.


 


Agora, o ranking de participação de famílias de classe média-alta no conjunto da população:


 


1. São Caetano,21,80%


2. Santos, 19,20%


3. Jundiaí, 18,10%


4. Paulínia, 17,80%


5. Campinas, 17,40%


6. Santo André, 16,60%


7. São Bernardo, 16,30%


8. Ribeirão Preto, 16,29%


9. Piracicaba, 16,00%


10. São José dos Campos, 15,50%


11. Sorocaba, 15,20%


12. Sumaré, 12,20%


13. São José do Rio Preto, 15,10%


14. Taubaté, 14,80%


15. Osasco, 14,10%


16. Mogi das Cruzes, 13,40%


17. Barueri, 11,80%


18. Guarulhos, 11,50%


19. Mauá,10,90%


20. Diadema, 10,40%


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