Economia

Província mostra fragilidade, mas
sustenta quinto lugar em consumo

DANIEL LIMA - 24/04/2014

Pelo quarto ano consecutivo a Província do Grande ABC, formada por sete municípios e 2,7 milhões de habitantes, manteve o quinto lugar no Campeonato Brasileiro de Potencial de Consumo, como pode ser definido o ranking preparado pela IPC Marketing e Editora, empresa especializada na medição dessa espécie de PIB (Produto Interno Bruto) de acumulação de riqueza financeira. O resultado representa a sequência de uma marcha de esvaziamento econômico pautado pela desindustrialização. A Província posicionou-se durante muitos anos em terceiro lugar, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro, mas desde 1995, logo após o Plano Real, registra perda relativa de 38,56% no quadro nacional.


 


O quinto lugar mantido mais uma vez pela Província do Grande ABC, ou G-7, desconsidera geografias assemelhadas que sustentam territorialidade própria. A Província do Grande ABC ingressa com destaque no ranking de potencial de consumo porque é a soma de todos os municípios locais, como se fosse um megamunicípio. Os quatro primeiros colocados do ranking (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte) são capitais e individualizadas na avaliação de CapitalSocial.  Caso Salvador, Curitiba e Porto Alegre, sexta, sétima e oitava, fossem tratadas igualmente e incorporassem as respectivas áreas metropolitanas, a Província do Grande ABC seria deslocada à oitava posição. Mais cairia ainda se também fosse unificada a área da Grande Campinas, entre outros territórios próximos entre si e integrados por municípios interdependentes economicamente.


 


Mesmo assim, ou seja, sem contabilizar as áreas metropolitanas nas quais estão inseridas em posição de liderança econômica, Salvador, Curitiba e Porto Alegre emitem sinais de que podem ultrapassar a Província do Grande ABC no futuro próximo, como o fizeram Brasília e Belo Horizonte. A distância a separar o conjunto de municípios da região e esses concorrentes se reduz a cada ano.


 


Menos que inflação


 


Nesta temporada, segundo estudos da IPC Marketing e Editora dirigida pelo especialista Marco Pazzini, a Província do Grande ABC reúne potencial de consumo de R$ 57,793 bilhões. O valor monetário é apenas 2,86% superior ao registrado no ano passado (R$ 56,18 bilhões), ou seja, inferior à inflação do período, que, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 5,91%.


 


São Paulo continua a liderar o Campeonato Brasileiro de Potencial de Consumo com 8,8197%, seguido a distância pelo Rio de Janeiro (5,0343%), Brasília (2,1667%) e Belo Horizonte (1,8126%). A Província do Grande ABC é a quinta colocada com 1,7716%, índice inferior ao 1,8721% registrado no ano passado.


 


O desempenho do potencial de consumo no Brasil entre o ano passado e este ano revela as fragilidades sistêmicas da Província do Grande ABC desde que a desindustrialização deu os primeiros sinais de alerta no final dos anos 1980 e se intensificou nos anos 1990. No ano passado o Brasil registrou potencial de consumo de R$ 3,001 trilhões, ante 3,262 trilhões previstos para esta temporada. Um avanço de 8,70%, pouco acima da inflação. A Província avançou nominalmente apenas 2,86% no mesmo período.


 


Mauá lidera perda


 


Individualmente entre os cinco municípios mais importantes da Província do Grande ABC que integram o G-20, o grupo dos 20 endereços municipais mais relevantes do Estado de São Paulo, quem mais perdeu foi Mauá. Ao se comparar o desempenho do potencial de consumo deste ano com o do ano passado, Mauá sofre queda de 10,93% no índice de participação, de 0,2396% para 0,2134%. Santo André perdeu 5,06% (de 0,5567% para 0,5285%), São Bernardo perdeu 6,08% (de 0,6251% para 0,5871%) e Diadema perdeu 3,78% (de 0,2166% para 0,2084%). São Caetano foi a única representação regional a registrar avanço, mesmo assim discreto: cresceu do ano passado para este ano 0,82% (de 01445% para 0,1457%).


 


Quando se avaliam números históricos da participação individual dos municípios da Província do Grande ABC, a disputa é acirrada entre Santo André, São Bernardo e São Caetano pela liderança de perdas acumuladas desde 1995. São Caetano está à frente com queda de 41,95% em relação ao desempenho brasileiro, São Bernardo vem em seguida com 41,52% e Santo André em terceiro com 39,60%. Diadema e Mauá, outros municípios que integram o G-20, também vão mal: Diadema caiu 35,34% em participação relativa desde a chegada do Plano Real e Mauá 33,52%.


 


No conjunto, os cinco municípios da Província que fazem parte do G-20 contavam com potencial de consumo de 2,7733% em 1995, contra 1,6831% nesta temporada. Uma queda de 39,31%. Quando se acrescentam Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, os números da Província são levemente diferentes: passam de participação coletiva de 2,8835% em 1995 para 1,7716% em 2014. Queda de 38,56%.


 


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