Está completando um ano hoje uma inovação no jornalismo brasileiro: o Observatório de Promessas e Lorotas. Trata-se de inovação desta revista digital que mede até que ponto se distanciam promessas e lorotas das realidades práticas dos gestores públicos dos sete municípios da Província do Grande ABC. O prefeito de Santo André, Carlos Grana, somou novos 20 pontos nos últimos meses e lidera folgadamente o ranking. Tem quase o dobro de pontos do vice-líder, o também petista Luiz Marinho, de São Bernardo.
O Observatório de Promessas e Lorotas é mais que uma métrica intocável do comprometimento dos anúncios de obras e medidas administrativas dos prefeitos da região. É um modelo de jornalismo que releva a subjetividade crítica e prioriza a materialidade analítica fundamentada em informações dadas de bandeja pelos próprios dirigentes públicos.
Provavelmente o OPL seria descontinuado ou estaria bastante debilitado em volume caso a gestão pública no País contasse com medidas restritivas legais. Uma espécie de Lei de Responsabilidade Informativa possivelmente colocaria fim ou reduziria drasticamente o estoque de promessas e lorotas preparado por marqueteiros na contramão das expectativas de uma sociedade cansada de frustrações.
Vitória da independência
Ao completar um ano de atividades, o Observatório de Promessas e Lorotas já se pode considerar vitorioso, inclusive por ter sido olimpicamente ignorado pela mídia regional geralmente servil aos poderosos de plantão. Uma incursão atenta pela cronologia dos registros prova que a diarreia foi contida nos últimos meses. Exatamente na medida em que a massificação do OPL se cristalizou, principalmente entre os formadores de opinião e também os adversários políticos.
Tanto houve contenção de delírios em forma de programas de governo que apenas três registros se deram nos últimos meses, dois dos quais de Carlos Grana e um do prefeito de Diadema, Lauro Michels. Com os dois novos casos, Carlos Grana ampliou a liderança com 820 pontos, seguido de longe por Luiz Marinho com 450. Donisete Braga, de Mauá, segue na terceira colocação com 150 pontos de passivo, contra 120 pontos do quarto colocado, Lauro Michels. O quinto colocado é o prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro, com 110 pontos. Gabriel Maranhão, de Rio Grande da Serra, soma 50 pontos e só perde para Saulo Benevides, de Ribeirão Pires, com 30 pontos negativos.
As duas novas inserções na contabilidade negativa do prefeito Carlos Grana se referem à transformação da Avenida dos Estados em novo corredor industrial e a construção de uma nova unidade escolar nos próximos dois anos. O prefeito Lauro Michels, de Diadema, prometeu construir um parque linear às margens da Represa Billings. Exceto o parque industrial da Avenida dos Estados, não são promessas nada inatingíveis. Já o parque industrial chegou a ser cogitado à categoria de lorota, mas como não é uma proposta absurda, embora destrua o Eixo Tamanduatehy segundo as concepções legadas pelo então prefeito Celso Daniel, deixei mesmo como promessa.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)