Economia

Muitos desafios
esperam por Piva

DANIEL LIMA - 05/09/1998

O novo presidente do Sistema Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Horário Lafer Piva, que toma posse em 26 de setembro, terá combates em várias frentes para tentar quebrar a tendência de fragilização política da indústria após a abertura econômica pelo governo Collor. Por mais que o presidente licenciado Carlos Eduardo Moreira Ferreira tenha feito, numa sequência de ações externas que procuraram, entre outras mudanças, apressar a reforma tributária, sua administração acabou recebendo críticas veladas ou explícitas dos dois candidatos que concorreram à direção do conglomerado -- o vencedor Piva e o perdedor Joseph Couri. A história pode se repetir com Piva, já que são muitas e complexas as dificuldades que atingem a indústria.


 


A realidade é que o Sistema Fiesp/Ciesp esboroa-se politicamente em termos regionais, estadual e federal. Já se foi o tempo em que a pirâmide da Avenida Paulista conectava-se diretamente com o Palácio do Planalto. As representações do Ciesp no Grande ABC são institucionalmente limitadas. É verdade que reagiram nos dois últimos anos, mas mesmo assim estão longe do ideal. Passaram a atuar recentemente em conjunto, mas só para questões técnico-operacionais. Como Fausto Cestari, diretor titular do Ciesp Santo André, faz parte da chapa vencedora, é possível que a relação com a Paulista seja incrementada.


 


Neto de um dos fundadores da Fiesp, Horácio Lafer, ex-ministro de Getúlio Vargas, e filho do atual senador, Pedro Piva, Horácio Lafer Piva terá de driblar dificuldades internas para superar a fragmentação da Fiesp. A abstenção do Sindicato das Indústrias de Máquinas no pleito do final do mês passado é sintomática de possível contaminação de ideais libertários. Os industriais do setor querem criar a Febramaq, que reuniria em âmbito nacional todas as empresas da área. Uma possibilidade que ganha adeptos à medida que se constata que a tradicional formulação da Fiesp torna-se obsoleta na atual conjuntura, já que reúne sindicatos cujos interesses se chocam no jogo da globalização, que estreita espaços a propostas de protecionismo.


 


Piva ganhou as eleições no Ciesp com 2.845 votos, contra 853 destinados a Couri. O vencedor foi o preferido em todas as unidades do Grande ABC. A eleição para a Fiesp, que reúne os sindicatos, já estava decidida bem antes das eleições. Dos 120 sindicatos, Piva contou com apoio de 108, contra 11 de Couri e a abstenção da nascente Febramaq.


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