A exclusão empresarial no Grande ABC, denunciada na edição de abril por LivreMercado, confirma-se por novos dados estatísticos. Do total de US$ 9,5 bilhões de investimentos anunciados para o Grande ABC entre 1995 e maio deste ano, três quartos têm origem no capital multinacional, sobretudo nas montadoras de veículos, e a quase totalidade do restante pertence a empresas de grande porte de capital nacional.
O quadro de exclusão empresarial é uma face de terror para empreendedores de pequeno porte da região. Significa de forma prática a marginalidade econômica. A grande maioria das empresas não consta do universo de fornecedores das grandes corporações, que cada vez mais enxugam o número de quem as abastece para enfrentar os níveis de produtividade exigidos pela globalização.
Em abril deste ano LivreMercado mostrou o outro lado de uma interpretação ufanista do Caderno de Pesquisa Nº 2 da Agência Regional de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, apresentado no final de março em Santo André. O estudo se refere a levantamento feito em 1996 com base nas atividades industriais da região durante o período 1994-1996. LivreMercado alertou sobre o preocupante Muro de Tecnologia que separa as indústrias da região.
De um lado está o contingente restrito mas poderoso de grandes e médias empresas, principalmente as relacionadas ao setor automotivo, que investem em tecnologia de produtos e de serviços para enfrentar a globalização. De outro lado está o numeroso séquito de pequenas empresas absolutamente desconectadas das grandes transformações por que passa o setor industrial, no qual produtividade rima com competitividade.
O estudo da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análises de Dados) revelava com ênfase que cerca de um terço das unidades industriais da região pertencia em 1996 a empresas que realizaram algum tipo de inovação de produto ou de serviço no período de 1994 a 1996. Embora essas unidades representassem apenas 35% do número total, o peso de sua participação econômica na região é bastante significativo: cerca de 80% do Valor Adicionado da indústria local originaram-se dessas unidades. O estudo minimizava a grande maioria dos 65% do universo produtivo da região à margem do processo de inovação.
Indústria no Interior
Os números apresentados no mês passado pelo governo do Estado, com base em novos estudos da Fundação Seade, referem-se aos investimentos financeiros desde a posse do governador Mário Covas. Foram US$ 100 bilhões atraídos para o território paulista até maio último. Pela pesquisa, a Região Metropolitana de São Paulo, incluindo o Grande ABC, concentrou 32,1% dos investimentos, contra 16% da Grande Campinas, 11,2% do Vale do Paraíba e 4,3% da Baixada Santista. O setor industrial vai absorver 61% dos investimentos, contra 31,6% dos serviços e 6,2% do comércio.
Os dados confirmam o fortalecimento da mancha econômica formada pela RMSP e seu entorno, que concentraram quase três quartos (73,62%) dos investimentos industriais. Já no setor de serviços a predominância da Grande São Paulo manteve-se elevada, com a recepção de 45,19% dos recursos. As regiões de Campinas, São José dos Campos, Santos e Sorocaba, que completam a expandida RMSP, captaram mais da metade (56,36%) do total investido no Estado.
O relatório confirma a descentralização industrial do Estado. Apesar do crescimento do setor na RMSP, com 15,2% dos investimentos, os recursos para as linhas de produção tiveram significativa elevação em regiões do Interior, como Campinas (13,7%) e São José dos Campos (10,5%). A Região Metropolitana de São Paulo prevalece nas áreas de comércio e serviços, com 50% dos investimentos anunciados pelo Seade com base em matérias de jornais e revistas paulistas. O setor imobiliário dominou os investimentos na Grande São Paulo, com US$ 6,8 bilhões no período da pesquisa.
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